Tempo de amor
Sou viajante do tempo, revelo a todos neste testamento, uma vez que descobriram essa minha faculdade pelas verdadeiras redes sociais nas quais mostro as imagens das viagens. Viajo todos os dias em direção ao futuro, afastando-me do passado. Pressinto aquele sem esquecer deste. Por vezes, inúmeras vezes, confesso que faço longas viagens ao passado, quando leio os clássicos da literatura ou assisto a excelentes filmes. Antecipar as viagens ao futuro eu também pratico, com os livros de ficção científica - que também são boa literatura-, mas, nesse caso, a garantia de legitimidade é menor. Bem, quem leu Júlio Verne, de mais de um século e meio atrás, fez viagens garantidas ao futuro, sabendo o sucesso da empreitada apenas depois, bem depois. Já com Isaac Asimov, nos anos 1950-1980, a viagem ainda está por ser certificada. Creio que, em breve, Asimov será mais um futurista concretizado, como o fora Verne. Todos esses escritores ficcionais viveram proximamente à ciência para garantir a verossimilhança dos escritos, em tempos nos quais deixavam bem claro o que era fato e o que era ficção. As ciências naturais foram o carro-chefe dessas belas obras e temos de lembrar que o Físico também comemora o seu dia, que foi no 19 de maio. O do Químico é mês que vem.
O tempo é relativo. É grande ou pequeno em relação às atividades que nele cabem. Às vezes é curto, outras, flui lenta e irritantemente. Não passa! A percepção dos diferentes tempos é explicada pela neurociência, por meio das conexões elétricas ao longo do corpo, seus desvios e paralelismos passando por neurônios, para chegarem ao cérebro e lá serem recebidas por nossa consciência. É ela que avaliará o quanto do tempo é perdido, o quanto é corrido, o quanto foi necessário e quanto tempo se passou durante a própria existência da interpretação. Assustamo-nos que o excesso de tempo pode ser carência de vida. A Física dirá que o tempo é uma das grandezas cósmicas, calculáveis, surgido juntamente com o universo, mas minha Filosofia de hoje não permite um tempo extra para tais divagações, pois, se o tempo não existia antes, não existirá também depois de minha existência. Uso o tempo corrente para o diálogo poético, já que, na poesia, o tempo pode parar ou podemos não senti-lo passar. Ou o tempo pode simplesmente perpassar pela poesia de nossas angústias e amores.
A seu tempo, a ciranda de poesia da Academia Campinense de Letras está frutificando. O mais recente broto desse jardim poético aconteceu na quinta-feira, final de tarde, começo de noite. Dia útil para viver o amor. O veterano jurista termina em lágrimas seu poema sobre o amor não correspondido na mesma intensidade, e que lhe deixou como herança apenas a solidão. O jovem fala da semente - que é a razão de sua vida - e que somente germinará se for lançada brutalmente ao chão. Encontrou as palavras do poeta maduro, que também colocou por terra suas sementes literárias. Ambos se conversam, se convencem, se cumprimentam, se tornam cúmplices. Amores deliciosos, filiais, maternos, carentes, eloquentes, todos estiveram na ciranda. Amor sensual, amor libidinoso, amor erótico nos fizeram arrepiar e longamente suspirar. Um tango dialoga com outro e, ao final da música, sentimos o prazer em exaltação de fluxos e fluidos. A beleza do casal dançando pela rua é capturado por lentes atentas que teceram um doce poema sobre o momento. Vimos e vivemos a mescla de artes, plásticas, elásticas, e até a morte lá esteve presente para emoldurar o amor. Ah, que venham outras cirandas e fiquem atentos para os futuros convites.
O quê dizer destes três parágrafos tão poeticamente escritos por um cientista/poeta/trovador??? Vou resumir em uma só palavra: Magníficos! E que venham outras "cirandas" para que nós, amantes da poesia, possamos compartilhar momentos tão belos! Maria Felim
ResponderExcluirSomos todos viajantes do tempo, que não existe, nem existiu e nem existirá. Fora do nosso entendimento o Universo que não teve início, nem terá fim, segue como sempre foi e sempre será, apesar das teorias dods terráquos que vivem a se matar , uns querendo ser donos da verdade, outros querendo ser donos do mundo. Só mesmo a poesia e o amor podem convencer os terráqueos a maneirarem um pouco explicando que tudo aqui é efêmero.
ResponderExcluirSoube que o evento foi um sucesso ! Falar de amor sempre proporciona bons momentos e belos encontros.Parabéns pelo texto! Gostaria de conhecer a poesia que apresentou.Martha Cimiterra
ResponderExcluirParabéns!
ResponderExcluirFalar sobre o tempo e amor é gratificante ! Nossas realidades deste mundo !
Que novas realidades sobre o amor continuem frutificando em versos e trovas!
Magda Helena.
* Cidinha*
ResponderExcluirAdilson,