Primeira dose para não esquecer
O calendário vacinal foi percorrido e chegou minha vez de tomar a primeira dose da AstraZeneca contra o novo coronavírus. Sensação única ser testemunha e partícipe de uma das maiores façanhas da ciência atualmente. Em menos de um ano, o vírus chamado de Sars-CoV-2 foi identificado, isolado e plataformas distintas de produção de vacinas foram aplicadas e desenvolvidas para se obter vários imunizantes com eficácias adequadas para aplicação na população, ainda que em distintos graus de qualidade. O pequeno desconforto causado pela reação ao imunizante fez-me ficar praticamente um dia de molho, mas é um dissabor saudável. Nós pais e mães não nos esquecemos de todas as febrinhas que nossos filhos tiveram nos primeiros meses de vida quando da aplicação de boa parte das vacinas que os protegem por toda a vida. Isso é o comportamento corriqueiro ou deveria ser de quem vive em sociedade moderna, sabedores que somos sobreviventes por conta das vacinas. Triste, nesta festa toda, é constatar que muito poderia ter sido feito mais cedo, sem corrupção, com mais vidas salvas e aquele longo etc que nos aborrece e nos indigna diuturnamente. #IniCiencias
O matuto foi perguntar se podia tomar as duas doses juntas, a enfermeira se assustou e soltou um sonoro não, mas o inquiridor, na verdade, queria associar a vacina com a cana, ou a vacaninha em sua própria versão. Aparentemente o fluxo etílico não interfere com o imunológico, não é um antibiótico que tem seu efeito diminuído pelo álcool presente no sangue. O fato hilário precisa ser esclarecido, já que muitos não tiveram boas aulas de biologia e não distinguem nem vírus de protozoários ou talvez não aprenderam que até hoje não temos medicamentos que possam evitar infecção por vírus, além das vacinas. Mesmo vacinados, sigamos usando máscaras e praticando o distanciamento social, únicas formas de evitar maior propagação e circulação do vírus. Sim, meu caro matreiro, tome no braço e da garrafa, sem exageros. Apenas não vá ao boteco aglomerar.
Após o solstício de inverno, coincidente com o aniversário de Machado de Assis, segue o mês de tantos outros aniversários como o de Ruth Guimarães e Fernando Pessoa, ambos no dia 13, e de várias personalidades, já que 8,3% de toda a humanidade nasceu num dia de junho. Com tantos santos famosos, justificamos as quadrilhas, não daqueles pecadores e mercadores de almas, mas as animadas festas populares. O frio junino indica quentão para não esquecer e aquecer. Isso para a raiz caipira - a minha - ou ainda vinho e outros fermentados e destilados para todos. Uma dose, um brinde, uma festa. O alegre etanol ali presente em qualquer das opções - e apreciado por aquele matuto - é a mesma substância usada como gel para a higienização de mãos e a que também passa de R$ 4 o litro nas bombas de combustível, refletindo o paradoxo de sermos o segundo maior produtor desse biocombustível no mundo (o primeiro, se contar apenas o etanol advindo da cana-de-açúcar) e não conseguirmos uma política adequada de preços e valores para suprir a própria frota. Complexo de vira-latas dominados por cães raivosos - não vacinados, por certo!
Parabéns pelo Blog, pelo texto de hoje e pela Vacina.
ResponderExcluirUm dia inesquecível!
Show... TUDO... Todos os três parágrafos unidos por um único mote: complexo de vira-latice do brasileiro, que num mesmo momento histórico, onde a Ciência vence um vírus mortal, muitos não estão vacinados por não valorizarem a Ciência. O mesmo complexo presente, num país que mais consegue produzir o Etanol e paga valor altíssimo pelo combustível em seu automóvel.
ResponderExcluirMuito bom os três parágrafos escritos. Digo que tomar as duas doses da vacina contra o novo coronavírus para mim provocou um efeito muito positivo e diria quase que libertador, pois naquelas doses, além de acreditar na ciência, ainda me fez ter fé que um dia poderemos voltar a quase normalidade. E viva a vacina! E a cana também!!!!
ResponderExcluirMuito bom,como sempre você é fantástico nas suas reflexões. Parabéns
ResponderExcluirSó não se conseguiu ainda vacina contra obscurantismo e boçalidade.
ResponderExcluirComo sempre, ponderações muito boas e colocadas com muito bom humor. Aliás, o que está salvando no brasileiro cabeça dura é o bom humor. Pena que, como comenta o Paulo, ainda não tem vacina para mau caratismo.
ResponderExcluirO comentário acima é meu.
ResponderExcluirAparecida Militao Kugelmeier