Desafios

Mulher de malandro foi uma expressão pejorativa para representar a subserviência a quem era supostamente mais forte e poderoso por manter a posição subalterna tendo alguma vantagem. Grande equívoco, pois era a própria sobrevivência que estava em jogo e denunciar tais situações eram e são desafios constantes de suas vítimas. A situação é real e atual, o impróprio hoje - que torna a expressão inadequada - é atribuir tal submissão apenas à mulher, como se não houvesse gentes de todos os gêneros, sexos, cores e desilusões submetidas à submissão, chegando ao cúmulo de admirar criminosos internéticos somente porque possuem dinheiro. E dinheiro conseguido com os diamantes de sangue, é bom fazer o resgate histórico. Não se pode culpá-los, não todos. Alguns, sim. Por exemplo, os outros admiradores de criminosos que aplicam golpes em idosos e vulneráveis e insistem em se dizer paladinos da moral e dos bons costumes. Antes a palavra com correição causava admiração. Hoje, aversão. O desafio é convencer o eleitor e explicar a ele que lacrações na internet e repercussão de cortes de falas e vídeos sustentam apenas um pequeno grupo de oportunistas, que nada produzem.

A visibilidade de quem realmente faz algo de útil para a sociedade é outro desafio. Pode ter sido decisão editorial, mas foi estranho o Estadão não ter noticiado as primeiras medalhas brasileiras nas Paraolimpíadas. Foi o único dos jornais que omitiu as conquistas. Da mesma forma que os judocas estamparam a primeira página quando das Olimpíadas, esperava ver o Gabrielzinho da natação com seu primeiro ouro desta edição das Paraolimpíadas. Depois se redimiram e passaram a noticiar todos os detalhes, inclusive os dois ouros adicionais do Gabrielzinho, cumprindo o que o atleta ousadamente prometera. Gosto muito de assistir aos Jogos, especialmente para saber das histórias de superação e de que há vida depois de uma amputação ou de uma doença drástica. Lamúrias com meus joelhos, artrites e artroses são incomparáveis com o que os atletas paraolímpicos podem nos ensinar. Há o viés da competição, não saudável, mas nas Paraolimpíadas ela é menos violenta do que nas Olimpíadas. A solidariedade é mais evidente, tanto entre os poucos que ficam no pódio, como entre os demais que ficam de fora, mas conseguem aperfeiçoar suas marcas e cumprir objetivos. Existir e competir já é medalha de sobrevivência.

O Hino da Independência foi cantado ao final da sessão da Academia Campinense de Letras (ACL) por ocasião da palestra de Rafael Nogueira em homenagem aos 500 anos de Luís de Camões. Quatro anos atrás mencionei o historiador quando o assunto era a Biblioteca Nacional e continuo não querendo polemizar quanto a suas escolhas e posições políticas (https://adilson3paragrafos.blogspot.com/2020/03/rimas-rumos.html). Junto com os tenores Alcides Acosta e João Gabriel Bertolini, da ABAL (Associação Brasileira "Carlos Gomes" de Artistas Líricos), acompanhados pelo pianista José Francisco Costa, e a plateia que lotou o plenário da ACL, cantei as quatro estrofes que aprendi na escola. Civismo não deveria ter relação com as patriotadas que estão mais uma vez promovendo e provocando para este Sete de Setembro. É desafiador lidar com os que confundem formação militar com educação de qualidade, pois a Pátria deveria estar mais próxima do Povo e não de seus usurpadores. Onde se esperaria mais Paulo Freire, estão querendo impor a força da lança, promovendo o poder por não possuírem o saber.

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