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Mostrando postagens de agosto, 2024

Cores

Queima o país em incêndios criminosos. O lindo pôr do sol é retrato da poluição, o espectro de espalhamento da luz se expande porque partículas estão no ar, não o amor, como diz a letra da música de John Paul Young. E surgiu uma nova coloração vermelho alaranjada que estampou os céus, as capas de jornais e revistas e as apresentações televisivas. Bonito cenário, porém perigoso. Poucos são os fogos iniciados naturalmente, sim, porque raios que vêm da atmosfera existem, mas são raros. É o ato de riscar um palito de fósforo ou acender um isqueiro que está por trás de mais uma calamidade ambiental e respiratória. As cores, novamente eles, são fruto de transições eletrônicas, com partículas subatômicas excitadas pelo calor e devolvendo a energia obtida na forma de luzes. Sim, a química, a mais bela das ciências, tinha que estar presente. O fogo é tido e havido como elemento de limpeza e o que ele faz é transformar o exuberante verde e o colorido múltiplo de flores em cinzas, uma nefasta mes

O velho e o novo sempre vêm

Uma senhora espanhola de 117 anos morreu. Era a pessoa mais idosa viva. Diferentemente dos esportes, o recorde de pessoa mais velha só pode ser ultrapassado com a morte! Viver demais não é competitivo. No Brasil, temos mais idosos do que jovens entre 15 e 24 anos, segundo os novos dados do IBGE, a partir do Censo de 2022. Passamos a ter o padrão europeu na composição de nossa população. A primeira questão que os economistas trazem é se a previdência se sustenta com essa inversão da pirâmide etária, esquecendo que os aposentados de hoje contribuíram ontem. O problema é que parte do recurso arrecadado pelo trabalho que os idosos realizaram não foi aplicado no próprio sistema, e querem nos convencer que a fórmula de cálculo do "rombo previdenciário" é uma conta de armazém, tal qual uma das candidatas à prefeitura de São Paulo externou em recente entrevista. Não, não podemos apenas nos limitar à aritmética do quanto entrou e o quanto sai. O componente tempo aqui é muito important

Voos efêmeros e coincidentes

O químico Francisco Carlos Nart morreu na queda do voo Gol 1907, que se chocou com um jato Legacy em 29 de setembro de 2006. Ele estava em Manaus trabalhando na análise de novos cursos de pós-graduação, e, segundo colegas que participavam da avaliação com ele, acabara a análise de projetos mais cedo e resolveu antecipar sua volta a São Paulo para retomar suas atividades de pesquisa na Ufscar. Foi uma das 154 pessoas mortas naquela tragédia. Dias depois, eu recebi um projeto da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) para analisar e os olhos tremeram ao ler como responsável pelo departamento o nome do Chico Nart, como era conhecido. Feito uma cápsula do tempo, tratei de olhar aquele material, demorando-me na folha com sua assinatura. Eram tempos em que o papel impresso imperava, a documentação em arquivos pdf estava na iminência de acontecer, mas demoraria alguns anos para ser quase exclusiva. Tocando o papel com o relevo da assinatura, senti que a sensação da efem

Para não dizer que não falei de medalhas

E vamos pelo ar, terra, quadras, águas e mar conquistar medalhas olímpicas. Até aqui estamos com os pódios mais negros e femininos nas Olimpíadas. Pena que tal consagração não se reflita na sociedade como um todo. Mas é um primeiro passo, ou um salto, para ficar com uma das habilidades de Rebeca Andrade, o retrato de um Brasil que pode dar certo. Farão um álbum com as imagens icônicas capturadas, ou melhor dizendo em linguagem raiz: com as belas fotografias tiradas. Tudo bem que uma dessas medalhas é de um negacionista surfista e nem fui atrás de detalhes dos demais esportistas, desmemoriados que são da Bolsa Atleta que sustenta a muitos. Há jornalistas que não se avexam em afirmar que não sabiam de muitos outros esportes mais interessantes que o ludopédio. Sempre fui fã das bolas realmente rápidas, do vôlei e do tênis, mas preferem o jogo da cera, da catimba, do recuo, do toquinho lateral, que não faz gol e nem sabe lidar com o VAR. Houve uma imagem histórica dessas bolas rápidas a qu

A fórmula de Bhaskara

Deixei de falar sobre o dia do escritor na semana passada. Não falado não quer dizer não pensado. Dizem que há excesso de escritores e falta de leitores. Não tenho instrumentos confiáveis para avaliar, mas fato é que escrevemos hoje muito mais do que antes, com possibilidades de impressão de livros ou transformação dos textos em ambiente virtual, textos que podem chegar a muito mais gente. Mas essa gente está lendo o que escrevemos? Já fui criticado por dizer que escritores somos todos nós, uns com livros publicados, todos com livros vividos. Quem é escritor profissional acusou-me de desvalorizar tal profissão. Não foi a intenção, pois eu também escrevo e, até aqui, não tive a pretensão de usar a escrita como meio de vida. Mas compro muita literatura. A dessa semana foi um misto de Valter Hugo Mãe ( Deus na escuridão ), Ana Maria Gonçalves ( Um defeito de cor ) e um mimo da ficção científica - StarWars, a trilogia . Um colunista do Correio Popular, que reproduz o texto no Hora Campinas