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Mostrando postagens de março, 2021

Mentira dupla

A mentira no Brasil é tão grande que são necessários dois dias consecutivos para dela se lembrar. Os comentários para os jornalões sobre a efeméride foram infrutíferos, preteridos; seguem aqui, portanto. Na mesma semana, o humor negro da troca de seis por meia dúzia nos altos escalões palacianos não esconde as múltiplas tragédias em que vivemos - e morremos - simultaneamente. Escrevi sobre as verdadeiras diretrizes médicas no combate às doenças e os limites impostos pela ética médica, artigo elogiado por quem é da área de atendimento à população, mas de conteúdo ignorado por quem mais precisa. Saiu em nosso Boletim Anti-Covid e também no blog a ele relacionado ( https://bacunesprc.blogspot.com/2021/03/limites-da-autonomia-do-medico-e-do.html ). Há muito que a ciência desconhece na dinâmica e no combate à covid-19, mas agir com base na ignorância, virando as costas ao conhecimento que foi construído, é despir-se da nossa condição humana mais fundamental: a solidariedade, especialmente c

Lógicas inconscientes

Acontecimentos, cimentos para a conta. Junção de palavras, poéticas que sempre foram, leva a aglutinar as coisas&causos no intento de forjar um encadeamento, uma lógica para o corrente, não libertário, dos dias. O dia mundial da poesia foi comemorado em 21 de março, o da água no dia seguinte. E fizemos reunião da Academia de Letras de Lorena no sábado, 20, virtual, tal qual a situação exige, e de sucesso, uma vez que temos a Neide Arruda de Oliveira como presidente. Quanta diferença faz ter em um cargo de responsabilidade quem quer trabalhar pelo conjunto, pelo grupo. O bom exemplo vem de cima e o mau está vindo de todos os lados. Após um ano da reclusão total, com as saídas reduzidas ao mínimo ainda que necessário, a mente não funciona como antes. Podemos acreditar que criamos instrumentos de sobrevivência, e assim o fizemos na inglória luta contra o vírus e quem o dissemina. Há que se considerar as perdas, mínimas e máximas, que aconteceram e continuam em curso. Sairemos outros d

Lutos e lutas

Luto é o tema do Lugar de Fala da revista CULT ( https://revistacult.uol.com.br/home/colunistas/lugar-de-fala/ ). Escrevamos, enquanto a solução não vem para tentar aplacar a dor da existência, incapazes na execução de qualquer coisa que combata o momento atual. Luto para não desabar, um luto para se questionar, até para nele obter forças para continuar a viver. E a lutar. A palavras é batida, o sentimento, abundante. A dupla significação também cansou um pouco, mas insisto. Beirando as 300 mil mortes, boa parte evitável, nos abate profundamente o caos em que a condução da pandemia se alastra. Pessoas queridas de pessoas queridas estão sofrendo. As faixas pretas institucionais penduradas em edifícios passaram a ser perenes, apenas mudando o número lá registrado. O Boletim Anti-Covid da Unesp de Rio Claro se aproxima de um ano de existência e lembrou o também primeiro aniversário dos primeiros casos de Covid-19 no Brasil, a primeira morte e o início do sistema on-line de aulas nas unive

Oito como símbolo

O dia foi 8 de março e somente oito vezes a palavra mulher figurou neste blog, desde quando migrou para o novo endereço, há três anos. Pouco, reconheço. A semana é dedicada à luta das mulheres por espaços, reconhecimento, sobrevivência. O de março induz semelhança ao de outubro. O Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas fez reunião inaugural exatamente nesse dia e o presidente Fernando Abrahão me convidou a ler um breve texto, de também três anos atrás, para a audiência virtual. Ei-lo: "o dia não é de flores, pois representa os espinhos colhidos pelas mulheres em sua constante luta para reivindicar questões fundamentais, como a da própria existência em serenidade. Não há desculpas para o mundo misógino em que vivemos. De imediato, procurar o respeito ... e nada como principiar pelas mulheres de nossas vidas. Mães, irmãs, esposas, filhas, tias, primas, cunhadas, professoras, alunas e ex-alunas, amigas, colegas, cada qual com suas batalhas, frustrações, abdicações,

Vícios da linguagem

Informação e conhecimento são matérias viciantes. Aprender não pode ser assunto árduo e o deleite do sabor do saber precisa ser apreciado. Os tempos atuais assim requerem. Mais do que isso, exigem. A ignorância tem imperado como política oficial, nunca é demais repetir, e conhecimentos dos mais fundamentais foram substituídos por teorias alucinadas da conspiração e um explícito negacionismo que, além de inescrupuloso e vergonhoso, é mal intencionado. A vítima primeira é a verdade, seguida dos que sucumbem por total falta de empenho e empatia. A Unesp tem feito contribuições significativas para mitigar a desinformação e nosso Boletim Anti-Covid é um desses canais ( https://sites.google.com/unesp.br/boletim-anti-covid-19/ ). A mesa-redonda virtual "Fake news: Desinformação e Covid-19 - A doença que fragiliza o sistema de saúde" foi transmitida pelo canal da Universidade, com a participação do professor da Unesp Francisco Belda, estudioso do fenômeno da desinformação, do médico