A mãe dos fatos

Eis a sequência selecionada de efemérides no pós-feriado: 4 de maio é o dia Star Wars, coisa dos amantes da saga (May, the fourth); dia 5 é o da Língua Portuguesa; e o 6 é dia da Matemática. Somente aqui temos uma tríade de peso semanal e seminal. O de nossa língua foi instituído pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, e o da matemática é homenagem ao nascimento de Malba Tahan, nosso escritor Júlio César de Mello e Souza, que viveu a infância em Queluz, no Vale do Paraíba. Os acontecimentos diários são a origem de lembranças para os próprios fatos e suas consequências e circunstâncias. Se vivemos, acontecemos. Deixaria tais efemérides óbvias de lado, pois o mundo católico escolheu um novo Papa por estes dias, de olho na cor dos produtos de combustão que saíam das chaminés do Vaticano. Na sucessão de Bento XVI eu até me candidatei, com carta publicada e cheio de intenções. Desta vez, na sucessão de Francisco, abri mão. Pelo jeito, conseguiram escolher uma fera para a posição. Que a Força esteja com ele!

Foi uma semana conturbada, com uma gripe que me acometeu, levando-me a meio dia sentado no pronto atendimento do hospital para fazer teste do cotonete dentro das narinas, e saber que não era influenza, nem covid, vacinado contra os dois vírus que já estava. O alerta era para não sair contaminando os que estavam ao redor, independente de já estar imunizado, e a pausa foi providencial para baixar a rotação cerebral e cardíaca, mas um atraso levou a outros tantos. A semana estendida incluiu o dia das mães e, sabendo da impossibilidade de rimar adequadamente a palavra, a não ser com seu próprio derivado mamãe, acompanhei o fim de semana poeticamente morno nos grupos de trovadores das redes sociais. Fiz uma trova em lembrança ao fato, mais do que homenagem às progenitoras: Hoje, aqui no grupo, o clima / é de comemoração: / a mãe, que com nada rima, / é objeto de devoção.

A proximidade entre a língua portuguesa e a matemática nos faz lembrar da triste realidade do analfabetismo funcional que grassa em nosso país. O contato ativo e eficiente com a informação é o ponto de partida para o conhecimento. A mãe do saber é a educação. Não verifiquei informações sobre outros locais, mas é angustiante saber que quase um terço dos brasileiros não tem a mínima habilidade para lidar com números e palavras. E nem é a capacidade de ler os três parágrafos deste blog e compreendê-los. A definição é mais chã, mais rasa, dizendo que são pessoas que praticamente sabem somente ler e escrever o próprio nome, algumas palavras adicionais, e reconhecem os números que já lhe são familiares, como telefones, preços e um ou outro documento. O equivalente para mim é estar à frente de uma folha escrita em mandarim e tentar adivinhar do que se tratam aqueles caracteres desenhados. É triste.

Comentários

  1. Adilson,

    O ideal seria ter um povo culto e descente!
    Há de chegar esse dia!!
    Quem viver , verá
    Melhoras , mestre!
    Boa noite.
    Cidinha

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  2. Alguém quis dizer: decente? Ou descende de algo. Não entendi. Desculpe.

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  3. Mais da metade da população brasileira com mais de 50 anos de idade se compõe de analfabetos funcionais. E há até muita gente assim entre os que conquistaram diploma universitário. Entra governo, sai governo e isso não muda! Como o país pode evoluir, assim?! (PSViana)

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  4. Triste e real constatação! Infelizmente com pouca esperança de ver mudada a situação do "analfabetismo gritante, proposital", nesta nossa tão valiosa nação brasileira, uma vez que povo instruído, culto e crítico não interessa aos interesses dos governantes. Enquanto não houver interesse e investimento na educação e formação das crianças e dos jovens brasileiros, nosso Brasil não será uma Pátria de verdade! É o que penso. Maria Felim

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