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Regência republicana

Regência gramatical é algo que já não existe mais. 'A coletânea que participo' foi assim anunciada por um escritor, solicitando colaboração para bancar a edição, o que me faz pensar o quanto ele domina a linguagem com a qual quer comunicar sua visão de mundo, seus sentimentos e pedidos de ajuda financeira. Se é falha na origem, o que dizer do que é perdido no caminho até chegar a quem lê. No longo trajeto entre as ideias e os ouvidos, as frases e sentenças se deterioram em fases e sensos. Ou será que a aposta é na semelhança de nível literário, ou seja, quem for ler é tão privado das regras gramaticais mais simples que não fará diferença usá-las ou não? Deve ser essa a explicação e a irritação é somente minha, ranzinzo de palavras ditas&malditas. Não, não sou afiado na escrita, nem formado em línguas não sensoriais, muito menos sabedor dos estilos e da linguagem, mas tento, ao menos, corrigir o que escrevo. Os dicionários e gramáticas estão aí para isso, ainda mais agora ac...

Segredos que fazem água

A semana iniciou com a ansiedade pelo levantamento do sigilo de documentos referentes ao assassinato de JFK. Parece que nada de novo dali aflorará, mas a expectativa era de que, enfim, esclareceriam o trajeto da bala mágica que matou John F. Kennedy, ou que a CIA, KGB e não sem mais o quê poderiam estar envolvidas em seu assassinato e no assassinato do assassino dias depois. Um prato cheio para teorias da conspiração e adorei assistir ao filme de Oliver Stone JFK - A pergunta que não quer calar , de 1991, que trata de outras versões do crime, além do mostrar o assédio a Abraham Zapruder e seu filme caseiro, considerado o único registro detalhado dos tiros na comitiva em Dallas, naquele 22 de novembro de 1963. Outro filme, Parkland , de 2013 dirigido por Peter Landesman, realça as inconsistências na autópsia do presidente morto. Os mais de 2 mil documentos, com 60 mil páginas, agora liberados, podem ser consultados aqui:  https://www.archives.gov/research/jfk/release-2025 . Vou agua...

Sentimentos em círculos

Sentir a falta de alguém com quem não se conviveu ou lamentar a morte de quem não se conheceu. Sentimentos ilógicos, talvez. Outros dirão que são apenas parte de nossa condição humana. Minhas lágrimas são apenas salgadas e não sei o quanto elas contribuem para apaziguar o sofrimento alheio. Mas são acontecimentos com sujeitos determinados, ainda que queiram nos fazer crer que é o acaso que determina certas mortes. O motorista que morre pela queda da árvore, fruto da falta de manutenção da prefeitura, sensibiliza. Querem convencer que é a malvada chuva a culpada. A menina que é arrastada pela enchente e desaparece, isso porque não houve ações de combate às mudanças climáticas extremas, comove. Novamente, imputam apenas à água que cai a razão da tragédia. Travamos muitas guerras no ambiente urbano, parecendo que todos querem ser xerifes, mas não há um gerente. Em uma guerra, ainda mais na urbana, depois da verdade, as vítimas mais tristes são as crianças. E também morremos de doenças e c...

Festa imodesta

Usando um pouquinho de Chico Buarque, com a devida vênia, as festas do fim de semana foram espetaculares. Ganhamos o Oscar de melhor filme internacional com Ainda estou aqui ! E a consagração de Fernanda Torres mostrou uma atriz expressiva, madura, carismática e pronta para papéis mais ousados ainda. Walter Salles finaliza um filme/documentário sobre o jogador Sócrates e Fernandinha tem sido sondada por diretores de Hollywood. Que o Oscar seja como as medalhas olímpicas e paralímpicas: aconteçam sempre. Ou pelo menos, que apareçam às vezes nos ciclos olímpicos, pois sabemos que as oscilações, tanto no esporte quanto na arte, fazem parte. Quiçá, um dia, até uma final de futebol vire algo tão engajado e empolgante quanto uma disputa pelo Oscar! Sei, exagerei em meu entusiasmo. Fiquemos com as certezas de empolgação mais pé-no-chão do voleibol e do tênis. Esses estão acontecendo a pleno vapor com as últimas rodadas da fase de classificação das superligas de voleibol, masculina e feminina,...

