Piano de uma nota só e tecla quebrada

Alunos se surpreenderam com a existência - ou resistência - de um orelhão à frente da biblioteca no campus da Unesp de Rio Claro. Fizemos uma visita à universidade em que eles desenvolvem atividades de pesquisa científica complementares à formação técnica do Instituto Federal em Hortolândia. O campus é distante do laboratório, oficialmente um instituto separado, uma unidade complementar ligada diretamente à Reitoria. A área á bem arborizada, chamativa para caminhadas, descansos e reflexões. Vimos a biblioteca por fora, dando uma olhadela para o interior com mesas de jogos, almofadas, espaço de lazer e recreação. Sim, isso é a biblioteca moderna, não um local em que livros são apenas depositados e ficam à disposição. Eles também estão lá, mas o cardápio que uma biblioteca oferece ultrapassou os limites de um restaurante do saber e do conhecimento. Os alunos até sabem como funciona o artefato de telecomunicação, sem ler um manual correspondente, mas desconhecem que um dia foi alimentado a fichas circulares, espessas e com ranhuras específicas dos dois lados. Não sabem bem do que se trata, porém continuam dizendo que a ficha caiu.

Expressões do passado carregam significados que mudam, e insistir na mesma tecla para que gerações presentes aprendam com aquelas réguas de outrora é chover no molhado. Se os mais velhos não conseguem aprendem e insistem em ladainhas conspiratórias, o que pode ser proposto ao jovens? Patacoadas que vão das fraudes em urnas eletrônicas a defesa de criminosos disfarçados de patriotas, do vírus chinês a curas milagrosas com vermífugos, de desconhecimento histórico da formação da população a crer em constantes ameaças comunistas, e por aí vai. Não, não estou sendo ofensivo com esses paradoxos, apenas mostrando uma nua realidade. Ficar dando murro em ponta de faca pouco adianta para mudar mentalidades retrógradas, e a esperança juvenil da mudança vai ficando difícil com tanta alienação, fruto da prosperidade social dos últimos anos, avalio eu. Algo incluindo tal reflexão deve sair no Jornal da Cidade Bauru no fim de semana (https://sampi.net.br/bauru/categoria/id/14753/articulistas).

Assim, o equinócio acontece e voltamos a bater na mesma tecla da mudança de estação, neste ano bissexto, mudança de vida, de planos, na esperança de que ventos carreguem outras coisa além das folhas amarelas pelo chão. Já o atrelei a questões culturais, de lutos e lutas (https://adilson3paragrafos.blogspot.com/2019/03/ciclos-culturais.html). Um dos dias dedicados à poesia corre agora, internacionalmente a 21 de março, sabendo o poeta que todo dia é dia de angustiar, de poetar. O dia mundial da água também foi colocado próximo à mudança de estação. O blog do José Antonio Bittencourt Ferraz continua na missão diária de trazer essas e todas as demais efemérides por meio da filatelia, principalmente. A numismática também aparece. Abro meu dia com a consulta ao blog, sempre: https://lorenafilatelia.blogspot.com/. Ali os temas são constantes, mas não repetitivos. Ali o piano toca perfeitamente, sem teclas dissonantes ou faltantes.

Comentários

  1. Bem lembrado o dia da água. Os responsáveis pelo abastecimento de água potável das cidades já começaram a alertar sobre uma possível crise hídrica visto que as chuvas não foram tão constantes neste mês. Então vem a pergunta: cadê as represas e reservatórios que foram prometidos na época da crise hídrica de 2014?

    ResponderExcluir
  2. Gostei do embate entre as gerações. Muita coisa mudou, mas outras tantas não, como as necessidades do país em tratamento de água, saneamento básico.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Letras que dizem

Finalizando

Pedaços quebrados