Lições das férias
Caminhando pela calçada à beira-mar, os transeuntes se cumprimentam. Bom dia! Gesto deplorável, segundo os jovens que me acompanham, sentindo até vergonha de estarem em minha companhia. Não aceitam a ideia de ser o mínimo que se espera entre pessoas que civilizadamente apenas estão dividindo, provisoriamente, o mesmo espaço. Mas são desconhecidos, argumenta uma das moças. Sim, mas é por isso que ficamos no bom dia, sem precisar entabular uma conversa sobre a vida mundana de cada um. No instagram, contudo, falam de si e colocam imagens de tudo o que presenciam - sem necessariamente vivenciar - para qualquer um ver e ler. Meu bom dia é mais inocente e seguro.
Na malemolência de alguns dias na praia, o blog se encurta para respeitar a dimensão da quantidade de leitores. Quantidade, não intensidade, pois eles aí estão e lançam comentários à espera de resposta. A decisão por não responder diretamente foi para não poluir o espaço, mas vez ou outra cito esses abnegados frequentadores. Um deles solicitou meu livro de poemas, mas não deixou endereço ou e-mail de contato, pois entrou como anônimo. "O eu e o outro" foi lançado em 2016 pela LiteraCidade, sem pretensões comerciais, e distribuído bastante e vendido pouco para nichos com os quais tive contato. Foi um cartão de visitas de que restam alguns exemplares. É interessante constatar que algumas dessas doações estão sendo comercializadas na Estante Virtual, com preços entre R$ 5 e R$10. Vale um pouco mais para mim.
Paulo Viana, meu confrade na Academia de Letras de Lorena e o leitor número 1 deste espaço, sugeriu reler Cem Anos de Solidão e ver a série recentemente lançada no streaming. Uma boa medida, mas farei o contrário, assistirei à série e tentarei reler o livro. Minha primeira experiência com a obra foi no colégio, por sugestão de um amigo, que também recomendou fazer de imediato um mapa da árvore genealógica dos Buendía, pois somente assim conseguiria entender o enredo. Eu fui atraído mais pelos quadros do realismo fantástico a cada capítulo e, sim, acabei me perdendo no enredo. Experiência quase adolescente que preciso reviver agora, suposto maduro na vida. As férias, além do descanso, dão-nos lições. A oportunidade da leitura é uma delas e não adianta chorar criminosamente ante a partida do cônjuge para a festa do medo alhures.
Parabéns Adilson. Gostei do texto mesmo poque estou lendo Cem Anos de Solidão e continuo perdido....
ResponderExcluirEsqueci ...Marcio Rodrigues
ResponderExcluirAssisti a série, gostei de algumas coisas e não de outras..... Mas não consegui retomar a leitura do livro, feita pela primeira vez no final do colegial. Receio de me perder novamente e comprovar q a maturidade nem sempre agrega mais sabedoria rsrsr
ResponderExcluirAdilson, desejo a você e sua família Feliz Ano Novo.
ResponderExcluirFérias na praia, muito bom !
Achei interessante seu comentário de falar " bom dia" na praia e a comparação com Instagram .
Concordo com você!
Magda Helena G.Teixeira.
Nada como uns dias na praia! Os meus serão no fim do mês.
ResponderExcluirTenho experiência semelhante à sua com livros publicados.
Está nos meus planos reler Cem Anos de Solidão, estou criando coragem. Quanto à série, não sei, não sou muito de tv.
Caro blogueiro, você vai ver que a nova leitura de “Cem Anos…” é a leitura de um outro livro. Não mudou o livro, mudou o leitor. Isto é fascinante. A série que o motivou é boa, mas a escrita é mágica. Ler e reler, um encanto. (PSViana)
ResponderExcluircem anos de solidao ,livro e extraordinario . . a serir da netflix gostei acho que tera sequencia noedir stolf prof emerito da fac med usp
ResponderExcluirReflexões super atuais, compartilho da percepção de que hoje existe uma facilidade de ser ignorante uns aos outros, esquecendo que a vida social, diferente da rede social, foi o que nos trouxe até aqui.
ResponderExcluirContinuo interessado em ler o seu trabalho de poesias, meu email é "rhdmodolo@gmail.com", se quiser, pode me contatar. Abraço e feliz 2025 para você, familia e amigos!
Boa tarde Adilson, na verdade entendo sua colocação sobre seu livro, um livro é um filho gerado dia a dia na nossa mente e coração e alma, vale muito. Li e Assisti Cem Anos de Solidão… li faz muito tempo, e como você, lerei novamente para compreendê-lo com a experiência de vida que tenho hoje! Feliz 2025 para você e sua família!
ResponderExcluirPrezado amigo. Acabei de ler este seu texto lindo. A abordagem inicial sobre dar bom dia aos que passam por nós na praia é fabulosa. Como você, ainda me enche de espanto a capacidade que os jovens têm de preservar a bolha em que vivem, quase sem amigos físicos, de fato, mas com centenas e até milhares de seguidores nas redes sociais, onde escancaram suas vidas ou simulam o que gostariam de ser. Espero que bem antes de envelheceraem fisicamente, consigam entender a importância de serem e terem presenças em suas vidas. Quanto à obra Cem Anos de Solidão, a série me agradou, mas creio que vou apreciar melhor a leitura,uma vez que nos traz mais riquezas em seus detalhes.
ResponderExcluirA opinião acima é minha., mas saiu como anônimo.
ExcluirJá me aconteceu cumprimentar jovens desconhecidos, mas hóspedes do mesmo hotel, durante as férias, fazendo refeições no mesmo horário e mesmo restaurante, e receber em resposta um bom dia quase inaudível e às vezes, até com cara de "susto", diferentemente do modo com que os tais jovens se comportam nas redes sociais. Que mundo é este? Há tantos livros que ainda quero ler e entre estes: Cem Anos de Solidão e o livro citado de meu querido amigo Adilson a quem cumprimento pelos parágrafos.
ResponderExcluirMaria Felim
Adilson, feliz 2025! Para você e sua família!
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