Sábios amigos

O dia do amigo de ontem (o dia, não o amigo) teria sido proposto em homenagem à chegada dos primeiros seres humanos à lua. A alunissagem completou 52 anos e o bilionário Jeff Bezos fez seu voo suborbital para aproveitar a data. São muitas controvérsias sobre a necessidade e os custos envolvidos, mas já fiz meu comentário, pelo lado científico, na coluna publicada hoje, quarta-feira, no Jornal Cidade de Rio Claro. Como sempre, se entrarem no Facebook dá para ler o artigo (https://www.facebook.com/adilson.goncalves.9847/) #IniCiencias. Histórias sobre origens de comemorações nem sempre são óbvias ou relatadas como realmente aconteceram. Muito menos aquilo que supostos amigos do WhatsApp compartilham como verdade absoluta tem o mínimo de credibilidade. E insistem, sabendo que lúcidos como eu jamais lerão ou verão e a lixeira eletrônica é o destino certo de tais desvarios. Loucura tangente à criminalidade, já provada. A amizade pelo conhecimento, no entanto, continua.

Hoje, por exemplo, ainda busco algum registro documental de que Euclydes da Cunha tinha Pimenta em seu nome. Não encontro resposta nos documentos primitivos, tais como jornais que registravam acontecimentos da vida escolar, aprovação em exames e admissão na carreira militar. Amigos que trabalham com a busca de escritos antigos são escrutinados nesse périplo e um deles, Felipe Rissato, nos presenteou recentemente com dois livros do autor de Os Sertões, editados a partir dos originais para corrigir cochilos e imprecisões de décadas. Mesmo assim, os próprios corretores cometem alguns deslizes e sou mais um a contribuir com o trabalho. A dúvida é o quanto de confiança temos nas fontes consultadas se nem o estabelecimento do nome completo de Euclydes é questão pacífica. Esses sábios amigos também sabem que os questionamentos são para aprimorar a história literária e poder saber um pouco mais de como obras clássicas foram plasmadas e chegaram até nós. Uma biografia lançada este ano parece desconhecer alguns desses esforços e será tema para um ensaio em elaboração para o Instituto de Estudos Valeparaibanos, outra instituição importante, cujos boletins são disponíveis para consulta e agradável leitura (veja o mais recente aqui: https://bit.ly/3AI8fY2).

Os jogos olímpicos começaram e fui tentar entender o que é o softbol. Aprendi um pouco mais sobre artifícios para controlar a trajetória da bola no lançamento e fazer rebatidas que usassem a elasticidade da inércia para jogar a bola o mais longe possível, mas não me cativou a audiência. Entregar-me aos domínios de Morfeu e Hipnos, esses dois amigos noturnos, foi mais adequado e prazeroso. Nessa simbiose entre sinapses conscientes e inconscientes aprende-se bastante. Ou imagina-se, para compor escritos fantásticos, ficcionais ou poesia e filosofias. Sem CPI para ver e analisar (a última reflexão sobre as falcatruas envolvidas na pandemia foi publicada aqui: https://www.brasil247.com/blog/circo-de-horrores-e-impunidade e outra sobre a democracia aqui: https://www.jcnet.com.br/opiniao/articulistas/2021/07/767110-democracia-em-risco.html), fico, portanto, no aguardo da estreia do vôlei e do atletismo, modalidades mais interessantes para acompanhar, dado o conhecimento cinemático ali envolvido. Haja física e emoção para fazer bolas, objetos e corpos se movimentarem com precisão. Não sou lá muito amigo da movimentação própria e respeito a sapiência dos que a fazem.