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Mostrando postagens de agosto, 2025

Não tenho roupa para a festa

Nos tempos de Faenquil, a Faculdade de Engenharia Química de Lorena, antecessora da Escola de Engenharia de Lorena, hoje um campus da USP naquela prestigiosa cidade vale-paraibana, estudamos os resíduos agroindustriais de várias maneiras. Certa vez fomos procurados por uma jornalista voluntariosa que queria investigar a possibilidade das fibras de bagaço de cana comporem tecidos finos a serem usados em desfile de modas. Ela tinha contatos e a ideia de compor uma bandeira - um pedaço de tecido que seria usado para costurar um vestido, por exemplo. Conseguimos um financiamento para bancar um pré-estudo que incluiu alunos de graduação. Batizamos a empreitada de "bagaço-fashion", não sem a devida ironia. Usando a semelhança fonética, dizia-se que eu era fashion: fechem os olhos para o que visto. O que de mim é visto não é o que visto. Nunca tive preocupação ou interesse para o vestir. Meus dois ternos são os mesmos comprados e usados pela primeira vez no casamento de meu irmão, ...

Narrando o imaginário

No final de semana foi a festa de aniversário dos 16 anos da Academia de Letras de Lorena (ALL), com excelentes palestras, bolo e o lançamento da coletânea contendo a produção de todos os integrantes de nossa entidade. Sumários acerca do acontecimento pipocam por aí e o caminho primeiro para ver as fotos e ler comentários é o Instagram ( https://www.instagram.com/academiadeletrasdelorena/ ). A parte musical ficou por conta dos Acadêmicos Guto Domingues e Joffre Capucho, que fizeram duetos e apresentaram o Hino da ALL, composto pelo Joffre e pelo também Acadêmico Luís Otávio Cardoso; vejam só, temos um hino! Meu artigo na coletânea relata a história deste jovem Blog dos Três Parágrafos, com seus frutos, acidentes, agruras e a conclusão de que é meu principal lugar de fala e de refúgio. A narrativa que empreguei foi a mais próxima da realidade, mas, escritor que todos somos, o imaginário adentra toda e qualquer página escrita. Por isso preciso atualizar o Blog, pois quero ficar pronto pa...

Escolha de palavras

Cada palavra possui um significado único. Mesmo no caso de sinônimos, a escolha entre um e outro leva em consideração uma série de vontades e verdades pessoais, fato que os dicionários escondem. Há vocábulos efêmeros, que simbolizam acontecimentos momentâneos que o tempo apaga. E existe o que é sem ter um rótulo específico. O que há algum tempo tem sido denunciado pelo mau uso das redes sociais envolvendo crianças, ressurge com o nome de adultização, termo que aparece já no final dos anos 1960, sendo mais frequente nos anos 1980, mas sem constar dos dicionários até hoje. Curioso que o verbo do qual é originário não aparece em consulta à hemeroteca digital da Biblioteca Nacional. Ou seja, Aurélio e Houaiss não se interessaram por aquilo que representava a supressão criminosa da infância de crianças. Sérgio Rodrigues, na Folha de S. Paulo, é quem está atento ao jogo de palavras no qual estamos inseridos, mesmo sem o querer. Além da adultização, dia desses ele falou da origem da traição, ...

Felinicidade

Gatos é o assunto, pois sua felinicidade é contagiante. Somente após os 40 anos é que passamos a ter gatos em casa. Ou melhor, eles chegaram aqui para ficar. Na casa de meus pais, minha irmã teve um gato quando criança, mas era o Xaninho dela, que a esperava quando chegava da escola, escondido em locais diferentes a cada dia. O gato é esperto e instigante e creio que por isso tem sido associado a questões esotéricas e até científicas de difícil compreensão. As bruxas sempre tinham um felino por perto - adoráveis sejam todas essas 'gatas' - e Schroedinger usou um bichano para ilustrar seu conceito de superposição quântica. O oráculo do google diz que neste 8 de agosto foi o Dia Internacional do Gato. Aqui em casa, todo dia e o dia todo é do gato. Dos gatos, já que são quatro felinos que convivem com os quatro humanos e a cachorra. Sem contar o Sassá, o saruê que por vezes adentra a área de serviço para comer a ração dos gatos. Os macaquinhos ficam mais longe, no muro, alimentand...

Vale de sorrisos

O resumo do encontro vale-paraibano de academias culturais de semana passada gerou comentários, elogios e alguma apreensão pelo que escolhi dizer - e pelo que omiti ( https://adilson3paragrafos.blogspot.com/2025/07/encontro-de-academicos.html ). O espaço é um dos limitantes, pois o mundo cibernético é supostamente ilimitado até chegar ao cansaço do leitor. Entenda-se aqui como leitor aquele que consegue vencer a barreira das primeiras três linhas, elemento raro no mundo moderno, em que apenas a lacração de títulos é que dá cliques e 'engajamento'. Deixei de fora, por exemplo, falar do querido professor Alexandre Barbosa, que está debilitado, em tratamento médico, e, mesmo assim, compareceu em cadeira de rodas no evento para apresentar os dois volumes já lançados sobre os perfis de escritores vale-paraibanos, que ainda não consegui adquirir. Na festa de aniversário da Academia de Letras de Lorena, daqui a duas semanas, assim o farei. Também deixei de mencionar o jovem Acadêmico ...