Sonhos

Vivemos um carnaval de sonhos, não apenas pela possibilidade real de ganharmos um Oscar, de forma direta, pela primeira vez, mas também por outros acontecimentos políticos que podem ser concretizados. Esperemos. Digo de forma direta porque já ganhamos o Oscar uma vez com Orfeu Negro (também chamado de Orfeu do Carnaval ), mas a titularidade de prêmio ficou com a França, uma vez que a produção foi deles. Quem paga é dono, não importa se por um lote de terra ou por uma obra cinematográfica. O filme é de 1959, ganhou o Oscar em 1960, e foi dirigido por Marcel Camus. Ele é baseado na peça teatral Orfeu da Conceição , de Vinícius de Moraes, e totalmente falado na versão tropical sul-americana da língua de Camões. É importante localizar bem as coisas, pois os mapas geográficos estão ficando obsoletos, à mercê de doidivanas que comandam países poderosos. A Europa uma vez já foi dividida entre o Terceiro Reich e o resto. A América volta a seguir um rumo extremamente perigoso, um pesadelo para...

Mudança de direção

Reler escritos antigos leva a refletir sobre o seu conteúdo. Opiniões mudam com o tempo. A base moral é sempre a mesma, é apenas aperfeiçoada, lapidada. A pessoa não muda e, por isso, julgo ser difícil que mudanças drásticas nessa base moral aconteçam. As surpresas que nos acontecem são fruto de não conhecermos a fundo a índole alheia - talvez nem entendamos por completo a nossa própria. Por isso é bom explicar para si o que vai pela mente. Eu uso da escrita há um bom tempo, não apenas o que compartilho e publico, mas aquilo que segue em cadernos de capa dura, feito a intimidade de um diário que nunca ninguém lerá. Gosto de rever os escritos antigos para explicar para mim o que mudou, se tenho justificativa para uma ou outra posição que seja criticada, ou se é fruto do transcurso esperado no desenvolvimento humano. Lauro Péricles Gonçalves faleceu nesta semana e foram muitas as homenagens e lembranças a sua vida e a seu legado, em particular à valorização da cultura campineira. Meu res...

Inteligências múltiplas

A mente é algo fascinante pelo que consegue criar, sentir e pensar. Somos corpo e mente, de forma indissociável e a máxima de Juvenal perde o sentido na essência de nossa natureza ( mens sana in corpore sano ). Vivemos a consciência do pensamento e é uma das funções fisiológicas (a consciência) que ainda não possui uma bioquímica conhecida. Deve haver uma explicação para que ela exista; nós é que não descobrimos, o que leva alimentar a vida paralela de muitos, com fundamentos míticos e místicos. Nossa fragilidade filosófica não pode ser responsabilizada pelo mundo mágico e sobrenatural que criamos para justificar nossa consciência da efemeridade. Por outro lado, há portadores de mente que não dão importância para o que possuem ou fazem pouco caso dessa circunstância. A mesma mente cria conflitos, propaga ódios e refuta o amor. Se tudo é inteligência, jocosamente podemos dizer que está aí a mais mensurável das constantes universais: a inteligência seria constante, o que muda é o número ...

Tempo não é dinheiro

As ferramentas da chamada inteligência artificial (IA) são assustadoras. Sabemos que o computador não é capaz de criar, mas é um espanto a velocidade com que a programação feita com ele consegue escarafunchar o mundo cibernético e encontrar respostas para o que perguntamos. Velocidade que inclui a comparação entre diferentes respostas já dadas e escolher a melhor, além de elaborar textos por meio dessas comparações. Trata-se de uma cópia aperfeiçoada, que está muito difícil de ser verificada. Até versos podem ser elaborados por meio da IA. Existem pesquisadores em literatura que estão analisando essa capacidade da ferramenta, inclusive na construção de poemas inéditos imitando o estilo de determinado autor. O professor Paulo Franchetti tem analisado essas proezas em seu perfil no Facebook ( https://www.facebook.com/paulo.franchetti ) com resultados instigantes. Mas voltemos à natureza da IA: é uma ferramenta que copia e reescreve o que copiou de forma quase instantânea. Rapidez, é ...

