Devaneios
A revista CULT deixou de publicar o Lugar de Fala, um espaço de reflexão, introspecção e externalidades de devaneios muito bom, por ser livre de limitações de conteúdo e forma, apenas a restrição quanto ao tamanho do texto e adesão ao assunto escolhido pelos editores. A última chamada foi em dezembro de 2021 para falarmos sobre nossas angústias (https://revistacult.uol.com.br/home/colunistas/lugar-de-fala/). Assim, restou para este blog aquele conteúdo. Devaneios de início de ano são muitos, primeiro trimestre findo, mesclando uma pseudo-pós-pandemia com um calendário gregoriano ainda confuso, pois culmina no calendário eleitoral deste significativo e necessário ano. Os átomos que já compuseram Júlio César e o Papa Gregório XIII vexaram-se, caso assim pudessem, ao verem a forma como se lida atualmente com datas e prazos, sem falar da fidelidade, palavra subvertida por emenda constitucional. Só não transformaram fevereiro em um mês com 30 dias porque não viram a necessidade. A barreira dos escrúpulos não mais há.
Paradoxo, um verdadeiro nó lógico, espiritual e religioso - para quem possui tais fundamentos - é o período de quaresma anteceder o do carnaval, uma dessas mudanças distantes das questões astronômicas. Li no jornal local a indignação de um devoto da crença e atento à festança que terá de inverter os períodos de pecado e de remissão; talvez fosse mais fácil não praticar nenhum dos dois, mas aí eu estaria interferindo na livre opção do dito cidadão de bem. Na verdade, ele também criticava os gastos para a tradicional festa brasileira, sem considerar que cultura é investimento e movimenta vários profissionais. Não é apenas euforia e magia. Arrisco concluir que o indignado é adepto do sufocamento orçamentário das manifestações artísticas e culturais promovidas oficialmente. Este devaneio leva novamente à necessidade das eleições ditas aí acima. A contagem regressiva, considerando ou não o carnaval e outros feriados, está a seis meses, menos de 180 dias, ou 270, contando o que falta para o próximo Dia Mundial da Paz a ser comemorado devidamente.
Parabéns, apenas acredito que a poesia são sentimentos postos em versos. Não os vejo como falso. O poeta chama a atenção à algo que passa despercebido a muitos e que só enxergam as pessoas como máquinas.
ResponderExcluirFaltou aventar hipóteses para o "cancelamento" do Lugar de Fala. Já não será necessário? A fala não carece de lugar? Ou não se carece de fala? Será preferível lugar sem fala? Ou se trata de puro e simples desinteresse do distinto público? Desconfio apenas que pensar vai ficando mais dispensável. Melhor brincar carnaval, mesmo que extemporâneo. A cachaça é a mesma.
ResponderExcluir