Desenterrando

Dia da Terra, lembra o google no 22 de abril. A efeméride deste ano é mais significativa pela pandemia de vírus&verme que atravessamos. Continuar em casa para o devido isolamento social é a única medida saudável que se pode fazer nesse momento, além de intensificar a higiene pessoal, especialmente de mãos e rostos. É data que também marca o início da ocidentalização exploratória do espaço de terra que viria a se chamar Brasil. Um dia de descobertas, pois. Descobrimos que o desmatamento da Amazônia atingiu valores recordes, colocando a já devastada região em perigo ainda maior. Descobrimos que a crença predomina sobre a ciência e vidas valem menos do que a economia. Como extinguiu-se o Estado Brasileiro, pouco resta a fazer. A hipervalorização do dólar e a negativação do preço do petróleo são outras espantosas descobertas, nem tanto pelos acontecimentos - esperados, talvez -, mas pela falta de aprofundamento de seus significados frente à globalização e ao próprio capitalismo. Existirá mesmo uma economia pós-pandemia? Por enquanto, continuamos a enterrar os mortos. #IniCiencias

A Unesp desembrenha material antigo de seus sites e está fazendo uma verificação em seus arquivos, suponho eu, pois ressurgem muitos artigos meus publicados há alguns anos, sobre temas variados, quando o assessor de imprensa à época era dinâmico e lançava ali e em suas redes sociais praticamente tudo o que produzíamos em termos de textos de opinião. Talvez algo seja apagado - não fui conferir -, removido da memória virtual daquelas páginas, mas que ainda resta nas cópias baixadas no meu computador. Os buscadores da hemeroteca digital de obras de um século atrás depositadas na Biblioteca Nacional são recheados de falhas, mas os do futuro podem se deparar com um passado apagado, pois não recebeu as tintas de impressão e não se perenizou na celulose do papel. Os bits e bytes da informação moderna registrados inicialmente em silício são mais voláteis do que os estampados pelo chumbo dos tipos móveis.

Desenterrando matérias daqueles jornais antigos, deparei-me com a notícia de um farmacêutico que desenvolveu vários achados, um deles um composto chamado de talquina, "o sucedâneo ideal dos nocivos pós-de-arroz", com várias propagandas ao longo da primeira década do século passado. Fora dos jornais, não há outros registros sobre o descobridor e seus produtos. Certos pensamentos estapafúrdios ou mesmo propostas indevidas podem vir a ser aceitos e virar regras. Imaginei a possibilidade de barreiras comerciais para compensar os países e regiões que respeitaram a quarentena. Não que seja uma proposta, mas, sim, uma questão para discussão, que foi apresentada em artigo publicado no jornal O Regional, de São Pedro (https://online.pubhtml5.com/yapw/aucm/#p=6) e desenvolvida em outro texto enviado para a Folha de S. Paulo. Difícil que sairá publicado e já me preparo para submeter ao site progressista Brasil 24/7, que acolhe múltiplas opiniões e de forma rápida.

Comentários

  1. As tintas hoje são voláteis, nos ticketes de recibo de compras, mesmo sendo algo crítico, na impressão de painéis "posters", é falta de qualidade e vergonha dos fabricantes. Além disso, pouco se lé em matéria impressa, infelizmente. Mas o futuro é importante para que conheçam nosso passado. Os CDs e DVDs são dados como de pouca duração porque? Ninguém explica. Eu dou minha versão, conferida por observação: os fungos atacam a camada refletiva, comem alumínio. Mas se poderia perfeitamente gravar aos bits com laser em metal diretamente, algo que sei possível e, embora mais caro, permanente.

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