Lógicas inconscientes

Acontecimentos, cimentos para a conta. Junção de palavras, poéticas que sempre foram, leva a aglutinar as coisas&causos no intento de forjar um encadeamento, uma lógica para o corrente, não libertário, dos dias. O dia mundial da poesia foi comemorado em 21 de março, o da água no dia seguinte. E fizemos reunião da Academia de Letras de Lorena no sábado, 20, virtual, tal qual a situação exige, e de sucesso, uma vez que temos a Neide Arruda de Oliveira como presidente. Quanta diferença faz ter em um cargo de responsabilidade quem quer trabalhar pelo conjunto, pelo grupo. O bom exemplo vem de cima e o mau está vindo de todos os lados. Após um ano da reclusão total, com as saídas reduzidas ao mínimo ainda que necessário, a mente não funciona como antes. Podemos acreditar que criamos instrumentos de sobrevivência, e assim o fizemos na inglória luta contra o vírus e quem o dissemina. Há que se considerar as perdas, mínimas e máximas, que aconteceram e continuam em curso. Sairemos outros do processo, conscientes ou não.
 
Por mais que tente entender o juízo jurídico, foge-me à razão. Porém, aceitei por irônico o ministro Edson Fachin falar sobre ciência em manifestação após voto vencido na análise do HC 164493, para ficarmos com a nomenclatura dos supremos tribunais. Ele se expressou no sentido de que procedimentos inerentes ao método científico, de exame de provas, análise de dados, conclusão global em face dos resultados, reprodutibilidade e outros quesitos teriam de ser também aplicados à coisa em julgamento. Talvez eu já estivesse anestesiado com os prolixos pronunciamentos dos que o antecederam - e era na segunda turma, reduzida pela metade - e tenha perdido algo, mas não voltarei a ouvir os áudios, por enquanto. Fico com a presunção inocente de que a Justiça possa ser mais lógica. Mas a primeira questão fica: quanto haveria de fundamentação científica nos autos se nem a lógica fundamental ali se manifesta corriqueiramente?

A abundância nos leva à negligência para o óbvio? Pergunta retórica para refletir sobre a água, já citada, cujo dia mundial foi aposto perto de mais uma mudança de estação. A nobre música já dizia que as águas de março fecham o verão, mas foi um começo de ano seco, como seguem os dias atuais, exigindo atenção à hidratação. Água do mar é mais de 97% de toda a água líquida existente em nosso planeta e investimos pouco para sua dessalinização. Arábia Saudita, Israel, Emirados Árabes, Estados Unidos, Austrália, Japão e Argélia são alguns dos países que usam essa água salobra, convertendo-a em água doce para seu consumo. Chega a 70% de toda a água consumida na Arábia Saudita, talvez o líder na tecnologia. No Brasil ainda estamos nos estágios iniciais, mas o fazemos pouco devido à aparente abundante de água já praticamente pronta para consumo. Uma necessidade que precisaria chegar ao umbigo para aprendermos a agir mais rapidamente, pois falta água em muitos lugares, a consciência sabe disso. Aqui a ciência não pode se espelhar na jurisprudência. #IniCiencias

Comentários

  1. Agora que a água foi privatizada no Brazil, e cotiza na bolsa em Wall Street, acabaremos usando a do mar do jeito que está. Com sorte voltaremos a viver como peixes no mar que nos trouxe.

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  2. O modo como lidamos com a pandemia é o modo como lidamos com a água, que é o modo como lidamos com a poesia: com muito descaso.

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