Tempo não é dinheiro
As ferramentas da chamada inteligência artificial (IA) são assustadoras. Sabemos que o computador não é capaz de criar, mas é um espanto a velocidade com que a programação feita com ele consegue escarafunchar o mundo cibernético e encontrar respostas para o que perguntamos. Velocidade que inclui a comparação entre diferentes respostas já dadas e escolher a melhor, além de elaborar textos por meio dessas comparações. Trata-se de uma cópia aperfeiçoada, que está muito difícil de ser verificada. Até versos podem ser elaborados por meio da IA. Existem pesquisadores em literatura que estão analisando essa capacidade da ferramenta, inclusive na construção de poemas inéditos imitando o estilo de determinado autor. O professor Paulo Franchetti tem analisado essas proezas em seu perfil no Facebook (https://www.facebook.com/paulo.franchetti) com resultados instigantes. Mas voltemos à natureza da IA: é uma ferramenta que copia e reescreve o que copiou de forma quase instantânea. Rapidez, é disso que se trata, pois chegaríamos às mesmas e muito mais criativas respostas, caso tivéssemos tempo. Dinheiro até é possível fabricar, mas não o tempo.
O mundo capitalista nos forçou a expressões e pressões da esfera financeira para balizar nossos comportamentos. Dizemos que tudo em uma negociação é moeda de troca, que tempo é dinheiro, também que o cachorro é o melhor amigo do homem porque não conhece o dinheiro, e por aí vai. Pagamos o preço do sistema social e não nos damos conta do quanto vendemos de nossos princípios para aceitar a convivência. O preço da verdade é o voto dado e o lucro individual acompanha o prejuízo coletivo. O orçamento é secreto para quem o provê de recursos, mas é explícito para quem é beneficiado, pois o poder emana do povo votante. Outras coisas emanam de tais meios - o que o nariz não sente, o bolso acalma. A dor mais intensa vinha dessa parte do corpo, pois era de base financeira, isso antes da medicina avocar o curandeirismo de remédios para vermes usados contra vírus, explicitado em seus órgãos de controle. Não, nem todos os médicos são assim negacionistas, uma minoria, espero com meu gratuito desejo.
Não sei se funciona bem o aforismo de dizer que o tempo é o senhor da razão, mas que ele é pouco para o muito que gostaríamos de ser, isso é verdade universal. Ser é existir e existir é uma ação que demanda tempo, muito tempo. Cada um tem seu tempo para lidar com as situações e é inexorável que uma solução haverá, mesmo que seja ao fim dos tempos, ao fim da vida. Outra grandeza humana e universal é o espaço, o que me leva a uma digressão que espero não ser agressiva. Dividimos nosso espaço com o tempo ou por ele e chegamos à velocidade, fórmula básica da cinemática, outro parâmetro tenebroso da modernidade, incluído no parágrafo "inteligente" acima. Temos de multiplicar o tempo, não dividi-lo. As fórmulas físicas que conhecemos sempre dividem algo pelo tempo. Busquei na memória e no google equações que envolvem o tempo nos cálculos e apenas divisões foram encontradas. Pelo jeito, tempo eterno é uma falácia e se quisermos expandi-lo somente viajando perto da velocidade da luz. Olha ela aí de novo!
O tempo é coisa da 3ª dimensão. O aqui-agora é atômico e infinito, um só momento. Quando não percebemos o tempo passar, são os nossos melhores momentos de tempo.
ResponderExcluirNão é somente a morosidade que nos diferencia dos computadores. Máquinas são, ainda, desprovidas de criatividade, que podem apenas emular. Criatividade de máquinas sempre será perceptível a olhos humanos, ainda que nos pareçam mero papagueamento de autores conhecidos.
ResponderExcluirÓtimo ensaio, colega Adilson!
Não mais... a máquina já é capaz de compor pinturas e músicas (inclusive para orquestras) sem que o humano consiga distinguir se foi criada por humano ou máquina.
ExcluirPonderações que instigam a pensar e responder. Como o tempo é curto para ambas, vamos direto ao assunto? Negar, peremptoriamente negar o que der pra negar, dessas coisas que enchem o saco e inventam só para, possivelmente, ganharem dinheiro em cima de nós sofredores. Ainda bem que tenho 62 anos e posso negar, acho, um monte de coisas. Vou negando o que dá, e tocando a vida. Talvez dê para ir até o final dela negando muita coisa. Tenho minhas dúvidas, mas o que posso fazer, senão negar o que der? Mas tenho muita pena dos que estão começando agora, e não têm como negar. Estão na competição que começa para eles, o viver com isso tudo aí... Deve ter sido ruim assim nos piores tempos da Antiguidade e da Idade Média, mas não éramos 8 bilhões no planeta... e não tínhamos IA...
ResponderExcluirMédicos negacionistas poderiam ser bons exemplos de burrice artificial. (PSViana)
ResponderExcluirInteressantes temas. Não morrem na leitura... Instigam ao pensamento e à investigação... se houver tempo para tal.
ResponderExcluirDa IA... eu tenho medo! Talvez um medo que seja fruto da ignorância sobre o assunto.
Maria Felim
A máquina já é capaz de criar, através de machine learning, redes neuras e computação evolutiva. Ela aprende e produz comportamento emancipado. Evolui sozinha.
ResponderExcluir