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Mostrando postagens de outubro, 2023

Oficinas

Em oficinas se aprende e se conserta. Ali se trabalha o ímpeto e os músculos. O concerto pode também ser uma oficina em que a mais bela música é tocada para tocar corações sensíveis. Na oficina mecânica, lugar de visita constante à medida que o veículo envelhece, a prática encontra a realização, muitas vezes longe da teoria, o que pode não ser muito duradouro. O conserto pode ser efêmero, por má fé ou por ignorância. Reparo é outro nome que se dá à proeza, talvez para salvaguardar o executor de cobranças, do qual é exigida a longevidade da peça trocada e do serviço feito. Descubro que um carro de quinze anos de idade é usado o suficiente para que peças de reposição não sejam mais corriqueiramente encontradas, necessitando de encomendá-las pela internet. Sim, o próprio mecânico assim indica, com todas as referências e ressalvas necessárias. Em dois dias o Mercado Livre entregou o produto, o limpador de para-brisas voltou a funcionar, e felizes, eu e o carrinho, seguimos pelas úmidas e c

Clássicos

Ítalo Calvino e a leitura dos clássicos ressurgem como temas literários em função do centenário de nascimento do autor. O livro "Por que ler os clássicos", também um clássico, se afirma não como manual, mas todos os que o leem assim fazem. Eu fui ticando os livros já lidos - os clássicos - e estou bem longe de chegar à metade, se é que há um número determinado de obras assim classificadas. Se viver mais alguns anos talvez dê para cumprir a meta. Não, não deve ser meta a leitura daqueles livros, mas sim a leitura de livros. Dizem que é bom canalizar o tempo para livros bons, mas só sabemos o que é o livro quando a leitura é concluída. Um paradoxo, portanto. Tenho alguns classificados como excelentes que não consegui passar do primeiro décimo de páginas e outros que li em tacada única. Uma resenha ou a indicação de entendidos da escrita pesam no momento de decidir por forçar a leitura, assunto que já refleti aqui ( https://adilson3paragrafos.blogspot.com/2023/01/linda-festa-v

Jogos de palavras

Usar cartas preteridas na composição do blog havia sido uma única vez. Esta é a segunda. Na sequência literária de semana passada, um jornalão da capital paulista passou a perguntar a seus leitores qual é o jeito favorito de ler. Sim, ainda leio os jornalões, quase que por obrigação, mas leio com muito mais ânimo os livros. O que respondi? Três livros simultâneos, um mais denso e outros "leves". Sempre tenho um livro à mão para ler em filas, salas de espera e transporte público. Preferência, é claro, pelo papel, com seu cheiro e volume, mas, se não houver a possibilidade, enfrento o digital sem problemas. Em casa, a leitura acontece mais no sofá e na cama. Livros? Sim, lê-los. Se não lê-los, como sabê-los? Foi até aí a resposta, não considerada pelo jornal, integrando outra missiva esquecida. Assim, tomo-a emprestada em autoplágio para alimentar as repetições do momento, devidas ao calendário, justifico. É véspera de feriado e o público leitor baixa tal qual banhista na praia

Alguma literatura

Dou um puxão de orelha, metafórico para não provocar processo por agressão física ou assédio moral. Mas a coça é em mim mesmo - e talvez não valha a regra repressora. Fato é que não tenho escrito contos, poemas e outras ficções a contento, parecendo que as lutas intestinas de argumentos e decepções não encontram escape fora da realidade e se acumulam na forma de colesteróis, triglicérides, glicose e outros compostos químicos tenebrosos. E não falo de sublime literatura para a escrita, nem de corpo sarado para o físico. Caminhar com a cachorra Indy a meia hora noturna, todo dia, não está sendo suficiente, é o que o exame de sangue friamente revela. Moléculas e palavras para serem liberadas não faltam, o que seria um anestésico dos mais viciantes e desejáveis. Mas o que pressiona é o tempo. Vejam só, duas grandezas físicas das mais usadas na ciência são as que atentam contra a felicidade! Na ciência, pressão e tempo (o do relógio, não o do clima) não aparecem juntos de forma explícita, t