A fórmula de Bhaskara
Deixei de falar sobre o dia do escritor na semana passada. Não falado não quer dizer não pensado. Dizem que há excesso de escritores e falta de leitores. Não tenho instrumentos confiáveis para avaliar, mas fato é que escrevemos hoje muito mais do que antes, com possibilidades de impressão de livros ou transformação dos textos em ambiente virtual, textos que podem chegar a muito mais gente. Mas essa gente está lendo o que escrevemos? Já fui criticado por dizer que escritores somos todos nós, uns com livros publicados, todos com livros vividos. Quem é escritor profissional acusou-me de desvalorizar tal profissão. Não foi a intenção, pois eu também escrevo e, até aqui, não tive a pretensão de usar a escrita como meio de vida. Mas compro muita literatura. A dessa semana foi um misto de Valter Hugo Mãe (Deus na escuridão), Ana Maria Gonçalves (Um defeito de cor) e um mimo da ficção científica - StarWars, a trilogia. Um colunista do Correio Popular, que reproduz o texto no Hora Campinas, ao defender a profissão de escritor, clamou, corretamente, por uma melhor formação em humanidades para formar um melhor público ledor, mas cometeu o impropério de afirmar que fórmula de Bhaskara para nada serve. É, talvez ele creia que a diagramação do espaço impresso em um livro é obtido do nada, sem alguém que um dia programou e "calculou" a área usando muitas fórmulas, a de Bhaskara sendo uma delas.
À medalhista olímpica Rayssa Leal foi feita uma pergunta por ocasião de sua volta à rotina de estudos no Ensino Médio. Qual foi? Se sabe a fórmula de Bhaskara, sempre ela. Por que um instrumento algébrico tão simples para resolver equações de segundo grau virou marca de dificuldade matemática? Por certo não seria a melhor ou mais importante pergunta que eu faria a uma jovem de 16 anos que acabara de conquistar sua segunda medalha olímpica, um feito inédito para o Brasil pela idade que a Rayssa tem. Saber sobre os anseios de formação profissional para além do período em que terá vida útil no esporte seria uma delas. Ou mesmo como lidar com a fama no ambiente familiar, escolar e de amigos em que os demais entes não partilham diretamente do sucesso. Vindo ela do Nordeste em que muitos estados possuem desempenho de seus alunos acima da média, perguntaria se ela é um desses prodígios também na escola e em outras olimpíadas - as do conhecimento. Mas é a singela fórmula matemática que entra em destaque.
A fórmula de Bhaskara, também chamada de fórmula quadrática, é uma expressão redutiva de uma equação do segundo grau para determinar o valor de uma incógnita. Ela vem de um polinômio de segundo grau, por exemplo, a.x² + b.x +c = 0, em que x é a incógnita que se quer determinar, a, b e c são coeficientes (números) conhecidos e a igualdade a zero é o que se chama equação. A fórmula é assim obtida: x = (- b ± √Δ ) / (2.a), em que Δ (delta) = b² - 4.a.c. A representação gráfica dessa equação é uma parábola e determinar os valores de x, ou as raízes da equação, é fundamental em muitos cálculos físicos, começando pela aceleração. Para entender melhor, pode ser visto um sumário na internet (https://pt.wikipedia.org/wiki/Fórmula_quadrática). Se estamos em período olímpico em que velocidade é determinante, os atletas, tal como a Rayssa, podem não saber usar a fórmula de Bhaskara para calcular sua atividade, mas usam o princípio para seus melhores desempenhos. O cálculo fica, pois, com a comissão técnica que avalia o que eles fazem. Estudar um pouquinho também é bom.
Este hábito de fazer uma pergunta para confundir , nenospresar a pessoa é abominável.
ResponderExcluirOutro dia vi uma criança responder com outra pergunta:
-Em que site vc viu a resposta?
Muito interessante os assuntos tratados nestes parágrafos e a referência à fórmula de Bhaskara, fez-me lembrar do quanto gostava de estudar matemática.
ResponderExcluirParabéns Adilson! Tenhamos confiança que sempre haverá leitores enquanto houver escritores .
Maria Felim
Tem toda a razão ... muito se escreve e pouco é lido!
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