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Mostrando postagens de junho, 2019

Secas juninas

O tempo é seco por natureza da época e a tudo põem fogo. O ar que deveria ser mais límpido pela ausência de gotículas de água torna-se uma cinzenta ou amarronzada nuvem pairando no horizonte. Questiono se a prática das queimadas onipresentes é somente questão cultural, de purificação. Idosos e crianças são os mais susceptíveis às doenças respiratórias e o que vemos - e acompanhamos - nos pronto-socorros. Ainda que a colheita da cana-de-açúcar já não seja mais feita no estado de São Paulo com a queimada concomitante que se fazia da palhada, os fogos em áreas de pasto e no pouco que resta de bosques e grama são visíveis e sensíveis diuturnamente. Se ainda fosse chover no seco, estas lamúrias serviriam para algo. Mas resta apenas a angústia da espera pela passagem deste tempo, seco tempo. Seca também a vontade, secam os sentimentos. Alguma poesia se manifesta, insuficiente. O fim de semana será de minutos de Euclydes da Cunha para a Academia Campineira de Letras e Artes, após a palestra

Cultura da transformação escrita

Junho retardou a reunião cultural mensal da Academia Campinense de Letras, e na segunda-feira pudemos nos deliciar com três olhares femininos sobre Monteiro Lobato e sua obra. Eliane Morelli Abrahão discorreu sobre a figura de Maria Pureza da Natividade de Souza e Castro, esposa de Monteiro Lobato (a Purezinha), que o auxiliou na correção e revisão de muitos textos e se dedicava à culinária. Legou-nos um livro de receitas, colhidas alhures sempre com a indicação da fonte quando conhecida, e examinado à amiúde pela Eliane, como sói ser para essa pesquisadora da história da alimentação. Já Cecília Prada focou na figura enérgica do escritor, levado da breca, segundo ela, ou seja, uma figura forte, contundente, que o levou a encarar desafios e enfrentar governos, especialmente no estabelecimento de políticas públicas, como a exploração do petróleo. Por fim, a também acadêmica Regina Márcia Tavares resgatou a importância do lúdico, da literatura infantil que é a marca maior do criador do Sí

Procedimentos

Os métodos científicos, por mais estabelecidos que sejam, são susceptíveis a reavaliações e contestações. #IniCiencias . Mas busca-se sempre a maior proximidade com a isenção, mesmo sabendo que ela não existe. O jornalista já parte do pressuposto que a boa notícia é a totalmente isenta, quando sabe muito bem que, em sua área de atuação, isso é mais próximo da ficção. A própria decisão sobre o que é notícia e o que se deve e o que não se deve publicar é o primeiro elemento da 'tomada de lado' que o jornalismo possui. O conteúdo da matéria dirá bastante sobre o jornalista, às vezes mais até do que o objeto da notícia. A diplomacia diz que devemos esconder as questões e continuar crendo que jornalistas e cientistas são isentos social e politicamente. Sou cientista e tenho me enveredado pelo jornalismo científico e fico à mercê do julgamento, aproveitando para divulgar a matéria mais recente publicada na revista eletrônica ComCiência ( http://www.comciencia.br/investimento-em-cienc

Divulgação de ciência e cultura

Aconteceu nesta semana a sexta edição do Encontro de Divulgação de Ciência e Cultura (EDICC), na Unicamp, organizado por alunos de pós-graduação. Assim, o Dia Mundial do Meio Ambiente e, por consequência, meu aniversário foram comemorados com ricas apresentações e profundas discussões. Dois dias para pensar o que é o fazer ciência e cultura e como elas devem ser divulgadas além dos muros universitários e acadêmicos. O tema deste ano foram os afetos políticos em seus múltiplos entendimentos e várias abordagens. Em tempos de ódio declarado e política oficial de extermínio do conhecimento, foi um respiro revigorante deixar o laboratório um pouco de lado e participar das sessões e assistir às palestras. Um resumo sobre o evento não será feito aqui, não é o objetivo. Apenas algumas afetações serão compartilhadas. De imediato, ficaram as palavras e expressões que foram utilizadas e que carregam o sentido dos afetos, que para muitos podem ter sido facilmente aprendidas, mas que, para mim, a