Inteligências múltiplas

A mente é algo fascinante pelo que consegue criar, sentir e pensar. Somos corpo e mente, de forma indissociável e a máxima de Juvenal perde o sentido na essência de nossa natureza (mens sana in corpore sano). Vivemos a consciência do pensamento e é uma das funções fisiológicas (a consciência) que ainda não possui uma bioquímica conhecida. Deve haver uma explicação para que ela exista; nós é que não descobrimos, o que leva alimentar a vida paralela de muitos, com fundamentos míticos e místicos. Nossa fragilidade filosófica não pode ser responsabilizada pelo mundo mágico e sobrenatural que criamos para justificar nossa consciência da efemeridade. Por outro lado, há portadores de mente que não dão importância para o que possuem ou fazem pouco caso dessa circunstância. A mesma mente cria conflitos, propaga ódios e refuta o amor. Se tudo é inteligência, jocosamente podemos dizer que está aí a mais mensurável das constantes universais: a inteligência seria constante, o que muda é o número de pessoas. Continha de divisão simples para entendermos o motivo pelo qual tanta desinteligência existe.

Somos e fomos todos inteligentes, numa evolução progressiva pelo que os registros arqueológicos indicam. Uma estimativa diz que já nasceram e viveram neste planeta 108 bilhões de pessoas desde o surgimento de nossa espécie, o Homo sapiens. Outro cálculo indica que já foram 117 bilhões. Sendo estimativas, vemos que já passaram por estas terras mais de 100 bilhões de organismos praticamente idênticos aos nossos. É muita matéria transformada e provavelmente carregamos bilhões de átomos de todos esses nossos antepassados em nossos corpos. E foi muita energia transferida de umas vidas para outras. Mas minha dúvida é se, a la Émile Durkheim com seu conceito de consciência coletiva, existiria uma inteligência que seria de todos nós e que seria somatória ao longo da evolução, contrariando o pressuposto do parágrafo anterior. Mas se for o caso de inteligência constante, com matemática simples, dividido o todo pelas partes, aumentando as partes, diminui o resultado, certo?

A evolução humana pode chegar à incorporação do que se chama inteligência artificial (IA) em um corpo. Dan Brown ficcionou a ascensão da IA no livro Origem, de 2017. O pesquisador brasileiro Miguel Nicolelis diz que não há IA, apenas uma máquina que copia rápido, como já escrevi antes. Ele trabalha fortemente na integração cérebro-máquina, decifrando a natureza elétrica das sinapses que levam à memória e, talvez, também à consciência. É um cientista que fala verdades inconvenientes, muito respeitado e que apresenta resultados, fazendo pessoas que tiveram interrupção das conexões neurológicas voltarem a se locomover, por exemplo. A não existência da IA, por outro lado, causa irritação nos que a defendem. Nexus de Yuval Noah Harari vai tratar do assunto também, incluindo a "evolução" das redes sociais e como a sociedade da informação parece ser o que nos define hoje. Ganhei o livro de amigo secreto no Natal, mas ainda nem tirei da embalagem. Por fim, emblematicamente iniciei esta escrita no dia de Darwin, antecedendo o dia do rádio. Quanta ciência e tecnologia resumidas nessas duas datas.

Comentários

  1. Excelentes considerações. A IA me assusta, mas me assusta ainda mais a falta de inteligência que vem grassando no mundo - involuntaria ou propositalmente!

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