Cultura no fim de maio

A história de Campinas por meio de cartões postais. Esse foi o tema da palestra do Prof. Luís Eduardo Salvucci Rodrigues, promovida pelo Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas, realizada no CIS Guanabara (Centro Cultural da Unicamp), no último sábado. Uma manhã muito agradável que, além da cultura, nos trouxe um paradoxo físico, pois não percebemos o tempo passar. O professor Luís apresentou a coleção que possui e suas motivações profissionais e pessoais para explorar essa forma de documentação histórica, arquitetônica, urbanística e cultural. Uma foto marcante foi a tirada da atual Praça Carlos Gomes em direção à Catedral da Conceição, mostrando, de um lado, a região de - digamos - serviços sexuais da época, e, do outro, o marco católico principal da cidade. Cometi o impropério de afirmar que o contraste das finalidades de uso é superado pelo público que os frequenta, que é basicamente o mesmo! É de 1893 o primeiro postal brasileiro feito com fotografia e no acervo do Luís o mais antigo é de 1898. Houve também os postais editados em séries, cujo registro da primeira com fotos de Campinas - especialidade do professor - é de 1901.

Aprendemos que logo no advento dos postais, houve a prática da troca entre colecionadores, resultando em ampliação do conhecimento dos lugares do mundo, mas também de uma saturação. A França é o local de início dessa prática. A presença do francês na comunicação postal é histórica e, até hoje, nos ainda existentes envelopes de cartas, faz-se constar PAR AVION, junto à expressão 'via aérea' na língua nativa. Colecionadores de peso possuíam pronto um carimbo para registrar que o interlocutor não deveria mais enviar postais, pois encerraria a troca com determinada localidade por já possuir muitos exemplares de lá. Lembrei-me do tempo de adolescente quando participei de uma pirâmide de postais: recebíamos uma lista com seis nomes e endereços e tínhamos de enviar um postal para o primeiro da lista com os dizeres "desejamos a paz a todos os países do mundo", removê-lo, acrescentar o nosso ao final e entregar a nova lista para o maior número de pessoas. Em semanas estaríamos recebendo centenas de cartões! No meu caso, a pirâmide se limitou a me entregar quatro...

A cultura, ainda que ausente em ministério federal, encontra seus espaços, portanto. Em Campinas conseguimos assistir a concertos musicais, audições solos, de conjuntos instrumentais e de música clássica. Tais eventos, na maioria gratuitos, acontecem no Centro de Ciências, Letras e Artes, que acomoda as apresentações da ABAL - Associação Brasileira "Carlos Gomes" de Artistas Líricos -, nos remanescentes teatros, como o Castro Mendes, e também nas Academias de Letras. A pergunta que fica é: História e Cultura numa hora dessas? Sim, pois passadas as trevas da ignorância oficial, algo de civilização deve restar. Estejamos lá!

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