Cultura da transformação escrita

Junho retardou a reunião cultural mensal da Academia Campinense de Letras, e na segunda-feira pudemos nos deliciar com três olhares femininos sobre Monteiro Lobato e sua obra. Eliane Morelli Abrahão discorreu sobre a figura de Maria Pureza da Natividade de Souza e Castro, esposa de Monteiro Lobato (a Purezinha), que o auxiliou na correção e revisão de muitos textos e se dedicava à culinária. Legou-nos um livro de receitas, colhidas alhures sempre com a indicação da fonte quando conhecida, e examinado à amiúde pela Eliane, como sói ser para essa pesquisadora da história da alimentação. Já Cecília Prada focou na figura enérgica do escritor, levado da breca, segundo ela, ou seja, uma figura forte, contundente, que o levou a encarar desafios e enfrentar governos, especialmente no estabelecimento de políticas públicas, como a exploração do petróleo. Por fim, a também acadêmica Regina Márcia Tavares resgatou a importância do lúdico, da literatura infantil que é a marca maior do criador do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Ela defendeu a criatividade como uma forma de exercício do prazer, cada vez mais ausente em tempos modernos. Segundo ela, Monteiro Lobato com todo seu faz-de-conta queria, na verdade, um novo país.

Buscar por situações de melhor relacionamento com a realidade é tarefa do escritor, ainda que seu objeto possa partir do imaginário. A Academia de Letras de Lorena, às vésperas de seu décimo aniversário, também nos trouxe no último fim de semana sua contribuição ao compartilhamento do conhecimento, com a história da construção do livro de Yassuo Imai sobre sua peregrinação no Caminho de Santiago de Compostela. Houve uma apresentação da Cia VIVA de Artes ilustrando a vida e a obra desse escritor e empresário, do qual também pudemos aprender um pouco sobre sua experiência em outros caminhos pessoais e profissionais. Um público jovem lá presente se admirou e se inspirou com as palavras motivacionais. Fizemos a árdua escolha de novos Acadêmicos para recompor nosso quadro, após afastamentos e falecimentos. Com o cronograma levado à risca pela nossa presidente, Neide Aparecida Arruda de Oliveira, a posse dos eleitos se dará em agosto, junto à festa do primeiro decênio.

O dia do Químico foi ontem, 18 de junho, junto com a lembrança dos nove anos da morte de José Saramago.  A ciência que transforma a vida muito me toca: reagi para também converter palavras no equilíbrio dinâmico da existência. Entre átomos e moléculas, atrações e repulsões, elétrons compartilhados e orbitais vazios, a vida é, antes de mais nada, pura sinergia. Assim, junto o escritor ao químico, o poeta ao cientista. O feriado de amanhã provavelmente diminuirá ainda mais o número de leitores, mas o importante é deixar os registros. #IniCiencias