Forte e doce

O ano cultural foi iniciado na Academia Campinense de Letras. Evento forte e mostrando o fôlego da instituição comandada por Jorge Alves de Lima e Ana Maria Negrão. Vi um maestro Júlio Medaglia falar sobre a história da música no Brasil em momentos específicos, realçando que nesses primóridos, séculos XVIII e XIX, eram principalmente negros fazendo a música que tocava e se apresentava em Veneza, tomada como símbolo europeu. Apenas numa etapa posterior passam os brancos a fazer música que  introduzia a cultura negra em suas composições. A música clássica, segundo ele, começou aqui 150 anos antes de os Estados Unidos fazerem seus registros. Foi uma sequência do que falou quatro anos atrás (https://adilson3paragrafos.blogspot.com/2019/03/ciclos-culturais.html). No mesmo evento cultural, para coroar a noite, vi os dedos rápidos de Sônia Rubinsky flutuando sobre o teclado do piano, um encontro de ambos, mãos e mecânica, pela mais doce atração. Generosa, após a apresentação Sônia não se recusou a tirar fotos com todos nós, os fãs. Documentado assim esteja, em redes sociais, aparelhos celulares e, é claro, na memória.

Além da realidade da cultura, dias de ficção científica foram vivenciados. A Base Estelar de Campinas realizou sua 37a. Convenção de Ficção Científica na Biblioteca Municipal, com o tema De Volta à Lua. As impressões e fotos do evento podem ser conferidas nas redes sociais (https://pt-br.facebook.com/BaseEstelarCampinas/). Não pensem que a ficção é o mundo inverso da ciência. A partir de uma, chega-se à outra. Difere, portanto, da pseudo-ciência, essa sim deletéria. Em especulações ficcionais, o vermelho refletido no espelho deveria ser azul, fazendo a inversão das ondas curtas para longas e vice-versa. Mas não é, apenas reflexão total em que direita vira esquerda. Conceitos fortes da física que esbarram na materialidade dos fatos, nada mais, mesmo que opiniões contrárias queiram ser relatadas. Um pouquinho de abuso coligativo de minha parte leva ao texto publicado ao longo do mês no mais democrático dos canais: https://www.brasil247.com/blog/alguma-licao-do-jornalismo-a-jato.

Ouço na tv que Ludwig van Beethoven teve seu DNA sequenciado, o que levou a especulações - ou comprovações - acerca de sua ascendência bastarda, os problemas de fígado que o levaram à morte, e por aí vai. O maestro do parágrafo acima se pautaria pelas informações para explicar a genialidade do compositor? Surdez também pode ter uma causa genética, que seria mais importante para resolver o problema e tratar a deficiência entre os viventes, não os ausentes, como foi o caso de Beethoven. Sua nona foi surda, brincam as anedotas eruditas. Os dias correntes carregam contrastes, fortes oposições que nem sempre contêm alguma doçura. Foram dias de transição de estações, os quais levaram muitos a falar da água e do outono. Uns enalteceram as novas cores que surgem nos céus e nas plantas, outros, a contínua batalha pela preservação do líquido vital. Não é por menos que, na maioria dos poemas, água e mágoa rimam. Poesia, também com dia de comemoração no calendário local e mundial. Poesia, que é feminina por ser forte e doce.

Comentários

  1. "Beethoven não era um Beethoven". Quem se importa? Aliás, não fosse ele, o nome não se teria eternizado...

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