Leituras e correções

No domingo foi Dia do Leitor, como também foi dia de respirar. Respire e inspire-se. Amanhã também será dia de respirar, portanto... Ler e ser: sei que é lei. Começo o ano para concluir as biografias de Fernando Pessoa e Ângela Maria e iniciando Salvar o Fogo, do Itamar Vieira Júnior, presente de meu sobrinho no Natal. Na fila estão vários outros, da passagem de Mengele pelo Brasil (Baviera Tropical, de Betina Anton) a uma quase réplica do relato de Lima Barreto quando internado em hospício, pouco antes de morrer. O livro chama-se Uma temporada no inferno, escrito por Henrique Marques Samyn, obra recomendada no site da revista piauí (https://piaui.folha.uol.com.br/o-que-ler-ouvir-e-assistir-enquanto-o-ano-nao-termina/). Natalia Timerman com seu As pequenas chances, um relato sobre o luto, é outro que foi iniciado junto com o novo ano. Sim, não consigo me ater a apenas uma obra na leitura.

Ainda falando em Natal, li a edição de dezembro da revista piauí. Após 18 anos, tempo de existência da revista, achei que a tradição havia sido quebrada e nenhuma referência ao Natal havia sido estampada na capa daquela edição de fim de ano. Foi uma capa cinza, com o mapa da Argentina representado por um bloco de concreto também acinzentado, pendurado por uma corda que se desfiava. A primeira impressão assim ficou até constatar que o nordeste do mapa da Argentina corresponde à silhueta do Bom Velhinho! Sim, podem constatar no google o que descobri. O típico pompom no chapéu está em Misiones e a barba do Papai Noel, em Buenos Aires. Aliviado, pois, ainda que faltando ao menos um pontinho vermelho, típico da cor que herdamos da festa nórdica, esperando que não venha nas próximas edições como representação do sangue que o país vizinho passará a pôr para fora, inevitável tragédia que bem conhecemos. 

Formado em ciências exatas e acostumado a relatórios com métodos, resultados, tabelas, gráficos e explicação científica correspondente, surpreendi-me com o relato do exitoso experimento social de alfabetização em Angicos, conduzido por Paulo Freire, uma matéria elaborada por André Gravatá naquela mesma revista piauí. O título do artigo reflete o relato de um dos alfabetizados: "De repente, eu aprendi". Não é por menos que a extrema direita vê o demônio na figura e na obra de Paulo Freire, que pouco ou nada conhecem. A quantificação de resultados de experimentos sociais não é simples de ser feita, no meu entender. Já manifestei tal impressão e fui duramente criticado por isso, mas, repito, Humanidades são mais difíceis de aprender do que Exatas. Ainda mais quando o esperado é a construção de um conhecimento dentro do cérebro, que é o princípio das estruturas cognitivas. De qualquer forma, muitos estudaram e teorizaram sobre a aprendizagem e, se fossem devidamente lidos e compreendidos, não estaríamos diuturnamente corrigindo os que querem transformar educação em marcha.

Comentários

  1. Leitor voraz, múltiplo e lúcido. Eu queria conseguir esse ritmo. Vasto é o universo da leitura. É imprescindível. (PSViana)

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  2. Tenho o hábito de ler três ou quatro livros ao mesmo tempo. Nunca consegui me ater somente a um título de cada vez. Admiro quem o faz. Na minha fila estão 1889 do Laurentino Gomes (livro físico), Como escrever poesia (ebook) do Wendel Dantas, Dias Vazios da Bárbara Nonato (ebook) e outros que estão na biblioteca (digital). Leio das duas formas: virtualmente ou no papel.
    Certa vez quase me obrigaram a comprar um livro que estava disponível nos dois formatos e eu optei pelo e-book porque para mim era muito mais prático e rápido para acessar logo a obra da autora. A pessoa não se conformou rsrsrs

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