Te amo

É primavera e Tim Maia perfuma o ambiente com seus graves sons coloridos. A mudança de estação faz agitar as árvores, os pássaros e nós humanos em nossos ninhos e nichos, exacerbando os fluidos naturais que carregam o amor que nunca nos abandona. Falar-te-ia amo-me, caso a mesóclise fosse algo palatável para a egoísta relação. Mas vamos usar outras relações gramaticais, com orações mais coordenadas e menos subordinadas. E mais simples. Nossa língua é saborosa, soube-me muito bem com as inserções que se mesclam por glotes e glandes. O corpo fala, e fala mais na estação das flores, e paro aqui os trocadilhos para não ser censurado com rótulo de 18+ nos escritos do blog. Não é necessária a pornografia para a plena grafia. No âmbito acadêmico e literário, registro a felicidade de ver o Daniel Munduruku eleito para a Academia Paulista de Letras, o primeiro indígena a adentrar a agremiação (https://www.academiapaulistadeletras.org.br/noticias.asp?temp=10&materia=5857). Meu colega da Academia de Letras de Lorena leva sua literatura ancestral, infanto-juvenil e de reflexão sociológica para outros ambientes. Orgulhosos estamos.

Bastou o norte-americano falar que houve química com o brasileiro para a internet, esse sacrossanto espaço da mediocridade, explodir em memes com o love is in the air entre os dois. Aproveitei o embalo para escrever sobre a química entre nós, coluna já estampada no Jornal da Cidade de Rio Claro, que pode ser lida no Instagram (https://www.instagram.com/p/DO_HqYLDd7c/). Mas chamou a atenção aquele momento eternizado em 39 segundos. A precisão dos 39 segundos do encontro leva a hipóteses. Fosse o doidivana culto, poderia se referir a "Os 39 Degraus", filme de Hitchcock de 1935, baseado em livro homônimo de John Buchan, que conta a história de alguém que se envolve em crime que não cometeu, recebe um misterioso mapa de uma espiã e passa a buscar respostas. Um clássico. Pode ainda ser a porcentagem de uma nova tarifa que vem por aí, cansado de aplicar números redondos de taxas de importação aos países. Mas pode ser também a duração do prazer sentido naquele momento, bem aquém de "Os Sete Minutos", de Irving Wallace.

Nove anos completados na Unesp, os quais não foram suficientes para sacramentar nosso amor. Os períodos acadêmicos são medidos comumente em triênios e os meus ainda dormem nos sistemas cibernéticos modernos, sem avaliação e sem uma sinalização se o rumo tomado até aqui está adequado ou, ao menos, aceitável dentro de uma carreira que me era estranha no início. Continua nebulosa. Pesquisar a ciência é tarefa por vezes ingrata, em mundo no qual ainda creem no negacionismo de vacinas e que a causa do autismo pode ser devido a um analgésico. Mas, apesar disso, a Química ficou em alta, com o desejo de que a ligação entre os presidentes, amorosa ou não, seja covalente, com compartilhamento mútuo dos elétrons - ou do comércio - e não iônica, onde, em princípio, um ganha e o outro perde. Mais um tema para outro artigo, agora para o Diário do Rio Claro (https://www.instagram.com/p/DPFZ7qzCanS/). Não, não me esqueci da ligação metálica, que ficará para depois que tal encontro acontecer, se acontecer. O amor no ar e a química inspiram para que não piremos e, daí, uma trova foi assim plasmada: Soubemos que os presidentes, / por palavras e até mímica, / revelaram aos presentes / que entre eles rolou a química!

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