Finalizando

É o fim, finalmente! Daqui a menos de cem horas, trocaremos a folhinha da parede, a grande novidade. Sim, ainda há os que as cultuam. Assim, o ano novo é novo em quase nada. Ao menos a contagem regressiva será com boas sensações, diferente de outras cem horas no ano passado vividas em angústia e agonia. Os leitores perdidos por aí sabem do que estou falando e podem recordar aqui: http://adilson3paragrafos.blogspot.com/2022/10/novas-cem-horas.html. Repito-me em externar minha bronca com o mês de dezembro, o mais curto do ano. Vejo que não apenas este reles escriba de blog tem dificuldades para preencher escritos semanais. Na Folha de São Paulo desta semana, Ruy Castro faz um arrazoado de frases, justificando-as pela simplicidade, Thiago Amparo confessa a raiva ou a falta de assunto que o move, e não nos esqueçamos do ombudsman daquele jornal que fez uma coluna somente com frases de leitores, sem quaisquer créditos a eles. As palavras continuarão a refletir o melhor e o pior de nossa existência humana.

Tempo de férias se avizinha para o qual a leitura tranquila será obrigatória. Palavra forte para expressar um deleite, mas aprendi que o hábito de leitura também não deveria ser assim designado, pois hábitos dizem respeitos a obrigações, que são ruins ou desagradáveis, mas que devem ser feitos. Isso não pode ser atrelado à leitura. Confesso que não sei se conseguirei deixar de dizer que é o bom hábito de leitura que me move. E ler o que é bom, mas o que é boa leitura? A pergunta é eterna e a discussão sobre os clássicos já foi trazida aqui (http://adilson3paragrafos.blogspot.com/2023/10/classicos.html). Minha conclusão é que é bom sabê-los, mesmo que não podendo lê-los todos. O tempo mental é infinito, mas a existência é curta. A biblioteca formada é mais como um menu a degustar do que um prato feito para ser todo comido. Petiscos e refeições que se alternam.

Uma postagem derradeira de 2023 mais curta, mas com espaço para falar dos usos de termos e ideias, tal qual a de hábito de leitura. Precisamos que outros nos mostrem inconsistências para mudarmos o que dizemos com mais clareza. Tempos atrás, o Estadão olhou para si próprio para falar sobre "o bom combate do jornalismo", com alguma honestidade ao reconhecer quando houve precipitação na divulgação da notícia e o quanto ela pode ter sido danosa. O caso era acerca de mortos na guerra Israel-Hamas e a origem de um dos múltiplos ataques. A verdade é sempre a primeira vítima em uma guerra, não nos esqueçamos. Porém, havia no texto um erro de semântica corriqueiro que precisaria ser corrigido na frase usada em destaque (redobrar a atenção): redobrar significa dobrar de novo, ou seja, multiplicar por quatro; triplicar é multiplicar por três. Ou seja, triplicar o cuidado é dar menos atenção do que quando ele é redobrado, que se equivale a quando é quadruplicado. Minúcias em um ano já finalizado. Que venha o tal de 2024, bissexto por natureza!

Comentários

  1. Mais três belos parágrafos. Feliz ano novo e nos traga mais belas postagens como essa, com o mesmo cuidado redobrado.rsrsrs.

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  2. Parabéns Adilson por tantos textos, exercício de trovas ,enfim por toda sua dedicação e carinho com este seguimento.

    Minha trova:
    Ano Novo....Vida nova...
    A magia, o imaginário,
    nada muda, ou se renova,
    a não ser o calendário.
    .

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  3. Delícia de texto para finalizar o ano, parabéns!!🧡

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  4. Encerrou com chave de ouro, blogueiro! Nada terminando, nada começando - tudo fluindo. Obrigado pelos nos textos do ano todo! (PSViana)

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  5. Excelente leitura de seu Blog.
    Realmente as palavras qualificam sempre nossa existência.
    Desejo a você e sua família Feliz Ano Novo.
    Magda Helena.

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  6. Como sempre um.bom.texto

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