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Mostrando postagens de janeiro, 2020

Escritos de liberdade

Paulo Viana me inquiriu sobre o recente livro de Chico Buarque de Hollanda, "Essa gente". Terminei a leitura semana passada, que foi rápida, mas não indolor. Sem ler resenhas ou outras análises, a primeira impressão são muitas pontas deixadas soltas como estilo da escrita. Senti algo semelhante na leitura de "A glória e seu cortejo de horrores", da Fernanda Torres, ainda que falta uma parte para concluir. "Essa gente" é um protesto evidente ao momento político pelo qual o país está passando na forma de relatos diários, alguns oníricos, outros desconexos. Mas não sou adepto profundo da obra literária do Chico Buarque, preferindo sua música, impecável, por sinal. Li "Fazenda modelo", muito tempo atrás, com a decepção de ser apenas uma adaptação evidente de "A revolução dos bichos", quase que trocando porcos por bois. Mas "Budapeste" é muito melhor, pois é focado em um tema inusitado, muito bem desenvolvido. O ghost-writer, vira

Substâncias da química

A mais bela das ciências. Já fui criticado pelo epíteto, mas dele não abro mão. A essência do universo é a matéria, mas é na interligação dos átomos que se formam as substâncias e, daí, a possibilidade de transformações. A vida é baseada nessa matéria e em suas transformações, ou seja, na química. Algumas substâncias são comuns e de conhecimento e uso constante, como a água, por exemplo, considerada a base da vida, pois é um excelente solvente e com propriedades físico-químicas sem igual dentre outras substâncias abundantes. Quantidade não é qualidade, mas a água consegue juntar as duas, considerando, é claro, o que temos na superfície de nosso planeta. A maior parte das substâncias conhecidas, por outro lado, não é de uso rotineiro e elas causam estranhamento quando são apresentadas relacionadas a fatos do cotidiano. Recentemente veio à tona o envenenamento de pessoas que beberam cerveja e se constatou ser provavelmente resultado da ingestão de dietilenoglicol. A nomenclatura químic

Vertigo

Muito contente com a indicação de "Democracia em Vertigem" para o Oscar de melhor documentário. O filme não é ficção, nem um possível prêmio para o PT ou para Eduardo Cunha, como opinaram articulistas e governistas ao longo da semana em redes sociais e na mídia impressa. É, sim, um alívio para o Brasil poder mostrar ao mundo e aos próprios brasileiros parte de sua história recente. Um documentário se propõe a fazer um recorte, baseando-se em documentos, imagens e depoimentos. O interesse para a obra lançada na metade do ano passado aumentou com a indicação, como também o discurso de ódio dos contrários às verdades ali contidas. Será muito difícil que ganhe o Oscar em função do peso e propaganda dos demais concorrentes - o documentário "American Factory", por exemplo, está sendo patrocinado por Michelle e Barack Obama -,  mas somente a indicação já é grande mérito. Aqui nos acostumamos a valorizar apenas o campeão, mas estar entre os finalistas coloca Petra Costa omb

Impressões

A devastação ambiental é impressionante e global; os holofotes de agora são voltados para os incêndios na Austrália. O período lá é de secas e os fogos são esperados. Mas o aquecimento global está potencializando seus efeitos. Há os que criticam que os ambientalistas que denunciaram os incêndios criminosos na Amazônia se calam agora. Não é verdade. O fato desses ignorantes supostos críticos lerem apenas as notícias que lhes interessam limitam muitos suas fontes de informação. Redes antissociais fazendo seu trabalho de manter as pessoas em suas bolhas e aumentar as trevas sobre o conhecimento! O fato de o Brasil ter sido criticado pelas ações desastrosas desse último ano, em contraponto ao protagonismo que havia alcançado nas práticas um pouco mais sustentáveis de convívio da agropecuária com a floresta, levou os cegos defensores governamentais a cenas grotescas de repúdio a ambientalistas e a tecer comentários ridicularizados mundo afora. Mas, não desanimemos e sigamos em nossas ações

Respostas

O blog existe como espaço próprio de manifestação de opinião, sem a censura que possa haver em outros meios de comunicação, nos quais a publicação ou não é dependente de políticas próprias, concessões e pertinência econômica daqueles veículos. Assim, agradeço aos que leem e comentam aqui. A última postagem de 2019 sobre as festividades natalinas resultou em dois comentários interessantes e enriquecedores, de pessoas que respeito muito, divergentes na essência do que escrevi, levando-me à decisão de lhes oferecer uma resposta. Resposta esta que não tem a intenção de ser definitiva, mas de continuar a discussão. José Alfredo Evangelista fez confirmar meus pressupostos de que o adepto do cristianismo não admite que sua religião é fruto de uma evolução baseada em outras (especialmente o judaísmo), avocando que o único que possa ser portador da verdade seja Jesus Cristo, quando ele próprio, segundo está na Bíblia em todas as centenas de versões existentes, não respondeu a Pôncio Pilatos o