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Mostrando postagens de março, 2019

Educação e aprendizado, sempre

Um dos motivos para a postagem tardia era a expectativa da óbvia demissão do Ministro da Educação, o que não aconteceu. Parece que a fritura com óleo quente foi adaptada para abafadinho sem sal. Após a redemocratização do país, tivemos projetos educacionais de vários impactos e dimensões. Mas sempre tivemos projetos. Pela primeira vez, não há qualquer projeto para a educação brasileira, a não ser o desmonte do que vinha sendo construído até aqui e a inclusão de pautas de costumes - na maioria de importância exclusivamente pessoal - em assuntos que dizem respeito à formação de crianças e jovens. Houve projetos educacionais ruins, outros que alimentavam apenas a excelência e o utilitarismo do ensino e, uns poucos, que trouxeram inclusão na educação pública. Críticas de parte a parte puderam ser formuladas, projetos foram melhorados, outros substituídos e os mais recentes criaram uma prática de resgate de dívidas sociais históricas, com o devido sucesso. O apagão governamental, no entanto

Ciclos culturais

Carlos de Moraes Júnior era o presidente do Clube dos Escritores Piracicaba. Faleceu dia 13 de março e fiquei sabendo dias depois pelo comunicado de outros membros do Clube e pela notícia que saiu na Gazeta de Piracicaba, jornal no qual ele mantinha uma coluna. O Clube era o Carlos e o Carlos era o Clube. Uma semana antes ele havia enviado um e-mail solicitando a remessa de novos poemas e crônicas para publicar na revista eletrônica mensal, que deixou de ter a versão impressa há alguns anos. Ia responder quando soube da triste notícia. Comuniquei aos demais membros do Clube - são centenas espalhados por todo o Brasil - sobre a importância de manter as atividades, com a outorga de troféus e a publicação da revista. Há um grupo local que está se organizando para isso, esperando a superação do luto, mas há os que entenderam a proposta como egoísmo ou insensibilidade. Mas manter o Clube funcionando é a melhor forma de homenagearmos o Carlos e seu legado como poeta e defensor da cultura.

Mortes em círculos

Um ano completo. Morremos Marielles e Andersons a cada descaso, a cada crime, a cada manifestação oficial a favor da violência. Sim, a lógica governamental é que o Estado não tem responsabilidade pela segurança que deve ser feita pelo indivíduo. Armemo-nos uns aos outros. O belo vira bélico e consolidamos a ignorância da vivência segregada. Prenderam dois suspeitos, mas tudo indica que houve mandante. Talvez mais um ano para identificá-lo. Mas serão eleições novamente e uma nova lógica aparecerá para não contaminar o processo. No meio tempo, dois jovens promovem a execução de estudantes e funcionários de uma escola em Suzano, apenas para que em nossos corpos não diminuam a ansiedade e a angústia da existência. Armas de fogo foram usadas e o senador pelo estado de São Paulo Sérgio Olímpio Gomes, conhecido pela alcunha de Major Olímpio, solta um disparate ao recomendar que professores trabalhem armados! Pergunto se é ausência do raciocínio ou pura monstruosidade para defender seus intere

Carinho e cuidados com mensagens e palavras

Cuido do que escrevo para não atentar contra as leis, respeitando opiniões diversas e, o mais importante, para deixar claro que o escrito reflete o que penso. Quanto mais estudamos e mais contato temos com o fluxo do conhecimento, mais responsáveis nos tornamos pelo que divulgamos. Já fui professor universitário na renomada USP, aluno na importantíssima UNICAMP e, hoje, sou pesquisador na valorosa UNESP. Atribuo-me uma responsabilidade talvez indevida, mas impossível de ser ignorada. Os exemplos deveriam vir de quem tem projeção ou poder e isso não está acontecendo, segundo tudo o que lemos e assistimos. O baixo nível do que é dito de forma oficial apenas confirma a perda da esperança em um país melhor. Continuo cuidando daquilo que escrevo, não vou me contaminar com o retrocesso pornográfico. E, mesmo assim, a crítica me coloca como incapaz de comunicar. Hoje saiu finalmente o artigo mais completo sobre o caminho que percorri para descobrir crônicas inéditas de Lima Barreto. A ediçã