Para um Feliz 2023

No início da pandemia em março de 2020 imaginávamos uma quarentena de duração próxima à etimologia da palavra. Mais de 40 dias de reclusão se passaram e a gravidade da situação se mostrou dura e triste. Seria, então, o equivalente ao tempo de uma gestação? Nove meses e registrávamos um total de quase 200 mil mortos naquele final de ano. Entre inação governamental e cientistas, entre negacionistas e vacinas, enfim, conseguimos esboçar um controle da situação. Superamos, porém, a gestação da elefanta, de 22 meses. Talvez a próxima marca seja análoga à da salamandra alpina que leva 38 meses para o completo desenvolvimento de seus filhotes, dentro do oviduto do animal. Por ser um anfíbio, não consideraremos a hipótese, além de ser uma curiosidade retirada da enciclopédia, mas com possibilidade assustadora para nós reles humanos. A evolução da pandemia que continua pode ser acompanhada pelo livro "Linha de fundo: um giro de divulgação científica sobre a COVID-19 no blogs Unicamp", publicado recentemente, de acesso gratuito, para a qual fiz uma curta resenha em nosso Boletim Anti-Covid (https://sites.google.com/unesp.br/boletim-anti-covid-19/).

Refletir sobre acontecimentos, bem como sobre opiniões e posições que tivemos é fundamental para enterdermos quem somos. Em um ano em que a morte esteve muito perto, valoriza-se mais a vida. Mas essa sucessão de oxi-reduções, essa troca de elétrons e energia que nos mantém conscientes e viventes, é difícil de explicar. Por outro lado, mesmo que não superada a angústia da existência, temos que aperfeiçoar as escolhas que fazemos, as posturas que tomamos. Aproxima-se mais um período conturbado que parece colocar convicções à prova e teremos de enfrentá-lo. Adversários respeitosos parecem ser mais aceitos do que amigos da onça e uma confusão de letras, siglas e números nos será apresentada como o mais puro reflexo da realidade. Ao menos em 2022 a copa do mundo de futebol será depois das eleições gerais, se acontecerem. Sim, há dúvidas que fazem parte dessa angústia geral, dessa incerteza espraiada.

Não sou adepto de balanços, especialmente nesta época corrida do ano, com o mês mais curto de todos comendo tempo e espaço. Mas fiquei contente por registrar mais de 6,5 mil acessos ao blog ao longo das 50 postagens de 2021, junto a duas centenas de comentários. Na média, mais de 120 pessoas leem o blog semanalmente. Certo que isso não qualifica a amostragem como representativa do todo, como fazem os crédulos do WhatsApp que apenas veem aquela minúscula bolha retrógrada em que vivem e atribuem-na à realidade, não aceitando as mudanças por ventos democráticos que são soprados aqui e acolá. Ainda que não seja a última postagem do ano, segundo meu planejamento sempre imperfeito, o período é propício para desejar Festas Seguras e Saudáveis! E, além disso, um Feliz 2023! Para isso, 2022 deverá ser de muito trabalho institucional, político e de cidadania para resgatar o pouco de evolução social que havíamos conquistado.

Comentários

  1. Gratidão por seus textos, Adilson. Sigamos confiantes. Abraços.

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  2. Teremos um 2023 bem mais Feliz, eu imagino. Em 2022 ainda assistiremos, atônitos, várias excrescências, mas dias melhores virão. Por enquanto, desejo um Feliz Natal!

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