Um mês a menos

Gostei de rever anotações sobre a obra de Euclydes da Cunha para compor a apresentação na Academia Campinense de Letras. Além de Os Sertões , ele escreveu o que viu no país - e também fora dele - com uma estética particular, mesclando a precisão do engenheiro com a dura poesia de sua natureza. Natureza de Euclydes e do Brasil. Talvez tenha adoecido antes de completar a outra obra magnânima, que versaria provavelmente sobre a Amazônia, isso porque alguma doença pulmonar já o teria abatido, segundo alguns relatos de biógrafos. A fragilidade do corpo junto à mente inquieta talvez o tenham levado ao distanciamento familiar e, com isso, a provocar a própria morte nas mãos do amante da esposa. Especulações que beiram a fofoca e se distanciam da importância literária dos fatos. Buscamos detalhes ao redor do escritor para melhor estabelecer as circunstâncias de sua escrita e entender a escolha de temas, abordagens e até de vocabulário. No caso de Euclydes da Cunha, a maior parte de possíveis i...

Semana quente

O calorão em Campinas está mais intenso do que o da praia. Ao menos meu termostato de meia-idade assim indica. Não fossem os inúmeros buracos no asfalto em minha rua, daria para fritar ovos ali, segundo dizem. Falta asfalto decente, mas não falta corte de árvores, uma vez que a prefeitura se refina em dizer pomposamente que está subtraindo centenas - sim, centenas - de espécimes condenados ou em risco para a população. O risco maior não seria a falta de sombra e excesso de temperatura? Fato é que cortes são vistos, replantio, nenhum. Mas não devemos reclamar, o país é tropical e estamos adaptados a tal situação, certo? Meu suado corpo tende a discordar, tentando encontrar algum sofisma nas frases anteriores para refutá-lo científica e filosoficamente. O ventilador da sala assusta a gata, então as leituras&escritas de fim de férias se dão com toalha no ombro e água à mão, para o devido balanço de líquidos que entram e saem. Tudo para não molhar as páginas a serem lidas: o papel depo...

Lições das férias

Caminhando pela calçada à beira-mar, os transeuntes se cumprimentam. Bom dia! Gesto deplorável, segundo os jovens que me acompanham, sentindo até vergonha de estarem em minha companhia. Não aceitam a ideia de ser o mínimo que se espera entre pessoas que civilizadamente apenas estão dividindo, provisoriamente, o mesmo espaço. Mas são desconhecidos, argumenta uma das moças. Sim, mas é por isso que ficamos no bom dia, sem precisar entabular uma conversa sobre a vida mundana de cada um. No instagram, contudo, falam de si e colocam imagens de tudo o que presenciam - sem necessariamente vivenciar - para qualquer um ver e ler. Meu bom dia é mais inocente e seguro. Na malemolência de alguns dias na praia, o blog se encurta para respeitar a dimensão da quantidade de leitores. Quantidade, não intensidade, pois eles aí estão e lançam comentários à espera de resposta. A decisão por não responder diretamente foi para não poluir o espaço, mas vez ou outra cito esses abnegados frequentadores. Um dele...

O blog ainda está aqui

As férias começam, mas o blog insiste em ser capitalista passivo, ou seja, trabalha para que outros enriqueçam. É uma metáfora, pois não monetizei este espaço, como fazem por aí. Tornou-se uma forma de despassivar um pouco o proletário de palavras e imagens com o incômodo de fazer pipocar nas páginas aqueles anúncios que mais irritam do que propagandeiam algum produto ou serviço. Aqui no blog, se as reflexões e devaneios servem para que outros também reflitam, muito bem, a mais-valia terá valido a pena. Férias podem ser para descanso, imprescindível, mas a mente nunca para e até a escolha da praia é fruto de sinapses. Guarujá, com seu surto acima da média de contaminação viral ou bacteriana - ainda não se sabe ao certo - foi opção descartada, e a viagem é esticada um pouco mais, até o Litoral Norte paulista, reencontrando as praias de outrora, quando morava em Lorena. A decida pela serra é marcada pela sinuosidade que sempre seguiu o caminho dos ventos, desde os primeiros povos que aqu...

