Ciclos culturais

Carlos de Moraes Júnior era o presidente do Clube dos Escritores Piracicaba. Faleceu dia 13 de março e fiquei sabendo dias depois pelo comunicado de outros membros do Clube e pela notícia que saiu na Gazeta de Piracicaba, jornal no qual ele mantinha uma coluna. O Clube era o Carlos e o Carlos era o Clube. Uma semana antes ele havia enviado um e-mail solicitando a remessa de novos poemas e crônicas para publicar na revista eletrônica mensal, que deixou de ter a versão impressa há alguns anos. Ia responder quando soube da triste notícia. Comuniquei aos demais membros do Clube - são centenas espalhados por todo o Brasil - sobre a importância de manter as atividades, com a outorga de troféus e a publicação da revista. Há um grupo local que está se organizando para isso, esperando a superação do luto, mas há os que entenderam a proposta como egoísmo ou insensibilidade. Mas manter o Clube funcionando é a melhor forma de homenagearmos o Carlos e seu legado como poeta e defensor da cultura.

Quando se planejaria ir a um evento para acompanhar o surgimento e evolução do teatro mexicano? Ou a presença da mulher na filatelia brasileira. Ou ainda ouvir o maestro Julio Medaglia discorrer sobre o que é a música de qualidade que toca a alma - ainda que inexistente, eu sei - antes de despertar a razão para seu entendimento? São eventos desse porte que as reuniões das academias literárias proporcionam. No sábado, foi a Academia de Letras de Lorena que trouxe o professor Robson Hasmann para a dramaturgia e o acadêmico José Antonio Bittencourt Ferraz para a filatelia, e na segunda-feira a Academia Campinense de Letras realizou a abertura do ano literário com o maestro falando também da obra de Carlos Gomes. Mesmo com a distância e a correria face a outros compromissos e afazeres, nunca me arrependi de comparecer a tais eventos, que incluíram várias apresentações musicais. É um sacrifício mínimo frente aos benefícios intelectuais, de aprimoramento e, confesso, de relaxamento. O próximo evento é da Academia Campineira de Letras e Artes, que trará a apresentação musical "Aquarelas do meu Brasil" no próximo dia 23 de março, com Érika Andrade e Chiquinho Costa.

O outono começa, amarelam-se folhas e alguns ímpetos. Meu livro de crônicas do tempo do Jornal Guaypacaré completa dois anos e sinto a necessidade e vontade de preparar um segundo volume, com o material esparso de outros jornais e veículos. Poucos são os apoiadores e sei que a empreitada será onerosa, não apenas olhando as finanças, mas a saúde para compilar material, corrigir e editar. Mister e mistério a que nos lançamos, sem muita lógica. Assim, neste equinócio, começo uma busca por interessados em valorizar esse material escrito e impresso.

Comentários

  1. Confesso que não entendi muito bem a que egoismo se refere o primeiro parágrafo. O que não deixa dúvida é o valor de encontros culturais presenciais, como os mencionados, bem como a expectativa da nova coletânea de crônicas.

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