Manga e topázio

Talvez o conteúdo do blog tenha mudado a fim de acomodar o ritmo acelerado do momento, o que também compensa atrasos e frustrações. Como dizem os "coaches" charlatães, vamos trazer o positivo e expulsar o negativo, como se a natureza assim o permitisse. De qualquer forma, devemos falar mais de vida do que de morte, ainda que uma seja consequência da outra. Ao nos posicionarmos no mundo, física e politicamente, engolimos muita coisa, de sapos a microplásticos, de alimentos a venenos, mas uma joia guardada em estômago seria mais nociva de que a chance de contrabando, pergunta que faço. Já engoli uma bolinha de gude, que, lisa e placidamente, saiu por onde tinha de sair, sem necessidade de intervenção interna. A mãe dirá que rezou, mas, mesmo que assim fosse, não foi ajuda interna. A intervenção do além não conta. Alguns alimentos podem ter sido ingeridos para facilitar a movimentação. Isso já não lembro. Mas saiu.

O vidro esférico não era um topázio, ou qualquer outra pedra valiosa, que parece ter adentrado o noticiário da política mais rasa e chinfrim nos últimos dias. Aquelas joias - objetos de extravio e pagamento no exterior para financiar golpe aqui - nem foram o assunto principal, apenas se personificaram naquele que quer transformar fronteiras administrativas em barreiras sociais. Alfred Hitchcock fez o filme "Topázio", em 1969, baseado em livro homônimo de Leon Uris, creio que lançado pela editora Abril Cultural no Brasil, clássico daquela época, hoje matéria rara em sebos. O enredo era pura ação de espiões, começado em Cuba, com a crise dos mísseis, e levado à Europa em que havia uma cortina que dividia dois mundos, com denúncias, informação e desinformação. Nesse caso, livro e filme concordam em serem bons. A conexão entre Topázio e Bacurau (o filme) é direta, especialmente para os brasileiros que se julgam mais brancos que os supremacistas raciais.

Entre os engolidos, a história da manga com leite é folclórica, mas descobri que há ainda os que nela acreditam ou que passam mal ao comer os dois alimentos conjuntamente. Até aí tudo bem, com tanta gente desenvolvendo ou revelando que possui intolerância a lactose presente no leite ou a corantes amarelos. Hoje é difícil saber o que causa o problema alergênico ou estomacal, pois, junto com o leite ou com a manga, muitas outras substâncias são ingeridas. O experimento seria válido se a alimentação fosse feita com leite retirado diretamente da vaca, sem qualquer processamento - ou ultraprocessamento. Um professor de Lorena, engenheiro de alimentos e doutor na área de biotecnologia, colocava uma embalagem de leite UHT para segurar a porta para não bater com o vento. Perguntam o porquê e ele responde que é a única função que vê para aquela caixinha. Há leites e mangas nocivos, sim, talvez por estarem em local indevido, por exemplo à frente de algum órgão público e em maiúsculas. Órgãos eletivos e enganatórios, enganantes, engalantes. Todas essas palavras parecem inexistentes, segundo o corretor ortográfico. Será?