30 anos

Universitário, eu tinha um terço da idade atual. Um dos lemas preferidos, cantado em músicas, era para não confiar em ninguém com mais de 30 anos (https://www.letras.mus.br/marcos-valle/1364186/). Hoje com muito mais cabelos brancos - e quilos&dores - inverto a equação/citação para não confiar em ninguém com menos de 30... Já me olham torto aqui do lado. O conflito geracional existe apenas há uns 200 mil anos, coincidente com o nosso surgimento como espécie. Sabemos e não admitimos: os jovens de hoje são sempre piores que os de ontem. Nosso pais falavam isso de nós e por aí vai em sequência ininterrupta. Ela terá um fim, com certeza, pois um dia deixaremos de existir, tanto por uma questão lógica da evolução, quanto pelo que fazemos com nossas vidas e nossa casa. A tragédia no Sul do país é, infelizmente, apenas uma das nefastas faces de nosso descaso ambiental e adesão a um negacionismo sem precedentes. Mas continuemos a alimentar estudos sociológicos que tentam explicar os novos conflitos à luz de rótulos de gerações antes e após o milênio ou do quanto fazem ou deixam de fazer com seu tempo. Tempo, a inexorável medida humana, que não há ninguém que tenha e ninguém que não queira, deturpando a linda poesia de Cecília Meireles.

Tempo passado. Aquele 9 de maio de 1994, uma segunda-feira, foi o dia em que comecei a jornada de pesquisador com registro na carteira profissional, ou melhor, como professor universitário. Antes, era bolsista de graduação e pós-graduação e, oficialmente nos anais da previdência, eu apenas colecionava o tempo de balconista por três anos, outros dois anos como professor temporário de química na secretaria de Educação do Estado, além de outros períodos, sem registro, como vendedor nas ruas. Sim, já vendi algumas coisas pelas ruas de Campinas: jornais, doces, bilhetes de loteria, sorvetes. Outros tempos em que havia espaço e eu tinha joelhos para longas caminhadas. E precisa pagar minha existência. Os 30 anos que se completam agora são significativos para lembrar os caminhos e desvios nessa jornada científica, mais de metade de minha vida. Números redondos, como sempre dito, são mais fáceis para lembrar e um chamativo para comemorar. No momento, com fortes dúvidas acerca dos rumos a tomar na vida profissional e com tragédias ambientais no Sul do país, repito, não há muito a se comemorar. Mantenho a lembrança associada às reflexões do caminho trilhado, sem aborrecer mais o leitor.

Madonna completa 40 anos de carreira - mamma mia! -, a Língua Portuguesa tem seu dia mundial em 5 de maio e descobrem que sua origem está muito mais relacionada com o galego do que se pensava antes. Também são 30 anos da morte de Ayrton Senna, que foi um representante do brio e das vontades do brasileiro em um esporte que ninguém pratica. Esse é um dos aspectos peculiares do piloto de Fórmula 1. Choramos todos naquele domingo, 30 anos atrás. Mas o show devia continuar e a tragédia foi aumentada com a escolha da luta-livre como alternativa de entretenimento ao automobilismo. Tantas décadas se completam neste 2024 e, repito, os selos são um dos principais instrumentos para revelar parte dessa história (https://lorenafilatelia.blogspot.com/). O blog não é necrológio, mas não dá para esquecer que já se completa um ano sem Rita Lee (https://adilson3paragrafos.blogspot.com/2023/05/faz-falta.html). Meus heróis estão morrendo por decurso de prazo. Ainda bem que muitos deles viveram boas vidas e tiveram tempo de nos legar muita cultura, muita escrita, muita vida, enfim.

Comentários

  1. Adoro o que vc escreve sempre me traz muitas lembranças como as ds Rita Lee passesndo com sua jaguatirica em frente a minha casa em SP

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