Utopias distorcidas

Os meus sonhos e utopias foram publicados pela CULT e causou alguma discussão (leia aqui). A colega trovadora Maria havia feito poesia com título semelhante - transmimento de pensação. O Acadêmico José Antonio Bittencourt Ferraz, que além do blog sobre filatelia e numismática (http://lorenafilatelia.blogspot.com/), possui outro sobre escritores do Vale do Paraíba, publicou o link para a revista (veja aqui). Grato, grato. Tudo aconteceu logo após a postagem da semana passada, daí não ter sido lá incluído. A parábola de apalpar um elefante, como lembrado pelo Paulo Viana, é a melhor forma de explicar nossa interação - ou falta dela - com o mundo atual e suas consequências. Tentemos elevar a mente para pensamentos mais nobres, que esses ainda são francos e livres. A Academia de Letras de Lorena realizou eleição para o novo biênio e figuro lá novamente na diretoria, mas o trabalho é feito pela presidente Neide Aparecida Arruda de Oliveira, secretária Olga Aparecida Arantes Pereira, tesoureiro Carlos Vitor Mailart, diretor de Ações Culturais José Augusto Vieira Domingues e diretor da biblioteca e arquivo "Ângela Maria Barreto" José Antonio Bittencourt Ferraz, sim, o mesmo filatelista e cultuador dos escritores vale-paraibanos. Sigo participando da Academia Campineira de Letras e Artes e do Instituto Histórico Geográfico e Genealógico de Campinas. Na lista está a União Brasileira de Trovadores - Seção Campinas que realiza eleição para o próximo período, de cuja chapa concorrente não participo e procuro colaborar com sugestões para a arte da trova.

Viagens espaciais deixaram de ser sonho há um bom tempo e o resgate da exploração de outros mundos voltou à pauta da ciência e dos empreendedores com o objetivo do conhecimento e da prospecção de novas moradas para nossa espécie. Chegamos em Marte mais uma vez e me regozijo da ação como se lá estivesse. Gordo e velho já não posso ser aceito para missões espaciais, ainda mais com os joelhos já em frangalhos, sem falar da memória e das relutantes sinapses cerebrais. Depois de alguns dissabores com chuvas de meteoros não vistas, pouso fracassado na Lua, correção das quantidades de fosfina encontradas em Vênus, agora é nosso vizinho Marte que está em evidência, com reais possibilidades de voos tripulados para lá em breve. Mesmo com minha vaga nessa viagem cedida para outra pessoa, é possível ver e interagir com tudo que está sendo transmitido do e sobre o planeta vermelho. Até me motivei a traçar a possibilidade do nosso coronavírus sobreviver à viagem interplanetária e chegar lá, relembrando A Guerra dos Mundos (Boletim Anti-Covid, edição 85, acesso por aqui ou, se depois de 27/2, aqui). Melhor especular sobre vírus alienígenas do que conviver com vermes negacionistas. #IniCiencias

O término da leitura da biografia de George Orwell causou algum abalo em mim, especialmente porque o autor, Richard Bradford, usou o terço final do livro, dedicado às obras 1984 e A Revolução dos Bichos, para fazer contrapontos atuais com o Brexit e as fake news propaladas por Donald Trump na vitória eleitoral sobre Hillary Clinton. Tanta realidade naquelas obras pretensamente utópicas aumenta a angústia. Fiz uma pausa antes de enfrentar outra obra pesada (A Organização, da Malu Gaspar) para saborear os contos de Conceição Evaristo (Olhos d'água), mas com profundidade e crueza de realidades ali descritas não muito distintas do que vivenciei com o livro de Bradford. Na mesma linha vai o aclamadíssimo Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior, ainda que eu tenha vencido somente um décimo dessa outra empreitada. Não há literatura leve, portanto. Que remexam em fundamentos do pensamento, isso é muito bom. Mas preciso de um respiro entre esses abismos da existência.