Como comentário

Um comentarista deste blog afirmou não ter entendido um dos parágrafos da publicação anterior. A recíproca também é verdadeira e fiquei sem entender o que não lhe foi alcançado pela compreensão. Comunicação possui vários significados, mas que a mensagem tenha chegado a algum lugar é o mínimo que se espera. Como a entrada para comentar foi anônima e sem assinatura, fico sem saber a quem me reportar para um eventual diálogo. Reli várias vezes meu texto e não vi onde faltou clareza. Vício da autoescrita que mascara deslizes, pode ser. E olha que meu vocabulário é raso, simples até para padrões comparativos com outros colunistas mais nobres e entendedores do riscado. Adjetivos demais? Verbos de menos? Faltou substância ou substantivo? Não o saberei. Talvez ele ou ela não tenha concordado com o conteúdo, mas aí é outra questão, voltando ao convite para o diálogo. Rogo que continue a interlocução, de preferência identificando-se. Já são poucos os que frequentam este espaço e ficar com um a menos é literalmente um fator negativo.

Como eu, como você. Além de desnecessários adjetivos e frases feitas, o advérbio aí repetido tem sido evitado em composições poéticas dado o duplo sentido que carrega em muitas frases e expressões, pela confusão com o verbo comer. Muitas, mas não todas. Na trova poética, por exemplo, é difícil substituí-lo por outra palavra de significado semelhante, com apenas duas sílabas, que por vezes se reduz a uma pela elisão com vogal da palavra seguinte. "Brilha como o sol nascente" tem as perfeitas sete sílabas poéticas de um verso de trova. Se trocar o 'como' por 'tal qual', não há elisão entre 'qual' e 'o' e resulta um verso de oito sílabas, inadequado para a trova. Frustrante! Mas atentemos que o 'como' comparativo repetido à exaustão cansa a leitura e a audição, feito a propaganda política do ex-senador José Serra, na eleição para Presidente em 2010. Eram tempos em que podíamos rir de uma peça publicitária mal feita, sem saber que o ovo da serpente de tempos mais conturbados estava apenas chocando. Como hoje.

O imediatismo da notícia e de uma publicação está levando ao paradoxo de um comentário para jornais impressos sair no mesmo dia, na mesma edição em que a matéria sai publicada. Isso porque o texto já estava disponível anteriormente na versão online (ou eletrônica, digital, etc para vários rótulos). Foi assim que minha crítica à falta de uma mençãozinha que fosse à conquista da vôlei feminino ficou estranha. Não foi publicada e repito aqui: o jogo foi na manhã de domingo, 24 de setembro, e na edição de 25 não houve naquele distinto jornal da capital paulista nenhuma publicação na versão impressa. Entre noticiar exclusivamente no caderno esportivo inteiro um título inédito de futebol nacional de um clube e a conquista da vaga olímpica da seleção feminina de vôlei não houve dúvida. Sei que o ópio nacional é o ludopédio, mas não publicar nem um parágrafo sobre a suada e emocionante vitória das meninas do Brasil sobre o Japão em cinco sets na casa das adversárias e carimbar o passaporte para Paris 2024 foi aviltante. Porém, duas cartas saíram publicadas naquela edição, referindo-se a uma notícia existente apenas na versão cibernética. Como não ficar irritado com a falta de um comentário explicativo?

Comentários

  1. É isso, blogueiro: a escrita é como a vida, cheia de obscuridades. E olhe que a sua escrita é das melhores! (PSViana)

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  2. Fiquei curiosa, fui espiar o texto anterior, e o respectivo comentário anônimo.

    Deixei lá minha opinião.

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