Casca de banana

Sonhei que me arrancavam a perna. Acordei com um grito de dor e forte cãibra. Que pesadelo mais real! O desbalanço de eletrólitos no corpo faz com que contrações musculares involuntárias possam acontecer. Os atletas de alto rendimento sabem bem disso e é comum em partidas de tênis, por exemplo, eles desfrutarem de bananas nos intervalos. Não que o alimento signifique reposição imediata de potássio - um dos principais íons que compõem esse conjunto -, mas em organismo de metabolismo acelerado faz um grande efeito. No meu caso, torci para que a dor passasse rápido, com toque e massagem na batata da perna. Demorou, mas consegui levantar e arrastar a perna ao longo do dia, pensando naquele pesadelo que foi agregado a outros, de memória duvidosa. Parecia que estava em um desfile de loucos criminosos pela avenida! Pensei que poderia ganhar cinquentinha para ser filmado pelo drone, mas a índole falou mais alto e disse não. Além disso, a dor seria maior ainda (https://www.brasil247.com/blog/o-golpe-desfila-na-avenida).

A casca da banana é constituída principalmente de celulose, lignina, hemiceluloses, pectina e uma série de outras substâncias às quais genericamente chamamos de extrativos, ou extraíveis, pois podem ser removidas com solventes adequados. Termos técnicos que nos ajudam na ciência e tecnologia de aproveitamento da biomassa para obter materiais e energia, em que os resíduos da bananeira estão encontrando espaço. A planta integral da bananeira é grande perto dos cachos de banana que são usados na alimentação. O pseudocaule (não é um caule verdadeiro) e as folhas são as partes mais estudadas, mas a casca da fruta tem potencial e ainda é pouco explorada. Sua heterogeneidade dificulta uma padronização de métodos de conversão química e biológica, além de ser um material desprezado após o consumo da fruta em residências, que comporá o lixo orgânico doméstico, uma mistura de muita coisa. Na indústria de processamento para doces e derivados até pode ser isolada em escala maior, mas ainda tem uso restrito. Compartilho parte do meu trabalho científico e afirmo que, com um toque de ironia, o desafio de trabalhar com ela é escorregadio, feito .... uma casca de banana.

Cores são fruto da interação da luz com a matéria. Caso a irradiação luminosa não chegue, não toque, não incida em uma substância ou material, não haverá cor. No escuro, tudo é preto. Na natureza, as cores não são definitivas. Assim, a banana verde amarela. Essa questão espectral já foi abordada em postagem anterior (https://adilson3paragrafos.blogspot.com/2022/09/dependencia-da-sorte.html). A cor final da casca da banana não será nem verde, nem amarela, pois fica preta ao término do processo de apodrecimento que segue o de amadurecimento. Isso porque as substâncias formadas possuem absorção não específica ou total de todas as cores e o que vemos é a cor preta. O contrário seria se refletisse todas as cores e veríamos o branco. Isso, é claro, avaliando o chamado espectro visível. Há outras radiações com energia maiores e menores que não vemos, tais como o ultravioleta e o infravermelho. Definir uma banana pela cor é tão falso quanto definir loucuras ou criminalidades pelas mesmas cores.