Condução e liderança
Prazer de dirigir. Para mim é expressão do masoquismo ao volante. Uma atividade necessária, mas longe de ser prazerosa. As campanhas publicitárias de vendas de automóveis pouco mudaram em décadas e continuam a apelar para tal prazer. Sim, dirijo sem problemas quando não há outra alternativa ou ponderando a urgência da locomoção com o custo envolvido. A psicologia do trânsito, a sociologia do automóvel e a filosofia do espaço estariam todas agrupadas nessa atividade exclusivamente humana. Ou desumana, a constatar nosso comportamento pelos ruas, avenidas e estradas. O outro sempre é o barbeiro e eu, o "ás no volante", com o devido trocadilho. O condutor da moderna caminhonete (que não é usada para transportar carga, apenas ostenta por ser grande) cola na traseira de meu carro na pista da esquerda. Parei porque o semáforo está amarelo e vou entrar também à esquerda, sinalizando adequadamente com a tal da seta, equipamento que descobri ser opcional, pois poucos usam. Mas eis que o proprietário do imponente veículo queria continuar à frente e, mesmo estando na faixa errada, indignou-se com minha parada de precaução. Bem, não é necessário reproduzir gestos e vocabulário proferido, um festival de expressão corporal e verbal naquele cruzamento. De minha parte, tranquilidade, pois o correto foi feito, mas creio que o prazer alheio foi diminuído naquele dia.
Dirigir um carro e conduzir um país. Um bom paralelo entre a necessidade e a falta de vontade. Em alemão, dirigir é fahren e o que pratica essa ação podia antes ser chamado de Führer, derivado do verbo führen que significa também liderar. Ou seja, o líder é o condutor. Dada a nefasta acepção da palavra, grudada ao nazismo desde antes da Segunda Guerra Mundial, os teutônicos optaram por Fahrer (trocando o n final por r) para designar o motorista. Simplifiquei a gênese de tais palavras, mas vejam que um malfadado masoquismo pode conduzir uma nação inteira, implicar o mundo em conflitos e ter adeptos até hoje! Voltei com reflexões publicadas no jornal Pravda sobre aquele que nada conduz e não condiz com o país, mas que arquiteta saídas e soluções pouco republicanas e nada democráticas (https://port.pravda.ru/cplp/55123-mais_golpe/). Também falei sobre o desvirtuamento das políticas públicas no Brasil 247 (https://www.brasil247.com/blog/desvirtuamento-das-politicas-publicas). O blog serve também de propaganda para outros espaços.
Esta postagem é a de número 200 neste endereço, uma contínua estrada do escrever. Se escritos foram prazeres ou somente angústias é o tempo quem sabe, ou o leitor, ou a sinergia entre tempo, espaço e sinapses. Tenho estima pelo que publico, especialmente para rever posicionamentos. A previsão, especialmente a relacionada à política, é frágil tal como nossa natureza. Quando necessário, explicações e erratas aqui aparecem; são raras, mas existentes. Por fim, registro que a Revista Eletrônica de Jornalismo Científico ComCiencia apresenta neste mês um dossiê sobre conflitos e militares. As matérias já publicadas falam sobre "o fantasma que paira sobre a democracia brasileira", o tenentismo, a inversão de valores nas questões das funções do Estado, além de outros. É uma excelente análise sobre os conduzidos que querem ser condutores. Vale a leitura e a visita periódica ao site da revista que é atualizado constantemente (https://www.comciencia.br/).
Parabéns pelas publicações. Considerando que escrever é uma tarefa de insistência, solitária e muitas vezes desvalorizada, 200 publicações é para vencedores. Continue em sua brilhante arte literária!!!
ResponderExcluirParabéns pelo Blog e os artigos publicados.
ResponderExcluirParabéns pelas 200 Publicações e por saber conduzir a arte literária neste tempo e espaço.
Magda.