Ano ao meio
Acabei de sair de uma "Riobaldia" na Biblioteca Municipal Prof. Ernesto Manoel Zink, dentro das comemorações do aniversário de João Guimarães Rosa. A experiência em quase êxtase com a oralidade do escritor e suas palavras reflexivas e profundas faz com que integrem um estudo mais coeso e longe destes parágrafos. O período desses dias foi marcado pelas festas juninas chegando ao fim, dias em que consegui ir a algumas quermesses e saborear um quentão com pastel e cachorro-quente. O gastro não deve ler essa confissão e poderei dizer que está tudo bem, depois de uma endoscopia conjunta com uma colonoscopia para aproveitar a sedação. Também foi feriado em Rio Claro, no mesmo dia do São João, emendado com o anterior, de Corpus Christi, o que resultou seis dias sem atividade de trabalho, mas que nada mudou na diminuição da lista de afazeres. O tempo é igual para todos, mas a maneira como ele é preenchido é o que dá a dimensão do prazer ou não de usá-lo. Há tempo para tudo e tudo tem seu tempo, mas é no temporal que ele extravasa e tampouco ele acabar por ser pouco para desfrutar.
Sem fazer balanço de meio de ano, gostaria de aprender mais ainda com meus erros. Nos grupos de WhatsApp de trovadores, por exemplo, não corrigimos trovas, aprendemos juntos as possíveis opções para torná-las melhores. Para otimizar a tarefa, uma regra básica é não poluir o ambiente com figurinhas e aqueles irritantes e desnecessários bons dias e boas noites ilustrados. Sem contar que o usuário precisa entender que nem todos acreditam no deus dele. Há centenas de outras crenças, todas avocando o "deus verdadeiro", e bombardear o grupo com seus santinhos e demoninhos é deveras irritante. Sim, apago-os todos à farta, dispensáveis e ofensivos que são. Mas o dedo trabalha desnecessariamente, tempo que poderia estar sendo usado para contribuir com a boa trova. Ou mesmo "gerar conteúdo", como afirmam - e mentem - por aí. Copiar e colar virou "gerar conteúdo", vejam só! Nos tempos de escola, isso era chamado plágio preguiçoso, pois o danado não se dá nem ao trabalho de mudar algumas palavras para dizer que as transformou em algo seu.
Se a outra metade do ano se inicia, a irritação que se estabelece é devida ao frio, que fique bem claro. O chá mate aquece o esôfago, mas sequer chega cálido ao estômago. Melhor a frieza de um vinho tinto que aquece pelos vapores intestinos evolados a ativar sinapses cerebrais explosivas. Não, não sou alcoólico, apenas eu e meu carrinho somos movido ao etanol da cana e de outros vegetais que contêm grande teor de carboidratos fermentáveis. Dirá o incauto que a cachaça é destilada. Sim, mas antes o açúcar precisa ser fermentado, processo conhecido desde antes de sabermos fazer sabão de cinzas e banhas. Aprendemos a nos embebedar antes de nos higienizarmos. Talvez por isso dizem que quem é limpinho não bebe e os ébrios são sujos por natureza. Mesmo já em julho, festas julinas não faltarão, começando pela Semana Guilherme de Almeida em Campinas (https://campinas.sp.gov.br/noticias/125842/semana-guilherme-de-almeida-celebra-legado-de-poeta-campineiro-com-programacao-cultural). Apreciemos Guilherme sem moderação.
Gostei muito da sua reflexão "Há tempo para tudo". Contudo, o meu continua insuficiente para um tanto de atividades. Gosto "tudo tem seu tempo" porque, muitas vezes, se fizermos coisas apressadamente, teremos que refazê-lo. Daí teremos perdido tempo, infelizmente ou felizmente.
ResponderExcluirInteressante !
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