Lutos e lutas

Luto é o tema do Lugar de Fala da revista CULT (https://revistacult.uol.com.br/home/colunistas/lugar-de-fala/). Escrevamos, enquanto a solução não vem para tentar aplacar a dor da existência, incapazes na execução de qualquer coisa que combata o momento atual. Luto para não desabar, um luto para se questionar, até para nele obter forças para continuar a viver. E a lutar. A palavras é batida, o sentimento, abundante. A dupla significação também cansou um pouco, mas insisto. Beirando as 300 mil mortes, boa parte evitável, nos abate profundamente o caos em que a condução da pandemia se alastra. Pessoas queridas de pessoas queridas estão sofrendo. As faixas pretas institucionais penduradas em edifícios passaram a ser perenes, apenas mudando o número lá registrado. O Boletim Anti-Covid da Unesp de Rio Claro se aproxima de um ano de existência e lembrou o também primeiro aniversário dos primeiros casos de Covid-19 no Brasil, a primeira morte e o início do sistema on-line de aulas nas universidades públicas. Somos chamadas a divulgar os fatos, infelizmente cada vez mais urgentes e na forma de edições extras (https://sites.google.com/unesp.br/boletim-anti-covid-19/). #IniCiencias

Os que atuam contrariamente às normas médicas e com sórdido comportamento de negação científica permanecem e ganham espaço. A revolta com o luto fez-me iniciar a elaboração de um texto crítico, baseado e talvez intitulado como "a doença é endêmica e a ignorância, acadêmica". Plasmado com o fígado, deixarei decantar para que, quem sabe, possa ser corrigido com o coração e ser mais tênue e brando. Tunéscio é meu personagem criado, em homenagem a hater insistente que me envia um e-mail difamatório toda vez que algo em desacordo com suas ilusões míticas sai publicado. O nome foi plasmado como inspiração no "Tu e eu" do Luís Fernando Veríssimo, e já figurou em seis cartas para o Estadão, dois artigos completos para o Jornal Pravda (https://port.pravda.ru/cplp/brasil/30-01-2021/52214-bolsonaro-0/ , https://port.pravda.ru/cplp/brasil/02-03-2021/52408-criminoso_cassar-0/) e um para o Brasil 247 (https://www.brasil247.com/blog/nao-basta-ignorar-o-presidente). Ele representa o que nada vê e em tudo crê. 

Simone de Beauvoir possuir um livro totalmente inédito é surpreendente (https://revistacult.uol.com.br/home/as-inseparaveis-simone-de-beauvoir/). Eu nem nascido era e o livro já era um adolescente escondido em gavetas. As inseparáveis trata de lutas, fugas, amores e descobertas. Não é luto, mas, sim, luta pela sobrevivência dentro de uma condição moral e social totalmente adversa. O livro não está em minha lista de leituras, apenas acompanhei seu desvelo, em seus múltiplos sentidos. Descobrir inéditos é uma paixão uma pouco mais contida agora, Lima Barreto que me perdoe. A lista de leitura já me é grande e vencê-la é tanto desafio quanto compromisso. O Paulo Viana venceu, e muito bem, o Torto arado de Itamar Vieira Junior, mencionado aqui semanas atrás e que está perto do término (http://adilson3paragrafos.blogspot.com/2021/02/utopias-distorcidas.html). Em sua resenha, Paulo dá sua visão sobre a obra, sem antecipar enredos e finais, é claro; porém, revela com sua fina perspicácia o que faltou no romance. Vale a leitura do livro e, ainda mais, a do blog: http://blogdopaulosergioviana.blogspot.com/2021/03/a-se-deletar.html.

Comentários

  1. Difícil mesmo encarar a luta inglória com os néscios, que parecem multiplicar-se na mesma velocidade do vírus. Eu diria que a ignorância tornou-se endêmica, não há como fugir dela! Não há luto que dê conta de tanta dor.

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  2. Obscurantismo é quase cegueira, misturada com tolice.

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  3. Tempos cada vez mais difíceis. Certamente, há um ano, tínhamos a doce ilusão de que tudo passaria rápido. Contudo, dia após dia, além da pandemia. tivemos que aprendemos a conviver com a dor da perda, da espera, do descaso, da ignorância, etc. As previsões eram alarmantes e só se confirmaram, infelizmente.
    Continuemos a ler, antigos e novos autores, para tentarmos esquecer um pouco dessa triste realidade que nos assola. Avancemos na nossa lista de leitura e, é claro, continuemos a nos cuidar.

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