Oficinas

Em oficinas se aprende e se conserta. Ali se trabalha o ímpeto e os músculos. O concerto pode também ser uma oficina em que a mais bela música é tocada para tocar corações sensíveis. Na oficina mecânica, lugar de visita constante à medida que o veículo envelhece, a prática encontra a realização, muitas vezes longe da teoria, o que pode não ser muito duradouro. O conserto pode ser efêmero, por má fé ou por ignorância. Reparo é outro nome que se dá à proeza, talvez para salvaguardar o executor de cobranças, do qual é exigida a longevidade da peça trocada e do serviço feito. Descubro que um carro de quinze anos de idade é usado o suficiente para que peças de reposição não sejam mais corriqueiramente encontradas, necessitando de encomendá-las pela internet. Sim, o próprio mecânico assim indica, com todas as referências e ressalvas necessárias. Em dois dias o Mercado Livre entregou o produto, o limpador de para-brisas voltou a funcionar, e felizes, eu e o carrinho, seguimos pelas úmidas e chuvosas estradas do estado.

Fizemos uma oficina de separação de plásticos na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia no Instituto Federal de São Paulo, câmpus Hortolândia. Uma dúzia de alunos se interessou por ver como a densidade é importante para fazer alguns polímeros presentes em embalagens flutuarem e outros, afundarem. Mudamos a densidade da água adicionando etanol para diminuí-la, ou sal de cozinha para aumentá-la. Um sucesso. A professora de química daquela instituição, Priscila Benar, fez uma apresentação acerca da natureza dos materiais analisados, bem como de polímeros e macromoléculas naturais, tais como a celulose e a lignina. Parte das mais deliciosas da química! Apresentar os conceitos com algo palpável é, sem dúvida, uma das melhores formas de aprendizado e, trazidos para o cotidiano, consegue-se um excelente desempenho. Daí considerar que a oficina foi muito proveitosa. Utilizamos o laboratório de ciências naturais recém inaugurado em que bancadas adequadas são colocadas com pias e tomadas. O espaço conta também com uma balança, instrumento dos mais primordiais para as ciências. Levamos um liquidificador caseiro para fazer a fragmentação de embalagens TetraPak e mostrar sua composição em camadas de alumínio, papel e plástico, simulando o que é feito industrialmente.

Nem sempre a oficina agrada a todos, pois ali não se busca a excelência de resultados, mas, sim a ampliação do conhecimento ou do interesse por determinado tema. Na reunião da União Brasileira dos Trovadores (UBT), Seção Campinas, no último sábado, Kátia Sentinaro e Flávio Levy, dois exímios trovadores, relataram a alegre experiência no Juventrova ao levar exercícios de trova para alunos dos últimos anos do ensino fundamental. O projeto é apresentar essa forma de poesia para que os jovens por ela se interessem e vejam a facilidade que é expressar sentimentos, opiniões, críticas e o que mais a imaginação permitir. Esse, digamos, setor da UBT é fundamental para germinar novos trovadores, pois nós também estamos ficando sem peças de reposição, com oficina cada vez menos eficiente. Os alunos adoraram a atividade. Nós também buscamos fazer alguns exercícios em nossas reuniões bimestrais para motivar os que ainda não são trovadores ou que assim não se sentem. O objetivo não é o de elaborar trovas perfeitas. Mas nem todos entendem e aceitam. De qualquer forma, a atividade literária continua. Não será oficina nem poesia, mas no próximo sábado, 28/10 às 15h30, falarei sobre Lima Barreto, oculto e explícito, na reunião da Academia Campineira de Letras e Artes (https://www.facebook.com/Acla.Campinas/).