Placares
O gol é o objetivo do futebol. Um jogo que termina em zero a zero deveria, da mesma forma, não dar ponto nenhum aos dois times. Se não deram alegria ao jogo, por que obter alguma premiação? Dirão que, mesmo com o placar imaculado, um time atacou mais e o outro conseguiu se defender bem e, por isso, não houve gols. Sim, mas outros jogos são mais francos e os gols aparecem. Na minha ingenuidade futebolística, isso estimularia o time a sair para o ataque, pois perder o jogo teria o mesmo peso de empatar em zero a zero. Mas parece que os torcedores, os cartolas, os comentaristas e os patrocinadores somente estão preocupados com a ficha policial de cada um, envolvidos que estão com brigas, desvios de dinheiro, bilionários contratos publicitários e de transmissão, corrupção e uso de sistemas ilegais de apostas. Continuo preferindo as bolas mais rápidas do vôlei e do tênis, não que sejam isentas das brigas e fluxos financeiros. Elas não me dão sono.
Saindo do esporte e indo para uma palestra ou curso, quando levantam a plaquinha indicando os minutos finais para terminar a fala (não os acréscimos do jogo), a tendência é acelerarmos o raciocínio e tentar vencer o tempo por meio do atropelo das palavras. Cumpre-se o prazo e a fala entra em prejuízo. Nem tanto pelo encanto da palavra, mas pela beleza de se ter a fala. Assim diz a música de Renato Teixeira, e os geminianos, dizem, adoram saber que falam mais do que a capacidade intelectual é capaz de escrever. Em placas, folhas, telas ou cartazes, a expressão segue seu caminho da comunicação e imputo importante que devidamente chegue ao destino. Porém, às vezes chega distorcida. Em tempos de ChatGPT, aumenta a necessidade da atenção ao que os resultados de textos indicam, especialmente os de buscas por sites que assim prometem fazer. A distorção dos fatos é comum nas ações humanas - em uma defesa de algum delito, por exemplo -, mas no âmbito acadêmico, ela não pode ser imperativa. Busca eletrônica por citações, teses, argumentos, legislação, dados biográficos e um longo etc. não pode ser apenas um placar de resultados.
A raposa cuidando das galinhas é metáfora tão usual quanto a do lobo disfarçado em pele de pastor. No jogo de palavras a que nos lançamos - mesmo sem bola -, toda vez que ousamos escrever, vêm à mente vocábulos em outras línguas que se encaixam em expressões inusitadas. Se a raposa viesse do alemão, seu som nos remeteria a relações e atores interessantes da realidade, ficando para o leitor acionar seus dicionários, eletrônicos ou impressos em celulose, para dirimir a dúvida, com a devida vênia. Se o tradutor é traidor, o brinco brinca com as ausências e a capilaridade das ações reais não necessita sempre de fios condutores. Assim, o placar da festa já estava definido, bastava acertar quanto tempo ela durará. Será suficiente para o devido deleite e respeito, espero. No caso, o ditado é subvertido, pois o melhor dessa festa não foi esperar por ela, foi ver ela se realizar.
Como "flashes", seus textos iluminam nossos neurônios!
ResponderExcluirParabéns por mais estes belos parágrafos.
ExcluirE que festa! Foi 4 a 1. Rojões! (Mas vão inventar prorrogação, claro).
ResponderExcluirFicou confuso, mas eu gostei !
ResponderExcluirA maioria das pessoas nao querem so ver o gol. querem ver o time delas vencerem.
NINGUEM PODE DISCUTIR O SUCESSO DO FUTEBOL MAS , 0X0 , 1X1 1X0 E POUCO SHOW
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