Clássicos

Ítalo Calvino e a leitura dos clássicos ressurgem como temas literários em função do centenário de nascimento do autor. O livro "Por que ler os clássicos", também um clássico, se afirma não como manual, mas todos os que o leem assim fazem. Eu fui ticando os livros já lidos - os clássicos - e estou bem longe de chegar à metade, se é que há um número determinado de obras assim classificadas. Se viver mais alguns anos talvez dê para cumprir a meta. Não, não deve ser meta a leitura daqueles livros, mas sim a leitura de livros. Dizem que é bom canalizar o tempo para livros bons, mas só sabemos o que é o livro quando a leitura é concluída. Um paradoxo, portanto. Tenho alguns classificados como excelentes que não consegui passar do primeiro décimo de páginas e outros que li em tacada única. Uma resenha ou a indicação de entendidos da escrita pesam no momento de decidir por forçar a leitura, assunto que já refleti aqui (https://adilson3paragrafos.blogspot.com/2023/01/linda-festa-vamos-trabalhar.html). Tema recorrente porque leitura é recorrência.

Clássicas são as menções a efemérides e também fazê-las corresponder a outras simultâneas, uma vez que o calendário anual é pequeno para tanto acontecimento. No Dia do Médico, 18 de outubro, foi símbólico o remédio democrático distribuído para todos nós, com a aprovação do relatório da CPMI do 8 de Janeiro. Uma reflexão sobre o fato pode ser lida aqui: https://www.brasil247.com/blog/um-marco-na-historia-politica-do-pais. O domingo do Dia dos Professores passou-me em gritante vazio, nem para fazer a clássica afirmação da proximidade com o dia das crianças e com o já mencionado dedicado aos médicos. Feriado santo aproveitado como mundano descanso resultou em algum volume adiposo abdominal a mais. Uma trova à mais nobre das profissões foi assim plasmada e vai aqui em primeira mão, pois nem no grupo de WhatsApp houve ânimo para uma postagem: Professor que estuda e ensina / faz da profissão um dom; / mostra ao menino e à menina / que saber é muito bom. Aproveito para convidar para a reunião da UBT-Campinas, sábado, 21/10, às 10 h na Biblioteca Municipal e para a reunião da Academia de Letras de Lorena, mesmo dia, às 16 h na Escola Arnolfo Azevedo em Lorena.

O contraste é um elemento clássico na argumentação e no estabelecimento de opiniões em oposição. Para fazê-lo, é necessário saber o quadro global que será contrastado ou fazer um recorte com a devida limitação do que pode ser analisado e comparado. A verdade, que antes era única, hoje depende da "narrativa" de quem vende a melhor pós-verdade. Na verdade, os que de tal argumento se beneficiam são os verdadeiros mentirosos. Nesses contrapontos, fiz um breve comentário sobre a mudança de perfil político no Brasil agrícola, publicado com algum atraso: https://port.pravda.ru/cplp/58263-cpi_mst_brasil/. O Brasil vai saindo das amarras golpistas, mas possui outras, muitas, que o prendem a um passado militarizado, escravagista, excludente, colonial. Cada época deixou sua indelével marca no povo contemporâneo e nas gerações que vieram depois, carregando aqueles contrastes e confrontos, emprestando um título de Euclydes da Cunha. Sim, Euclydes, outro clássico a ser constantemente lido.

Comentários

  1. O difícil é ajustar o pensamento clássico a certas modernidades primárias. Mas tudo é aprendizado: o perene e o efêmero. Bela postagem! (P..S.Viana)

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Letras que dizem

Finalizando

Pedaços quebrados