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Mostrando postagens de fevereiro, 2022

Explorando domínios alheios

Estou revendo os episódios da consagrada série COSMOS, a original de 1980, apresentada por Carl Sagan. A exploração espacial é um dos temas e são traçados paralelos com a expansão marítima do século XV. Nossa espécie tem necessidades de ampliar o território em que vive, talvez por um impulso natural de sobrevivência, ou pela criação de medos e circunstâncias que nos levem a outros domínios. No popular dizemos que o olho do caipira é grande quando se coloca uma pessoa frente a possibilidades de possuir terras para viver e plantar. A posse e o uso da terra são fundamentos de sistemas econômicos e foco de conflitos de várias naturezas. Sempre se dirá que há um dono do espaço e um invasor. A definição de quem é quem fica sempre por conta da história e de quem a conta, quase sempre depois de vencer uma guerra. Ao menos no espaço sideral ainda não nos deparamos com proprietários alienígenas, bastando-nos os que por aqui existem. #IniCiencias Nessa toada de domínios e territórios, o centenári

Dimensões

James Webb, o telescópio, começa seu trabalho. A primeira imagem feita foi a reprodução da mesma estrela tirada pelos diferentes espelhos que o compõem, além de um auto-retrato (ou selfie, na linguagem moderno-colonializada) de uma parte de si. Fotografias em várias dimensões, umas borradas, outras pouco intensas, todas servindo para calibrar o instrumento para perscrutar o mais longe do universo, no tempo e no espaço, um consequência direta do outro, nessa escala de bilhões de anos. Na coluna que mantenho no Jornal Cidade de Rio Claro, o foco é principalmente nas questões científicas e o importante artefato astronômico não ficaria de fora. Sobre ele discorri no início do ano, quando de seu lançamento ("Visão espacial", 5/1, que pode ser encontrado na minha página no Facebook https://www.facebook.com/adilson.goncalves.9847/ ). Vejam que mesmo com dezenas de obstáculos e detalhes que poderiam levar ao fracasso da missão, até agora, tudo caminha bem, dentro das perspectivas mai

Reflexivos

A sensação de leitura é diferente para cada um e é isso que torna o enfrentamento de textos uma experiência única. Tenho me acostumado à leitura em formato digital, na tela do computador. Não agrada tanto, mas há situações sem outra alternativa, tal como os artigos científicos. Livros clássicos estão disponíveis nesse formato, muitos de acesso gratuito por terem vencido os prazos legais de direito autoral. Oportunidade que se aproveita, portanto. Mas deparei com uma interessante análise de Carlos Eduardo Lins da Silva, professor especialista na área de comunicação, que aponta, junto à sabida decadência da circulação de jornais impressos, estudos recentes que mostram a maior eficiência da leitura em papel do que a realizada em meio digital. Vale a leitura e audição de sua entrevista no site do Jornal da USP: https://jornal.usp.br/radio-usp/a-decadencia-na-circulacao-do-jornal-impresso/ . Assim, no conflito/atrito entre o grafite e a celulose, como já ousei descrever em poema, fico com a

O tempo de James Joyce

Mais um centenário está em curso. A primeira edição de Ulisses , de James Joyce coincidiu com o aniversário de 40 anos do escritor em 2 de fevereiro de 1922. A semana de arte moderna estava sendo aqui planejada e um dos romances clássicos da literatura estava sendo fornecido ao público na forma de livro. Tal qual inúmeros outros autores, a obra já havia sido publicada fragmentada como folhetim ao longo de dois anos, com os devidos elogios e críticas. E escândalos. Aqui já confessei minha tentativa infrutífera de enfrentar Ulisses . Voltei a ele por esses dias, apenas para acariciarmo-nos mutuamente, pois ainda continuo na deglutição e digestão de "Em busca do tempo perdido". O primeiro volume já vai a termo, mas faltam os outros seis para completar esse também ícone do romance moderno. Meu Lima Barreto não ficará de fora dessas considerações porque leio na biografia de Joyce que ele teve problemas na escola Berlitz, que é o nome do método de aprendizado de línguas muito difun