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Mostrando postagens de dezembro, 2022

Silêncio dos culpados

Não é ironia, mas são 72 horas de espera para o início de um novo tempo. Novo rescendendo a velho, pois é a experiência pretérita que dá esperança de um futuro menos tumultuado. Confiança é a palavra a ser usada em substituição a esperança, a partir de agora, mesmo com todas as dúvidas dos novos governos que se instalam democraticamente. Repito, democraticamente. Na composição dessas novas equipes, vemos que o real é longe do ideal, tudo em nome da governabilidade. Uns tendem a aglutinar os ruins para não ficarem piores, outros trazem bons para não serem tão ruins. Política não é aritmética em que basta fazer soma de positivos e negativos. É a arte do possível. Desde o Riocentro não se via armação terrorista em terras brasileiras. Naquela época, militares iriam detonar uma bomba em evento cultural e o tiro, ainda bem, saiu pela culatra, não sem antes eles quererem atribuir à esquerda a responsabilidade do fato. Fiasco criminoso, não devidamente punido, como não foi a própria ditadura m

Pré-Natal

A última data festiva deste ano, muito esperada para ser comemorada, cairá num domingo, mudando pouco para muita gente. Mais do que o Natal, será o Ano Novo a grande festividade, repleta de esperanças. Mas ainda estamos no pré-Natal, com o perdão do trocadilho, e coisas estão nascendo. Em alta velocidade, o Parlamento dá conta de aprovar inúmeros documentos legais e nasce um novo arcabouço orçamentário que acomodará auxílios e investimentos. Assisti a boa parte das sessões finais, lembrando dos tempos de participação em assembleias estudantis e representações em órgãos colegiados na universidade. A minoria sempre tentando marcar posição, voto vencido que é, e a boa maioria sabendo que precisa respeitar opiniões diversas, pois política é a arte do possível, não da distensão. Acabei de ver um vídeo com bebês rindo com os mais simples gestos, mostrando que a espécie humana ainda tem jeito, não fossem os adultos atuais a conduzir as crianças. Estou em falta com muita gente e não será agora

Espaço para a vida

Dei-me conta de várias pessoas importantes para mim e famosas para muitos que nasceram ou morreram em datas que fazem aniversário nestas semanas iniciais de dezembro. Parentes e não parentes também, uns vivos, outros falecidos. Não os apresentarei aqui, a lista seria muito longa e o blog, definitivamente, não é a miniatura do Google. No entanto, apenas resgato Clarice Lispector, que tem a data de nascimento um dia após a de falecimento, distanciadas em meros 57 anos. Pensar que ela viveu apenas dois anos a mais do que eu já vivi! Lembra-me o escritor que tece suas reflexões existenciais sobre o túmulo do pai, visitando-o quando ambos tinham a mesma idade, ou seja, os restos mortais embaixo da terra foram de um ser que viveu o mesmo que o escritor ali, de pé. Poucos dias à frente, o filho estaria mais velho do que o pai morto. Perder um familiar precocemente dá a muitos essa "oportunidade" única de dialogar consigo mesmo sobre efemeridade, singularidade e pequenez da existênci

Vida dourada

As chuvas de quase verão são intensas, deslocadas no tempo e no espaço, mas totalmente previsíveis. Os danos urbanos acontecem como se inesperados fossem, galhos caem e a primeira atitude é retirar mais ainda as parcas árvores existentes. Precisamos de mais vida e não de mais morte. Onde moro, os condomínios invadem as áreas antes destinadas a fazendas, com impermeabilização de solo sem qualquer compensação ou alternativas para o que fazer com a água que continua encontrando seu espaço. Leis que regulamentam o uso do solo são fruto da economia, não da lógica ambiental. Ainda que o mundo político esteja novamente de volta ( https://www.brasil247.com/blog/mundo-politico-de-volta ), a lei da selva de pedra do mais forte monetariamente é a vigente. A especulação imobiliária sempre falou mais alto, pois o que lucra com a valorização de transformar um terreno em edifício não mora naquele lugar, deixando o caos do trânsito e falta de urbanidade para os que creem estarem investimento no patrim