Consciência

Um dos grandes desafios da ciência é a explicação bioquímica da consciência. Abusando do trocadilho, está a consciência sem ciência. Ainda. Essa condição que consideramos fundamental para definir o que somos é também a fonte da angústia e do medo de viver. Na minha opinião, é essa falta de explicação da consciência que nos leva a explicações mais simples - como as místicas e míticas - errôneas, equivocadas e fonte, per se, de outras angústias e decepções. O postulado da Navalha de Occam, segundo o qual a explicação mais simples, ou a que se baseia em menor número de pressupostos, é a mais próxima da verdadeira, esconde em si, de início, o falso pressuposto de que simplicidade se define igualmente para todos. Assim, para alguns, um dogma religioso será mais simples ou com menos pressupostos do que um lei científica. Para mim, com certeza não é esse o caminho. #IniCiencias

O dia foi de feriado da Consciência Negra, um pequeno momento de reflexão sobre todas as mazelas que a escravidão nos trouxe e continua nos trazendo na sociedade. No âmbito pessoal a solução para problemas psicológicos se dá principalmente pela discussão de tais problemas, começando por assumir que eles existam. De forma alguma sou eu a melhor pessoa para falar de psiquiatria ou psicologia e trago a reflexão baseando-me no que a boa literatura do assunto nos trás. Digo boa literatura para diferenciar de tanta porcaria de auto-ajuda que preenche boa parte das estantes físicas e virtuais. Assim vejo a questão dessa doença social, que foi abolida por lei escrita em 1888, mas presente e arraigada no país ao longo dos séculos pretéritos e presentes. Todos os indicadores mostram a segregação racial, com seus nefastos impactos econômicos, educacionais e na essência da cidadania. Muito cômodo para nós brancos tentar nos convencer que não tivemos culpa disso, que nossa geração é posterior à escravidão e que os europeus também chegaram e viveram aqui em condições semelhantes. Mais do que o silêncio, que já seria incriminador, ousamos questionar a existência do racismo, nos incomodamos com as políticas de inclusão e desprezamos a própria lembrança a Zumbi dos Palmares.

Numa mescla de consciência e subconsciência, ainda rascunho, como curioso, minhas inserções nos estudos de Sigmund Freud, estabelecida principalmente pela leitura mais dedicada à revista CULT. No mês de outubro a matéria de capa foi sobre suicídio e na edição anterior, a CULT tratou especificamente da psicanálise histórica no Brasil. Em carta não publicada para a revista escrevi que a mescla de política e loucura é antiga em nosso país. Tempos insanos estes que resgatam e repetem o passado em seus aspectos mais sórdidos. Conscientes ou não estamos repetindo a história como tragédia.

Comentários

  1. As várias faces da consciência abrem vasto campo a reflexão. Cada parágrafo, um livro inteiro. O blogueiro cumpre bem o papel de fazer pensar.

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