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Mostrando postagens de agosto, 2020

Ambiente favorável à contestação

Foram mais, bem mais de dez vezes que usei os textos de Washington Novaes como base para meus argumentos, especialmente em missivas e artigos com conteúdo sobre meio ambiente. Assisti a alguns programas e reportagens que ele conduziu na tv, mas era o Estadão minha fonte principal de suas opiniões. Seus artigos eram recheados de citações e referências baseadas em estudos técnicos e científicos, o que enriquecia o argumento e motivava a leitura e até a concordar com ele. Nem sempre, é claro, e pude tecer alguns parágrafos de crítica e elogios, ora publicados no espaço dos leitores, ora em meu blog anterior. Ele me respondeu diretamente algumas vezes. Essa fundamentação foi o que interessou o então Diretor da Escola de Engenharia de Lorena, Prof. Dr. Nei Fernandes de Oliveira Jr, para que escrevêssemos, eu e um colega de departamento, uma matéria explicativa sobre a importância das atividades de pesquisa com bagaço de cana-de-açúcar e outros subprodutos dessa gramínea para submeter a algu

Vida e morte no âmbito universitário

Estava eu aqui com uma tela em branco, de novo, para escrever. Sobram letras, faltam palavras. Antes que elas pudessem morrer de inanição - sim, as palavras precisam ser alimentadas para sobreviver -, passei a juntá-las em algumas frases feitas, os famosos jargões e lugares-comuns, para depois transformá-las em mensagem. Ou melhor, transmutá-las naquilo que segue. A verdadeira imortalidade é a da palavra, pois a mente e o corpo fenecem, como sói ser, mesmo que desenvolvamos as mais mirabolantes possibilidades filosóficas de outras existências para a triste aceitação da inexorável finitude. O algoritmo computacional e internético reflete exclusivamente a natureza do usuário? Toda vez que faço busca no google por algum nome, sem o uso de aspas, o primeiro resultado é sempre o de um obituário. Alguém morreu e tinha aqueles nomes como seus, ao menos em seu registro, em seus documentos. O uso de aspas especifica a busca, pois fica restrita àquele conjunto exato de palavras e naquela ordem.

Certos direitos

Como entender a defesa da arte e da cultura ao mesmo tempo em que se dizem expressamente ser de direita? Arte e cultura são, por definição, revolução, quebra de paradigmas, dar outros significados e leituras para o mundo, incluir tudo e todas as formas de manifestação e de expressão da existência. Ou seja, tudo o que é contrário ao conservadorismo político e intelectual. Mas devem acreditar nisso, pois aí estão. A um ateu seria permitido ser o responsável pelo legado do cristianismo? E seria tratado com naturalidade um pacifista não armamentista lidar com a história e formação do exército e das forças armadas? Para mim soa como atalho para chegar artificialmente a uma posição, aproveitando benesses que o espaço político-partidário fornece e que até ontem era refutado por todos esses 'de direita'. Palavras que são mais do que jogadas ao vento, pois vão ao voto. A prática da pluralidade de opiniões não é passiva e não pode ser condizente com a aceitação da autofagia da sobrevivên

Implosões

Os leitores hibernam ou a chamada para o blog foi parar nos arquivos proibidos das caixas de entrada dos e-mails, o vulgo spam. A semana passada foi a de menor audiência em todos os tempos neste espaço. Se não é para comemorar, é um fato que provoca reflexões. Nas edições do Boletim Anti-Covid (BAC), feito por um grupo de servidores da Unesp de Rio Claro, nos deparamos com tal dilema: escrever para quem? A verificação do número de leitores hoje é feita facilmente por ferramentas simples e constatamos uma baixa eficiência do alto teor de fosfato gasto em comparação com as poucas retinas sensibilizadas com os escritos. Mas defendo que não pode ser essa a única métrica. Além de satisfação pessoal, as ideias e discussões lá - ou aqui - permanecem, afastando-se a possibilidade de implosões. E seguimos, com consciência mais leve e novas sinapses disparadas para outros assuntos para analisar. A edição do BAC desta semana será mais triste por coincidir com o número de 100 mil vidas de brasilei