Listas

Ano novo e aparecem as listas de desejos, de promessas ou de simples afazeres. Gosto de listas e, mais ainda, de anotá-las em folhas de caderno espiral com caneta esferográfica azul. Minhas listas são mais as de livros desejados para ler, dos desafios científicos para resolver no trabalho e dos artigos de opinião para escrever, ainda mais agora que tenho uma dúzia de compromissos com milhares de caracteres diários que precisam alcançar algum veículo impresso ou virtual. Já virou clichê dizer que as listas de promessas escritas neste início de ano serão as mesmas das de aqui doze meses, da mesma forma que as de hoje não diferem daquelas do ano passado. Planejamos e organizamos, mas vem o destino e carrega a lista para lá, parodiando o magnífico Chico Buarque. De minha parte, limito-me a levantar planos passados e a constatar o mínimo que se conseguiu realizar. A realidade supera a realização, ou seja, a parte passiva da vida é predominante sobre a ativa. Assistimos ao que acontece sem c...

Desfrutando

Adoro melancia. Junto com minha filha, somos capazes de devorar uma frutinha dessas de 15 kg em dois ou três dias. Coloco a descendente na equação, mas minha contribuição passa de 80%. Números que não traduzem o prazer de desfrutar o adocicado pedaço de melancia, com sua textura particular e quantidade exagerada de líquido. As sementes são sorvidas e cuspidas no prato, como deve ser. Escolher o exemplar da fruta batendo na casca para sentir se o som produzido é oco ou não e verificar que a parte remanescente do cabo está seco são procedimentos que funcionam em parte. E comprar quando a promoção coloca o quilograma abaixo de R$ 3. Mais que isso, o compromisso da degustação com o custo fica indigesto. Não vendem melancias por dúzia. Aliás, nem laranjas mais são vendidas por unidade, o "peso" virou a forma de medida, agora que abundam balanças por todo e qualquer estabelecimento comercial. As aspas são para me lembrar que cientificamente medimos a massa, pois peso é resultante d...

Bomba natalina

O frentista já sabe que eu não peço o comprovante do cartão, mas quero a nota fiscal impressa, sem o CPF, para depois doar os eventuais créditos do imposto que eu pago. Sim, o ICMS é imposto pago pelo consumidor e recolhido pelo empresário que vende o produto, parece que nos esquecemos desse princípio básico, dando a impressão que é o pobre do empresário quem "paga" a conta. Se ele sonega, aí fica pior, pois pagamos e ele embolsou o imposto. Mas naquele dia era um pouco mais tarde que o habitual e o movimento no posto estava menor, o que deu chance para o frentista reclamar de outro freguês, sistemático, que só abastecia em uma das bombas e ficava esperando em fila, mesmo que outras estivessem vazias. E não gostava que lhe perguntassem qual combustível e o quanto pôr: a regra era gasolina e encher o tanque. O franco frentista continuou a digressão ao narrar o dia em que o freguês veio reclamar que puseram gasolina ruim no tanque, o carro falhou, precisou chamar mecânico. Todo...

Saudáveis informações

Na espera do resultado cardíaco, aflige-me uma forte gripe. Desgraça, diz o ditado, vem a galope e acompanhada. Inimiga da solidão, a ruindade amealha companheiros pela jornada. Chás, líquidos leves, repouso e uma boa dose de corticoides já estão me colocando de volta, não que tivesse ficado parado: mesmo com vontade contrária, sói que o corpo dói. O coração físico vai a meia velocidade, acompanhando o amoroso, já que o tempo nos traz a idade e, com ela, o risco de ficarmos e termos fartos&infartos. Herdamos uma alimentação errada para os dias atuais, que era muito certa para outros dias em que a atividade física estava diretamente relacionada com a sobrevivência. Hoje nos esforçamos para impor alguma movimentação muscular que compense o que o cérebro arduamente treinado ao longo de milênios diz para o resto do corpo: acumule para não faltar. Da mesma forma que socialmente descobrimos que é na cooperação e não na competição que crescemos, e que o acúmulo de capital somente trouxe d...

