Novela e futebol

Novela e futebol, quando eles são interrompidos é porque a coisa é séria. No apagão de 2001, o capítulo da novela foi repetido no dia seguinte, tamanha a abrangência do descaso energético em todo o país e a importância daquele pedaço de entretenimento. Agora, nas cheias do Rio Grande do Sul, o campeonato de futebol foi interrompido por duas semanas. São as medidas da gravidade de um país que ainda depende do circo para combater a fome do pão. Mesmo ficando sem novela e sem futebol, não aprendemos a cuidar melhor do ambiente e das formas de obter e distribuir energia elétrica para que todos possam se divertir um pouco. Os colapsos energéticos em menor extensão continuaram, pois sempre tem uma turbina falhando e uma torre de alta tensão caindo. As chuvas serão cada vez piores, ou melhor, cada vez mais drasticamente intercaladas com períodos de seca, o que caracteriza o antropoceno em que vivemos com eventos climáticos extremos. Mas tudo parece letra morta e palavra surda, pois ninguém lê ou escuta. Uma novela difícil de chegar a um final feliz.

Há muito tempo não acompanho novelas, mas não deixo de saber algumas tramas televisivas por estarem sempre sendo noticiadas nos sites de notícias que visito, à revelia. E falo de sites e espaços sérios, não os propagadores de fake news. Acompanho algumas séries, boa parte versão moderna do que chamávamos enlatados norte-americanos, mas o tempo não é tão grande quanto gostaria. Além disso, para mim é difícil se dedicar a alguma atividade cultural apenas por entretenimento. Busco por detalhes nas cenas e roteiros, às vezes fazendo pesquisa aprofundada, o que não é somente passatempo. As séries que tratam de aspectos científicos, por óbvio, são as que mais demandam o escasso tempo. Descobri que até peritos criminais usam dicas lá apresentadas para ajudar na elucidação de crimes. Há muita imprecisão, pois continua a ser ficção, mas é interessante fazer algumas reflexões quando assuntos bem próximos à realidade surgem. Porém, é um jogo que dificilmente sai do empate.

Nos esportes, o único que eu praticava era a corrida, antes dos joelhos se revoltarem e darem um basta em flexões e impactos constantes. Passei a ser um admirador das bolas rápidas, do tênis e do vôlei, porque a pelota do futebol é sonífera. Mas não brigarei com os milhões de fãs do ludopédio, pois a luta seria inglória e nem Lima Barreto conseguiu efetivar sua Liga contra o Futebol. Ele tinha outros motivos, pois um século atrás era esporte de elite e somente de brancos. Hoje parece que o mundo está se rendendo a mais um negro craque de bola e Vini Jr tem grandes chances de ganhar a Bola de Ouro como melhor jogador, apesar de todo o preconceito que sofre em campos europeus. Enalteci o tenista sérvio Djokovic (https://adilson3paragrafos.blogspot.com/2020/09/simpatia-para-empatia.html), mas sua posição anti-vacina durante a pandemia foi decepcionante o que me fez torcer contra, vejam só! Porém, o quase aposentado brilha nas quadras e fez dois jogos de mais de 4 h de duração com alta resiliência e resistência, seguia firme em Roland Garros, mas abandonou antes da partida contra Casper Ruud por identificar uma lesão no joelho. Pena, pois poderia ter chegado à final. Torcida? Sim foi para o jovem vencedor Carlos Alcaraz, que parece um novo Rafael Nadal.