Faz falta

Meio milhão de mortos. Esse é o título do artigo no Jornal Cidade de Rio Claro desta semana, uma avaliação de quantas pessoas morreram pela covid-19 além do estimado pelo porcentual de população que temos em relação ao resto do mundo. Muita gente morta além da crise pandêmica. Morreram por negligência, descaso, negacionismo. Fazem falta. Aquele jornal do interior paulista é um dos remanescentes espaços impressos para divulgar opinião e notícias locais. A manifestação opinativa que vai em outros sites, em movimento cíclico, sempre divulgo aqui. Descubro que todos que pensam, põem o pensamento em ciclos de vai e vem; de reflexões eles costumam rotular. Talvez justifique-me assim, tentando não ser repetitivo, mas não perdendo a essência dos argumentos. Leio o que está escrito para saber o que foi dito e também o que foi modificado de um pensamento inicial, incluindo meus pensamentos. Mas o que é crime continua sendo crime, estando ou não o criminoso no poder. Eis mais uma dessas reflexões: https://www.brasil247.com/blog/meandros-da-investigacao-do-8-de-janeiro.

Descobri o que está incomodando na leitura da biografia de Angela Maria, citado em postagem do começo do ano (https://adilson3paragrafos.blogspot.com/2023/01/linda-festa-vamos-trabalhar.html). Após ler os dois manuais, de Ruy Castro e Lira Neto, enfim encontrei todos os elementos que não devem estar numa biografia. O autor dá um tom muito coloquial em algumas tratativas e coloca sua visão de mundo ao lado da vida do biografo, de forma muito recorrente. Os especialistas dizem que o autor, nesse caso, deve ser o mais invisível possível. Depois de lidos dois terços da obra de mil e tantas páginas, seguimos em velocidade de jabuti. Mas, contrariando as estatísticas dos que desistem da leitura - páginas lidas inversamente proporcionais à idade do leitor - sigo na empreitada de ir até o fim. Faz falta um escritor de livro impresso procurar se aperfeiçoar para se afeiçoar ao leitor.

Já estava com os parágrafos em construção, quando mortes de pessoas importantes aconteceram. Rita Lee lutava contra o câncer no pulmão há algum tempo e sua condição física já se deteriorava, ainda que postagens recentes davam algum alento de sobrevida. Não é justo retardar a mortalidade de quem já é imortal. Fiquei pensando em qual canção dela de que mais gostava e descubro que admirava tudo, e de várias épocas. No Facebook repeti o verso 'amor é prosa, sexo é poesia', apenas uma das linhas das tantas que a rainha cantou. Incluí depois o verso/poema de Paulo Leminski 'tudo que li me irrita quando ouço rita lee'. Cor de rosa choque foi significativo por ser o tema de abertura de TV Mulher, que trouxe nova linguagem à tv brasileira, com espaço e discussões sobre feminismo e feminilidade nunca antes vistos, que refletiam também o que era Rita Lee. Minha primeira memória dela. Daí pra frente, tudo o que ela fez marcou minha vida. Morreu também o ex-deputado David Miranda, muito jovem e promissor na luta pelos direitos de minorias. Por fim, Palmirinha significava pela sua simplicidade, mas, se nem o tempo é eterno, o que dirão as pessoas que nele vivem.

Comentários

  1. Rita Lee, foi minha colega de escola. Seus antepassados foram os fundadores da cidade de Americana.
    Naquele tempo já era irreverente, a frento do tempo.
    Era nossa "Idala".

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