Acadêmicos e cardíacos

A ansiedade foi substituída pela emoção. Participei de várias posses de Acadêmicos nas mais distintas instituições, ouvindo atentamente suas orações em homenagem aos antecessores e patronos, admirando-me com suas histórias de vida e analisando posturas, gestos, tamanho dos discursos para saber o que fazer quando chegasse a minha hora. Ela chegou. Na noite de 5 de dezembro, tomei posse da cadeira número 7 na Academia Campinense de Letras (ACL), juntamente com Ademir José da Silva, Maria Cristina de Oliveira e Marino Di Tella Ferreira. O patrono da cadeira é Euclydes da Cunha, o que é muito honroso, significativo e aumenta a responsabilidade por ser ele também o patrono da Academia de Letras de Lorena e objeto de estudos curiosos de minha parte, ao lado de Lima Barreto. Por ser uma cerimônia conjunta, o discurso de cada um foi abreviado, mas consegui fazer meus agradecimentos e homenagens aos que me antecederam nas duas páginas escritas. O site da ACL ( https://academiacampinensedeletras...

Escondidos e explícitos

O blog é exclusivo da palavra e as imagens ficam relegadas às redes sociais, álbuns, nuvens e outros locais. Assim, não foram postadas fotos da viagem a Praga. De qualquer forma, é cidade indicada para eventos, incluindo aquele do qual o meu colega Acadêmico Paulo Viana pretende participar. Um congresso de Esperanto em Praga será uma combinação de duas linguagens universais: a língua e a arte. Outra informação importante: o blog não é moderado para aceitar comentários e a maioria dos leitores entra como usuário anônimo, o que não me permite identificar a autoria. Alguns colocam o próprio nome ao final do comentário para se fazer conhecer, outros não. Agradeço pelos elogios que aqui são postados, as críticas até que são raras, mas os pedidos de envio de livros e outras informações ficam prejudicados por não conterem o remetente. Aproveitem a promoção do breque à fraude e enviem e-mail para mim se o objetivo for esse, tornando o desejo explícito. Se quiser continuar escondido, o segredo ...

É Praga!

A capital da República Tcheca é a mais barata para se viajar e fazer turismo, segundo avaliações seguras. Acabei de voltar de lá, participando de um congresso científico na área de química de polissacarídeos. Vida de cientista é assim: consegue turistar um pouco quando concilia o passeio com atividades profissionais. Sem mala despachada, devido ao preço, dormi em quarto que não era hotel, confortável, sentindo-me quase o mochileiro de décadas atrás. Quatro dias, suficientes para conhecer um pouco mais da ciência mundo afora, levantar ideias e comentários para minhas colunas nos jornais e adquirir cultura, a mais nobre das criações humanas. A gota não me permitiu desfrutar das excelentes cervejas locais. O alupurinol que combate o ácido úrico causa alergia, então resta-me o consolo do vinho. Muito bom vinho. O caminhar pela cidade é o melhor passeio, com ruas em arquitetura centenária e milenar formando um museu de coloridas paredes, janelas, portais, decorações, histórias. A cidade se ...

Observações

A motorista do Uber reclamou dos buracos de meu bairro. Uma região com altíssimo valor de IPTU, mas desprezada pela administração municipal. Dizem que é devido ao esclarecimento político dos moradores, que não compactuam com favoritismos ou fisiologismo dos mandatários e, não por menos, a região carrega o adjetivo universitária em seu nome. Eu duvido um pouco, ainda que nas últimas eleições os vencedores das urnas daqui se distinguiram dos que foram eleitos no município. A motorista foi categórica ao dizer que precisamos de um vereador, que brigará por recursos para melhorar a condição urbana do bairro. Afinal das contas, essa é a única utilidade do vereador, segundo a autônoma. Talvez por estarmos habituados ao favoritismo político, normalizando-o, esquecemos que a sociedade em harmonia é muito mais do que isso. Os recursos públicos deveriam ser aplicados em função do interesse coletivo e melhoria da urbanidade para todos, e não para os grupos que consigam impor sua influência por mei...