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Mostrando postagens de agosto, 2019

Sistemas

Ele se assina como biólogo e escreve regularmente para a Gazeta de Piracicaba. Afirmou que o aquecimento global causado pela atividade humana não existe. Misturou argumentos de constituição de ecossistemas com a necessidade das plantas de absorver o gás carbônico para viver. Sim, o ciclo do carbono é bem estabelecido e a queima de combustíveis fósseis - que já não mais estavam no ciclo - é que causa o desbalanço. O pior é que trabalhou na USP. A proximidade com o conhecimento de fronteira não foi suficiente para seu enriquecimento científico e cultural. Escreve mal com uma ortografia e sintaxe que exigem um pouco mais de paciência para se fazer entender. Mas possui seu espaço e deve haver os que o leem e o levem a sério. Antes tais despautérios eram sumariamente refutados por comentários de leitores - e eu sou um deles assíduos; hoje, no referido jornal, nem espaço para cartas existe mais. Os cuidados com uma boa revisão do material publicado são assunto de um passado do jornalismo que

Amor pela ciência

O canhão foi combatido pela flor. E o amor venceu. Mas o amor, como a flor, não subsiste sem o cuidado diuturno. Cuidemos da flor e da ciência como cultivamos o amor: de forma constante e em estado de alerta. Defendendo-os, sobreviveremos. Os períodos sombrios que de forma real se abateram sobre nós podem parecer espessos, porém, não são eternos. A névoa negra registrada nesta semana em São Paulo no meio do dia é apenas a materialização da ignorância que impera no comando do país. As queimadas de florestas e outros matos levou resíduos e partículas a se misturarem com o ar já espesso da capital e, mesmo assim, insistem em dizer que é ilusão, que os fatos não podem se contrapor às crenças. O Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq - foi vilipendiado e está sendo defendido pela comunidade científica brasileira e internacional. Por trás do corte e contingenciamento de bolsas está uma operação de destruição em massa. Vemos e pouco agimos. Sim, escrevi um arti

Gosto

Amanhã, 15 de agosto, completam-se os 110 anos da morte de Euclydes da Cunha. Objeto de minha palestra já detalhada aqui na semana passada, Euclydes é o patrono de nossa Academia de Letras de Lorena, que faz seu décimo aniversário. A festa será no sábado, muito bem preparada pela nossa presidente Neide Aparecida Arruda de Oliveira. Haverá posse de novos membros e um programa cultural para comemorar este e outros aniversários. Houve também perdas ao longo dos últimos meses, a mais recente foi a da Acadêmica Maria Luiza Reis Pereira Baptista, ocupante da cadeira cujo patrono é Péricles Eugênio da Silva Ramos, poeta maior de Lorena, que estaria completando 100 anos. Já fiz menção a essas efemérides e comento que há muito mais acontecimentos do que dias no ano e, por isso, coincidências são frequentes. E agosto segue cheio delas. Outro centenário deste ano é o de Primo Levi, comentado tempos atrás, mas com algum resguardo, pois havia frases sobre seu trabalho enviadas para a revista CULT

Sermos, antes de tudo, fortes

Falei sobre Euclydes da Cunha na Academia Campinense de Letras, na segunda, dia 5 de agosto, mas o objetivo primeiro era discorrer sobre as buscas em arquivos para o estabelecimento de seu texto literário. Em noite agradável, com grande afluxo de estudantes da educação de jovens e adultos, faltou uma melhor explanação do que é a obra principal do escritor: Os Sertões. O tempo não era suficiente para uma aula sobre o livro vingador e, portanto, algo ficou falho. Mas espero que os professores lá presentes usem a situação para contemporizar a relevância da obra, seu contexto e por que hoje, mais do que nunca, é tão importante sua discussão e seu entendimento. Procurei, na apresentação, mostrar o inusitado, nas entrelinhas e nas digressões, sobre palavras faltantes e outras equivocadas daquilo que restou publicado da obra de Euclydes. O público alvo eram os Acadêmicos daquela nobre casa do saber e da cultura. Que fiquem aqui e nas redes sociais os comentários para avaliar o quanto falhei.

Químico leve, Primo Levi

Descubro um projeto de extensão universitária da UNESP, contendo uma exposição museográfica batizada de quimiscritor para se referir a Primo Levi. Adoto de imediato o neologismo, mesmo com a ressalva da escritora Ruth Guimarães (madrinha da Academia de Letras de Lorena), que se referia a mim como um poeta que usava a química para ganhar a vida. A essência é a poesia dirão os que se enaltecem e vivem a nobre arte. Se combinada com a mais bela das ciências, o deleite é supremo! O nascimento de Primo Levi - químico e escritor - é mais um dos centenários que se comemoram neste ano, insano ano de 2019. A matéria no site da UNESP fala sobre a obra dele, além de convites à leitura:  https://www2.unesp.br/portal#!/noticia/34866/convite-a-leitura-primo-levi  . Essa combinação de engenho e arte, após Camões, tem servido de nome a projetos e colunas em jornais. E me deparo com exemplos magníficos a todo instante, de Euclydes da Cunha a Anita Leocádia Prestes, de Primo Levi a Franz Kafka. Sim, o