Quebra da quarentena

Após seis meses de confinamento domiciliar, com saídas semanais apenas para a compra de gêneros alimentícios e ida esporádica a farmácia, médicos e veterinários (para a cachorra, que fique claro), fui ao local de trabalho para verificar o estado e uso do laboratório e uma conversa mais próxima com alunos e colegas. Mantido, obviamente, o distanciamento social. A produção do conhecimento segue seu curso com adaptações necessárias e transformação de obstáculos em desafios e, a partir desses, a conversão em novas oportunidades. Processo mais fácil de descrever do que executar. Aproveitei também para cortar o cabelo, crescido no mesmo meio ano sem qualquer intervenção de tesoura. O calor de verão pré-primaveril assim o exigiu e enormes chumaços brancos acinzentados se aninharam no chão do salão, chamando a atenção da moça da loja ao lado que ali veio bater papo. Alguma poesia ainda resta, pois.

Pelas ruas, uma maioria devidamente protegida. O passo um pouco mais inseguro, o destino, incerto, como sempre tem sido a vida. Vi, entretanto, máscaras no pescoço. Sim, nem no queixo estavam ou abaixo das narinas para ressaltar o inalador de ar, objeto násico. Os artefatos de proteção ficavam ali substituindo um colar ou gargantilha. Nova moda, talvez, desconhecida deste alheio aos ditames do bem-vestir. Visual viral, uma nova marca. Parodiando os ditos cibernéticos, a máscara no pescoço está viralizando. Com a abertura quase total do comércio, das atividades de serviço e de muitos eventos culturais, o uso correto da máscara facial, cobrindo totalmente nariz, boca e queixo, será a última barreira ao coronavírus, já que a vacina caminha a passos largos mas não nos chegou ainda. O comportamento da população é de difícil compreensão, pois estamos no nível de contágio e de mortes em que estávamos em junho e lá ninguém pensava em sair às ruas caso não estritamente necessário. O que mudou? Apenas o nome do mês no calendário.

O grupo de divulgação do campus Unesp de Rio Claro continua elaborando boletins com esses alertas, avaliações e análise da evolução da Covid-19 (https://sites.google.com/unesp.br/boletim-anti-covid-19/). Mostramos ali que os idosos continuam sendo os que mais facilmente morrem quando contraem a doença e que a taxa de contaminação está maior, no momento, entre os adultos jovens, entre 20 e 40 anos. É o grupo que forma a maioria dos trabalhadores e estudantes universitários. A intensidade de contaminação nesse segundo grupo é o que nos deixa em alerta ao falar de retorno de atividades didáticas presenciais nas universidades e faculdades. O boletim é intitulado anti-covid pois tem sido elaborado com essa finalidade. Já avaliamos convertê-lo em um instrumento de divulgação científica permanente e de caráter geral sobre as atividade do campus, tão logo a situação com a pandemia fique mais estável, ou seja, em 2021. Os demais espaços continuam sendo usados. Antes que questionem, a descoberta de fosfina em Vênus e a possibilidade de vida naquele planeta foram objeto de análise no Jornal Cidade de Rio Claro desta quarta-feira, 16 de setembro (texto pode ser lido na minha timeline do Facebook: https://www.facebook.com/adilson.goncalves.9847/). #IniCiencias

Comentários

  1. Olá, Adilson.

    Tenho o mesmo problema capilar: muita quantidade e cor branca-acinzentada. Quem sabe, amanhã consigo cortá-lo.

    O uso incorreto da máscara é uma pandemia. Se a pessoa não quer usar FIQUE EM CASA.

    É uma pena a suspensão das aulas presenciais nas faculdades e universidades. Esses discentes tem gana de estudar e querem ter a proximidade com o local físico e os professores físicos. Mas, enquanto não há possibilidade, o jeito é estudar onde estão.


    Abraço.


    Rinaldo Saracco

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