Procedimentos

Os métodos científicos, por mais estabelecidos que sejam, são susceptíveis a reavaliações e contestações. #IniCiencias . Mas busca-se sempre a maior proximidade com a isenção, mesmo sabendo que ela não existe. O jornalista já parte do pressuposto que a boa notícia é a totalmente isenta, quando sabe muito bem que, em sua área de atuação, isso é mais próximo da ficção. A própria decisão sobre o que é notícia e o que se deve e o que não se deve publicar é o primeiro elemento da 'tomada de lado' que o jornalismo possui. O conteúdo da matéria dirá bastante sobre o jornalista, às vezes mais até do que o objeto da notícia. A diplomacia diz que devemos esconder as questões e continuar crendo que jornalistas e cientistas são isentos social e politicamente. Sou cientista e tenho me enveredado pelo jornalismo científico e fico à mercê do julgamento, aproveitando para divulgar a matéria mais recente publicada na revista eletrônica ComCiência (http://www.comciencia.br/investimento-em-ciencia-e-chave-para-reduzir-fome-e-aumentar-seguranca-alimentar/) No âmbito jurídico essa polêmica é ainda mais evidenciada. Um juiz deveria ter o papel de equilíbrio entre as partes, nunca tendendo à acusação ou à defesa. Porém, o que vemos nos dias correntes é uma contaminação exacerbada do protagonismo do pretenso juiz, que há muito tempo atrai holofotes e se revela parcial a ponto de contaminar julgamentos e decisões políticas. Um criminoso, portanto.

Como educador, a posição de poder dessa profissão é contestada também. Um professor deve apresentar caminhos de compreensão a seus educandos, mas está inserido em um sistema que exige avaliação de conhecimento apreendido. Fazemos o papel de detentores de tríplice poder: executamos a atividade, elaboramos as regras para sua avaliação e julgamos se o aluno aprendeu. Ou seja, Executivo, Legislativo e Judiciário em uma única pessoa! Há experiências interessantes nas quais são outros professores que elaboram, aplicam e corrigem as avaliações. O ENEM vai nessa mesma direção. Ainda não tenho elementos se tais experiências são ferramentas úteis para o bem maior que é a aprendizagem. Em outros tempos, nos quais nossa profissão era valorizada e não execrada como política oficial, essa posição de poder teria uma significação maior. Da mesma forma não vejo o intricado sistema jurídico brasileiro como facilitador para que a Justiça (sim, com maiúscula) seja acessível ao maior número de pessoas. Teses bem fundamentadas mostram o papel de freios e contrapesos que o julgador deve ter nas relações de poder entre as pessoas. Algumas são muito bem definidas nas cortes superiores e um tempo deve ser investido para ouvi-las e acompanhá-las. No entanto, algumas vezes se transformam em excelentes produtos de literatura, fugindo da árdua realidade da população.

Procedimentos econômicos seriam outro conjunto de nebulosidade nessas relações sociais, ainda mais quando a conta numérica é feita somente com fatores políticos. O dia está movimentado com discussão sobre como fazer essa conta na previdência pública e de olho nas mensagens de redes sociais que vazam tanto quanto o governo vazio de ideias. É matemática que vira má temática, com o perdão do trocadilho. E lembrando que amanhã é dia de greve geral. Um aviso, apenas, a duras penas!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Letras que dizem

Finalizando

Pedaços quebrados