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Mostrando postagens de janeiro, 2024

Literatura da morte

Os comentários às postagens neste blog não são moderados. Essa foi uma prerrogativa desde o início, em outro endereço, que já vai completando seis anos. Apenas quando sinto que há ofensa, eu os removo. Isso aconteceu duas vezes. O blog é opinativo, mais próximo à crônica do que à ficção, mas não me furto de alguns exageros, elisões e outras figuras da retórica para falar com palavras escritas. Palavras que julgo serem bem vivas, mesmo quando carregam alguma morbidez. Quanto aos comentários, é notório quando adentram a fértil imaginação, confundindo opinião ruim com ficção mediana. Seriam hilários, não fossem perigosos por conterem apologia a crimes e pregarem uma narrativa da negação da realidade como se verdade fossem. Tornam-se mortais quando não devidamente filtrados. Filtrados por quem os lê, não censurados pelo blogueiro. Continuam sendo opiniões? Bem, até certo ponto. Lamento apenas que esses autores não consigam enxergar que estão sendo manobrados por interesses escusos ou deles

A culpa é das palavras

Concluí a leitura de Baviera Tropical , de Betina Anton. Aprendi bastante sobre a crueza com que os nazistas fizeram seus experimentos genéticos, alguns amparados por uma pseudociência eugênica, não muito diferente da que assistimos dois, três anos atrás que levou à morte meio milhão de brasileiros com o atraso de vacinas e estímulo a "drogas milagrosas" durante a pandemia do coronavírus. O livro fala da vida e da morte de Josef Mengele no Brasil, em estilo estimulante à leitura, com farta documentação da época e entrevistas realizadas pela autora, tecendo um conjunto de palavras muito coeso e convincente. A leitura não é automática porque não consigo ler sem anotar. Comentários e dúvidas são registrados em cadernos à parte, pois nunca tive o hábito de rabiscar livros. Já discorri sobre a importância da marginália de bibliotecas de filósofos e outros estudiosos do conhecimento. Ademais, continuo - também com anotações - as demais obras em leituras paralelas, aproveitando o re

Leituras e correções

No domingo foi Dia do Leitor, como também foi dia de respirar. Respire e inspire-se. Amanhã também será dia de respirar, portanto... Ler e ser: sei que é lei. Começo o ano para concluir as biografias de Fernando Pessoa e Ângela Maria e iniciando Salvar o Fogo , do Itamar Vieira Júnior, presente de meu sobrinho no Natal. Na fila estão vários outros, da passagem de Mengele pelo Brasil ( Baviera Tropical , de Betina Anton) a uma quase réplica do relato de Lima Barreto quando internado em hospício, pouco antes de morrer. O livro chama-se Uma temporada no inferno , escrito por Henrique Marques Samyn, obra recomendada no site da revista piauí  ( https://piaui.folha.uol.com.br/o-que-ler-ouvir-e-assistir-enquanto-o-ano-nao-termina/ ). Natalia Timerman com seu  As pequenas chances , um relato sobre o luto, é outro que foi iniciado junto com o novo ano. Sim, não consigo me ater a apenas uma obra na leitura. Ainda falando em Natal, li a edição de dezembro da revista piauí . Após 18 anos, tempo de

Re-esperançar

Ano Novo, além da mudança de calendário, que mudemos algo na vida. Re-esperançar foi a palavra que resumiu 2023; de construção foi o saldo. Na primeira passagem de ano deste blog, ainda no endereço antigo, a principal perspectiva não era para o ano que se iniciava, mas para o seguinte, ou seja, o equivalente a planejar 2025 agora, pois o ano em curso já estava "saturado", conforme escrevi em 28/12/2017. Aquele viria a ser o ano de 2018 com tanta angústia e retrocesso. Mas agora, não. O ano em curso é de construção, como disse antes. Mesmo assim, minhas listas de promessas, compromissos, desejos e equivalentes continuam quase idênticas às dos anos anteriores. Há um passivo existencial que teima em não ser resolvido com novas folhinhas com gatinhos fofinhos na parede. O diminutivo de substantivos e adjetivos, porém, não diminui a seriedade com que as coisas mundanas devem ser tratadas.  Houve mais leitores na postagem de fim de ano do que nas semanas anteriores. Pensando que es